Por que infinito?

Fatos

Estou me contorcendo para que ele me conte logo o que está acontecendo, será que ela está bem? Será que ela vai morrer? Não, ela não pode morrer, eu não quero ficar sozinho e nem nada desse gênero, o nível de gravidade é muito alto.

- Senhor?

- Sim- olho para ele voltando à realidade.

- O senhor ouviu o que eu lhe disse?

- Não, pode repetir para mim, por favor?

- Claro, eu lhe disse que sua mãe está bem, e que ela já poderá voltar para casa em poucos dias, só precisamos fazer alguns exames e conferir se não deixaram nenhum trauma ou algo do tipo.

- Obrigado, é bom receber boas notícias.

- Disponha senhor, mas se me dá licença...

- Ah, desculpe, toda.

O médico se retira da sala e fico um pouco melhor, mas ainda não quero ficar melhor desse jeito, não quero estar melhor sozinho, vou atrás de Jenn pelo hospital, a encontro pouco tempo depois no refeitório do hospital. Quando ela me vê é como se viesse desfilando em minha direção, cada dia que eu passo longe dela não se torna mais um bom dia, eu quero ter mais dias com ela, mas ainda quero aprender a amar, e também quero aprender o verdadeiro significado dessa palavra.

Quando ela chega onde eu estou, ela me surpreende com um beijo, mas não um beijo qualquer, era como se sua boca tivesse um ímã que não deixava a minha boca se distanciar da sua, eu não entendo mais o significado de solidão com ela aqui, mas será ela a pessoa que me fará acreditar nesse tão falado infinito? Será que finalmente eu poderei acreditar nele?

- E ai?- ela me pergunta de uma maneira mais feliz. - como sua mãe está?

- Está melhor, o médico disse que daqui a poucos dias ela poderá voltar para casa.

- Que bom.

Nesse momento ela me beija mais uma vez.

- Quer ir ao quarto dela vê-la?

- É melhor eu deixá-la descansar um pouco, creio que essa é a melhor forma de ela se recuperar mais rápido.

- E então o que fará? Esperará ela se recuperar aqui?

- Não sei.

- Como assim não sabe?

- Acho melhor você decidir as coisas dessa vez.

- Mas sempre sou eu que decido mesmo, isso não tem diferença.

- Não é sempre você nada.

- Cala a boca e assume logo- nesse momento ela me beija.

Quando ela me solta dou uma reparada que o hospital todo está nos olhando.

- Então... - ela diz- vai assumir agora?

- Posso assumir em um lugar mais reservado que um hospital?

- Você não está com vergonha por que o hospital todo está olhando você beijar uma linda modelo? E você é apenas um nerd barato retirado de uma lata de lixo- quando ela fala isso o hospital todo, mas todo mesmo vira em nossa direção.

Eu não aguento, eu não aguento isso, saio o mais rápido dali para não mostrar a minha vermelhidão. Eu estou atualmente que nem um pimentão. Jenn vem atrás de mim meio risonha, não sei como esses micos não a afetam, será que tem algo que consiga a deixar com vergonha? São questões desse mundo que eu ainda tento entender e quero achar respostas o mais rápido possível.

- Você tem que parar de ser tão vergonhoso assim, você acha que ficando desse jeito vai mudar alguma coisa?

- Não sei, você pode me dar uma certeza sobre isso?

- Posso te dar mais um murro na cara pra você parar com esse seu drama e sua frescura.

- Cadê a discípula do amor e da paz?

- Deve ter ido passear num emboiolado jardim de tulipas e margaridas.

- Às vezes você poderia ser um pouco mais feminina né.

- Eu sou feminina, quando eu o beijo é uma maneira de eu ser feminina, ou lésbica.

- Eu não sou uma pessoa afeminada, eu sou apenas um romancista.

- Uhum, sei.

- Então você nunca saberá onde está a caixa de bombons que eu comprei e escondi para te dar de presente.

- Me fala?- ela faz uma cara de chorona.

- Não.

- Por favor.

- Não.

- Eu não queria mesmo, chocolate engorda e eu estou de dieta também.

- Ok.

- Me fala vai.

- Vou pensar, mas e ai aonde vai?

- Vamos ao parque de diversões, você precisa se distrair um pouco.

- Sério?- olho com uma cara de uma criança babando por um presente novo.

- Uhum- ela pega minha mãe e me leva para a saída do hospital.

Os fatos que temos que ter é que até mesmo a escuridão necessita da luz, assim como a luz necessita da escuridão, pois todos os seus fatos já estão interligados no nosso destino.