Cap. 28

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Melissa

É inacreditável estar neste avião.

Kath e Léo estão bem felizes, sentados perto de mim. É chato ficar de vela, mas minha amiga ia fazer isso, então não custa nada retribuir o favor.

Nunca viajei de avião, e tenho que admitir que estou morrendo de medo, posso parecer normal por fora... Por dentro estou parecendo aquelas patricinhas quando vêem uma barata voadora. Isso mesmo, estou desesperada. Não vejo a hora de colocar meus pés em terra firme novamente.

- Mel, você está bem? - Kath perguntou, enquanto seu namorado acariciava suas mãos.

- Estou, só um pouco ansiosa. E vocês? Felizes por estarem juntos?

- Nem imagina o quanto! Eu estava morrendo de saudades da minha princesa!

Eles são muito fofos juntos, dá para ver pelo brilho nos olhos deles que se amam de verdade. Será que Bernardo e eu somos assim? Será que os outros percebem que nos gostamos?

Quer dizer, minha melhor amiga não parece em nada com o namorado, muitas pessoas olham com preconceito. Já eu me pareço com o meu amor. Só que, se eu chegar lá e tudo tiver mudado entre nós?

Se eu não sentir àquele frio na barriga ao saber que ele vem em minha direção, se eu não sentir um pequeno calor com o seu toque, ou se eu não sentir paixão ao beijá-lo? O que faremos?

Bom. Prefiro nem pensar sobre isso! De todas as formas, vivi momentos maravilhosos com ele, e sempre alimentarei minha alma de boas lembranças ao seu lado.

Peguei minha bolsa verde com listras brancas, abri o zíper do bolso maior e retirei de lá algo que me fará lembrar de muita coisa, e ter um pensamento positivo.

O "livro" que ele me deu para que eu continuasse, Bernardo nem sabe, só que enquanto esteve longe, fiz alguns textos, frases e colei fotos nossas. Ao folhear um sentimento de alegria me transbordou.

Ver nossos rostos felizes nas fotos, não me deixa dúvidas de que somos apaixonados. Tem fotos daquele dia do Teatro da escola, do dia em que nós saímos pela primeira vez, o dia que ele me pediu em namoro, o último dia de aula...

É... Vivemos muitas coisas juntos, já reparou que o tempo nem liga para nós quando estamos com alguém que amamos? Ele voa. E mesmo tendo tantas boas lembranças, eu quero mais. Quero mais momentos, mais gargalhadas, mais beijos, mais fotos, mais amor. Que Bernardo para o resto da vida.

Isso é assustador, mas encantador ao mesmo tempo. Aliás o amor é assim, às vezes machuca, às vezes cura, às vezes avassalador, às vezes silencioso, sempre perseverante e nunca falso.

***

Acho que acabei adormecendo, Kath acabou de me cutucar para que eu acordasse.

Rapidamente guardei o livro na bolsa, e esperei até desembarcar. Quando finalmente vi o céu longe de mim, e o chão perto, consegui respirar normalmente.

Pegamos nossas malas, que não foram muitas pois não iremos ficar por muito tempo, e seguimos para o hotel que conseguimos reservar.

Confesso que foi difícil se virar num país onde não sei o idioma predominante, mas ainda bem que Leonardo sabe!

Chegando no hotel, coloquei minha mala do lado da cama. Enquanto Léo se ajeitava num pequeno sofá e Kath na outra cama, é de casal, só que pelo que sei eles não vão dormir juntos. Minha melhor amiga é do tipo tradicional, e eu tambem. Quer dormir junto? Case.

- Então, onde ele treina? - perguntou curioso.

- Bom, eu entrei no site da Universidade e peguei o endereço. Podemos passar lá e perguntar. Mas acho que o treino já acabou. - falei e peguei celular que tocou.

- Não! Isso é uma péssima ideia! Atender ele aqui vai lhe custar uma fortuna. - Kath me alertou.

- Verdade. Tenho que vê-lo, para que durma bem e tenha um ótimo jogo.

- Sem querer ser indelicado, mas já sendo... Sua família te deu alguma grana? - Leonardo disse e foi beliscado pela namorada.

- Calma Kath. - sorri - Sim, eles me deram. O que sugere?

- Vamos alugar um carro e ir a Universidade.

- Ótima ideia! Não é longe daqui. Esse hotel não foi o escolhido atoa.

- Vamos nessa!

Só quero ver a expressão de surpresa de Bernardo ao saber que vim ver ele. Como será que vai reagir?

Bernardo

O treino foi cansativo, e para completar alguns caras não respeitaram o nosso treinador, o que levou a penalidade: Limpar a escola. A faxineira deve estar pulando de alegria!

- Evelyn, você não tem que fazer isso. Nem é do time. - falei para que ela fosse embora.

- Eu sei, só que eu quero e vou! Vem vamos pegar logo as vassouras antes que sobre o pior serviço.

Ela entrou na pequena sala onde fica os materiais de limpeza e eu a segui, não queria estar aqui de jeito nenhum. Meu desejo era estar no meu dormitório, descansando.

- Não alcanço os sacos de lixo! Eles deixaram em cima deste armário.

- Eu te ajudo. - disse e peguei sem dificuldade.

Assim que fiz isso, ouvi um barulho, a porta bateu. Corri e tentei abrir. Droga!

- Está trancada! - Evelyn disse como se eu não tivesse percebido.

- E agora? - gritei furioso.

- Não adianta se estressar, temos que esperar alguém vir até aqui e nos libertar. - riu ironicamente.

Permaneci calado, meu dia está péssimo, tentei ligar para Melissa mais cedo e ela não me atendeu, estou todo suado e agora trancado nesta sala pequena que nem ventilador tem, com a Evelyn. Acho que não tem como piorar.

Um bom tempo se passou, o treinador tentava arrombar a porta, pois a chave quebrou dentro da fechadura. ( Eu já disse que não tenho sorte? Pois é, não tenho.) Enquanto isso os outros do time ficavam perguntando do outro lado da porta se estávamos bem.

- Se importa se eu tirar a camisa? Estou morrendo de calor.

- Claro que não,vou tirar essa também.

- Não! - falei cauteloso.

- Relaxa estou com uma blusa fina por baixo. - ela me acalmou.

Foi então que o treinador conseguiu abrir a porta, e no meio de tantos homens suados, eu vi Melissa que ao ver a cena, tampou o rosto e saiu correndo.

Construindo Minha História 3 -  O Fim é apenas o Começo!Onde histórias criam vida. Descubra agora