Cap. 12

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Bernardo

Nós tínhamos tudo sobre controle, porém Bill e Diego ( os mais experientes, diga-se de passagem ) se distraíram em busca dos reféns e nos deixaram cuidando dos caras.

Nem sei como mas quando dei por mim, eles estavam com as nossas armas nas mãos. Não é atoa que nunca ganhei uma briga na escola, mesmo sabendo alguns golpes, não tive sucesso. E Renan e Leonardo também não. Nos machucamos e agora estamos entre a vida e a morte.

- O que pensam que vão fazer? - disse Bill de volta a sala.

- Matar seus amiguinhos. Se quiser podemos matar vocês primeiro. - um deles disse olhando para ele e Diego.

- Tá zoando né? - Diego zombou.

- Não. Passem as armas e se juntem aos seus amigos, vamos descobrir quem são vocês agora mesmo!

Bill e Diego entregaram as armas, indignados com o fato do plano ter dado errado.

Ao se juntar a nós começaram a resmungar.

- Tudo teria dado certo se não fosse esse vacilão do Bernardo! - Diego falou se sentando no chão ao meu lado.

- Nem vem! Você e esse seu "amigo" - fiz as aspas com as mãos - é que nos deixaram sozinhos para cuidar deles!

Ouvimos um barulho de tiro e todos voltamos a atençãos aos caras.

- Tão imbecis que nem união entre vocês têm! - o que atirou no teto disse.

Ouvimos outro barulho e dessa vez a cena que eu estava participando, achei que nunca viveria para presenciá-la.

A porta tinha sido arrombada e Bárbara com o rosto coberto, segurava uma metralhadora, apontando para os quatro homens, ela disse:

- E a união de vocês não vai valer de nada agora... A não ser que queiram morrer juntos!

Essa garota é maluca mas... Salvou nossa pele.

Os caras assustados jogaram as armas no chão e colocaram as mãos para cima, sabendo que se não fizessem isso, com apenas uma puxada no gatilho estariam mortos.

- Bill vem cá. - Bárbara disse.

Ele se levantou e foi até ela.

- Toma conta deles, vou procurar os reféns. - entregou a metralhadora a ele.

- Claro, meu amor.

Ela foi até onde os caras estavam, pegou uma das armas do chão e deu um tiro no teto.

- Por enquanto foi no teto, se tentarem algo... Chamarei seus rostos de teto!

Tenho que adimitir... Bárbara impõe medo.

Então ela sumiu de nossa vista, um tempo depois voltou com os reféns.

Um alívio percorreu pelo meu corpo, Kath e seu Antônio estão salvos.

Saíram da casa, provavelmente Bárbara levou eles para o carro.

Quando ela voltou o clima continuava tenso.

Ainda armada, mandou que nós quatro fôssemos para o carro enquanto ela e Bill resolviam a situação.

Assim que nos levantamos, um dos caras pegou uma arma do chão e atirou na nossa direção. O tiro pegou de raspão no braço de Léo. Ouvi seu grito de dor.

- Ah seu desgraçado! Agora vai pagar por isso!

Quase que num piscar de olhos, ela atirou nele com a arma que tinha pegado antes de salvar Kath. Foi um tiro certeiro, e o cara caiu no chão morto.

Tentei disfarçar mas estava apavorado. Ela matou um homem! Na minha frente! Nunca pensei que veria um assassinato.

Eu só quis sair dali, e os meninos também.

Pouco tempo depois estávamos todos no carro. Léo aninhava Kath, mesmo com o braço machucado, ela chora por ele ter feito tudo isso para salvá-la e o beija.

Nessa hora sinto uma saudade enorme de Melissa. E o peso na consciência de mentido para ela vem a todo vapor.

Melissa

Estou enlouquecendo.

Desde que os garotos saíram de carro que não tenho nenhuma notícia deles.

Dona Olívia só chora, Mari e eu tentamos pensar em uma solução. A única que me veio a mente foi vender o meu carro. O que sempre foi usado por mim para dar passeios, sei que posso trabalhar e conquistar isso novamente. Se tem uma coisa que não sou, é ser materialista.

- Então vamos fazer o seguinte: Vou ligar para minha mãe e pedir a ela para cuidar da venda do carro. Nós vamos acalmar Dona Olívia e amanhã tudo será resolvido. - falei para Mari.

- Ótimo. Vou fazer uma pipoca para a gente. Ligue para tia.

Fui até a varanda e liguei para minha mãe pelo celular de Bê que já estava carregado. Expliquei tudo a ela, que me assegurou que teremos o dinheiro amanhã.

Depois voltei para perto das duas que comiam pipocas e tomavam suco.

- Eu coloquei um calmante no suco. - Mari babulciou para mim enquanto eu me sentava perto dela.

Sorri e disfarcei.

- Está tarde, não é mesmo? Acho que vou dormir aqui hoje, posso?

- Claro menina! Ligue para o seu namorado e veja se está tudo bem. - a mãe de Kath disse.

- Eu já liguei. Está tudo ótimo. - menti.

***

Quando Dona Olívia adormeceu no sofá, finalmente puxei Mari para a cozinha.

- Eles não chegaram até agora!

- Mas você disse que estava tudo ótimo, Mel!

- Eu menti. Não queria desesperar ainda mais a mãe de Kath!

- Entendo...Aí meu Deus do céu! Será que meu noivo está bem? - olhei para ela com um olhar fusilante -  E o Bernardo e o resto do pessoal também, é claro! - ela se corrigiu.

Ouvimos uma buzina na rua, e juntas corremos para espionar da janela. Era o carro de Renan.

Corremos e abrimos a porta.

Vi todos eles descendo do carro, inclusive Kath e Antônio, os garotos estavam machucados e meu sangue ferveu.

Mari foi de encontro a Renan e começou a ter uma discussão. Eu fui direto para Bernardo. Kath estava sendo acolhida por Léo e Diego.

- Vocês foram escondidos salvar eles?

- Mel, eu...

- Eu nada! Não quero ouvir suas desculpas! Você me prometeu Bernardo! Prometeu! Promessas não devem ser quebradas! Como você pode fazer isso comigo. - as lágrimas ardiam em meus olhos.

- Mel me desculpa, eu precisei fazer isso! Era a única saída. - ele me abraçou.

Coloquei as mãos no rosto para esconder um pouco o choro.

- Então toda vez que precisar você vai mentir para mim? Vai me esconder as coisas?

Ergui os olhos para encarar sua expressão. Eu sabia que ele estava sofrendo, que tudo que ele queria era que eu o abraçasse e dissesse que tenho orgulho de sua coragem. Mas eu não posso fazer isso. Não posso passar por cima dos erros dele toda vez e dizer apenas: Eu entendo.

Bernardo precisa aprender a lidar com as consequências de seus atos.

- Meu amor, me perdoa. Por favor! - ele disse pegando minhas bochechas com as mãos.

- Não. Dessa vez eu não vou bancar a compreensiva!

Me afastei dele, olhei em volta e vi que estávamos a sós. Renan e Mari tinham entrado em casa junto com o pessoal.

- Vai embora... - falei com uma tristeza gritante dentro de mim.

Com as lágrimas escorrendo corri para dentro da casa de Kath, sem nem olhar para trás.

Construindo Minha História 3 -  O Fim é apenas o Começo!Onde histórias criam vida. Descubra agora