Cap.4

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Katherine

Chegamos na casa da minha sogra, e parecia que eles nem sabiam que eu ia almoçar lá.

A casa estava em plena desordem. Almofadas do sofá jogadas pelo chão, porta-retratos da família quebrados, e... Um grito?

Era isso mesmo...Um grito!

Dona Clarice estava gritando, eu não conseguia entender o que ela estava dizendo pois o quarto no qual tudo acontecia estava trancado.

Léo entrou em desespero, olhou para mim como se quisesse que eu encontrasse a solução, mas o que eu podia fazer?

Enquanto ele batia desesperadamente na porta do quarto e gritava para que seja lá quem estivesse lá dentro abrisse, eu analisava toda a cena.

Tudo levava a uma briga de casal. Os porta-retratos deixam isso bem evidente.

Um pequeno papel perto do tapete da sala me chamou atenção, me abaixei para pegá-lo e levei minhas mãos à boca devido ao susto.

Era um bilhete que dizia: Não esqueça do remédio para sua esposa...Ela não ia gostar de me ver por .

Ok. Não havia nada explícito aqui, mas milhares de hipóteses se passavam pela minha mente. Será que Antônio tinha outra família? Sempre achei meu sogro meio estranho...

Joguei o papel para debaixo do sofá rapidamente e voltei minha atenção para Léo.

- Amor...Para! - abracei ele com força, meu namorado estava irado.

- Me solta Kath. Eu vou arrombar essa porta! Por quê minha mãe tá gritando?

- Por favor...Para com isso! - gritei mas percebi que não adiantava - Se ficarmos quietos e fingirmos que fomos embora talvez abram a porta. O que acha? - sussurrei esperando que ele me entendesse.

- O que acho? Eu quero ver minha mãe agora!

Nesse momento ouvimos um barulho que eu nunca tinha ouvido na minha vida, parecia que alguém estava brincando com alguma bombinha, mas ouvi mais gritos do quarto. E sem pensar duas vezes, dei uma rasteira no Leonardo.

Maluca? Talvez. De onde eu tirei essa força? Acho que ele é que não esperava por isso.

Quando ele estava no chão, me agachei e disse:

- Vamos nos esconder, rápido!

Engatinhamos até perto da estante da sala. Como ela ficava praticamente num "L" de parede, dava para se esconder atrás dela.

- Empurra! -gritei.

Leonardo me obedeceu. Acho que o desespero estava ajudando.

Quando estávamos atrás da estante. Falei:

- Agora puxa! Ou vão perceber que estamos aqui!

Ele fez o que eu pedi, nos sentamos no chão daquele pequeno espaço, eu deixei que ele ficasse em meus braços e tentei acalmá-lo.

- Por favor, fica quieto! Não fala nada.

Ele não respondeu. Suas mãos estavam fechadas em punho. Meu namorado estava irritado, não sei porque mas parecia que algo assim já havia acontecido, o desespero dele era pela mãe, não pela situação.

Seja lá o que for, essa não é uma boa hora para fazer perguntas.

Permanecemos quietos, e um silêncio perturbador permaneceu na casa por uns dois minutos. Depois...Um caos total!

Deu para ouvir a porta do quarto se abrindo, por uma fresta do nosso "esconderijo" a cena que vi foi horrível...

Lembrei do dia em que Diego participou daquele crime, que eu presenciei e acabou preso. O desespero começou a me consumir mas a única coisa que fiz foi tampar a boca de Léo e agarrá-lo com toda a minha força...

Leonardo

Não acredito que estou vivendo essa confusão de novo! Meu pai parece que não aprende nunca!

Minha mãe sempre perdoa os erros dele, nós recomeçamos a vida em família e ele estraga de novo...

Para os outros somos uma família feliz e bem sucedida, mas só nós sabemos por quantas coisas ruins já passamos e quão difícil é ter que viver de aparência.

Eu ainda não contei este lado da minha história para Katherine, porém sei que agora não posso mais esconder, e confio o suficiente para que ela saiba. Sei que vai entender.

Ver ela cuidando de mim mesmo estando assustada, o que eu sei que está... Me faz sentir uma sensação diferente.

É algo reconfortante para o meu coração, é como se no meio do incêndio aparecesse um bombeiro para tentar apagá-lo. Kath neste caso está tentando acalmar a raiva que estou sentindo... E de certa forma ela consegue.

Mas a cena que estamos vendo, e ouvindo, me dá vontade de levantar e resolver tudo de uma vez.

- Vou ligar para a polícia Léo.

- Não!

- Por quê?

- Isso já aconteceu outra vez. Eu sei porquê eles estão aqui. Se chamarmos a polícia estaremos colocando a vida da minha família em risco.

Somente eu e Kath podíamos ouvir um ao outro...A sala continuava num caos total. Meu pai tentando convencer eles a abaixarem as armas.

Minha mãe chorando, gritando e tentando convencê-los também. Dinheiro sendo entregue mas não trazendo satisfação para aqueles quatro homens de preto...

- Isso já aconteceu outra vez?

Kath diz olhando para um ponto fixo na parede como se tivesse perdida em seus pensamentos.

- Infelizmente sim...Quando tudo isso acabar eu te conto toda a verdade.

- Não precisa contar, se não quiser.

- Eu confio em você. - sussurrei perto do ouvido dela.

Minha princesa deu sorriso leve, que logo se desmanchou com o barulho que ouvimos em seguida.

Tentei espiar mas Kath não queria me deixar ver.

Teimoso eu consegui afastá-la e ver o que estava acontecendo.

Quando vi minha mãe chorando e seu braço esquerdo sagrando.

Minha visão ficou embaçada, senti uma ira subir dentro de mim e não tive dúvidas do que faria a seguir.

Eu mesmo vou resolver essa palhaçada!

Construindo Minha História 3 -  O Fim é apenas o Começo!Onde histórias criam vida. Descubra agora