Visão Renesmee
Acho que meu coração parou de bater por meio segundo.
Ainda era possível sentir o minúsculo ponto que fora cutucado dentro do meu ventre. Uma súbita carícia que me trouxe de volta. Soltei minha respiração que se encontrava presa e visualizei o embaraço de caminhos e corredores ao meu redor. Optei pelo lado oposto de onde tive a impressão de ver o vulto de Jane e segui ainda meio embasbacada em direção a recepção. Eu estava sentindo-me meio grogue, estranha. O sangue que eu provara segundos atrás ainda adoçava as bordas da minha garganta. Mas meus pés... eu não os sentia tocando o chão ao andar.
Megan esbugalhou os olhos ao me ver e em uma atitude imbecil a vi abaixar-se, escondendo-se atrás do balcão. Como se três metros de madeira fossem capaz de impedir que eu quebrasse seu precioso pescoço. Eu me divertiria um pouco com seu medo se meu foco no momento não fosse tão distinto e urgente. Atravessei o corredor e procurei ser racional ao entrar no banheiro.
Me assustei com a imagem que refletiu no espelho. Minha trança já estava toda desarrumada, assim como o restante do meu cabelo. A bata branca que eu vestia tinha manchas de sangue - o que fez minha boca salivar. Maçãs do rosto eram mais coradas que o normal, a testa brilhava de suor. Meu peito subia e descia em um ritmo intenso e ao levar as mãos para a borda do tecido fino que cobria minha barriga percebi que minhas mãos tremiam.
Seria possível ou era meu cérebro enlouquecido fantasiando coisas?
A ergui, analisando criticamente minha barriga. Há quanto tempo eu estava longe de Forks? Uma semana, duas no máximo? Ao mesmo tempo que parecia estar duas eternidades longe de Jake, a sensação da noite em que fizemos amor ainda era tão viva como se tivesse acontecido na noite passada. Podia senti-lo aqui comigo e, especialmente agora, mais presente do que nunca.
Fiquei de perfil, segurando o tecido na altura do peito. Obriguei-me a ser coerente e justa comigo mesma. Enxergar apenas o que existia. E existia. Não podia ser coisa da minha cabeça a mínima protuberância que elevava meu ventre. Ela ainda era pequena, quase reta. Quase. Não totalmente, não mais...
Tampei minha boca, abafando o riso débil que me atingiu. Minha visão embaçou e eu podia jurar que as lágrimas silenciosas que deslizaram pelas minhas bochechas tinham gosto de mel. Eu estava incrédula e com um sorriso que fez doer meu rosto. Agora com as duas mãos, toquei a extensão da pele que eu deslumbrava, confirmando o que não era mais uma dúvida. Sua temperatura estava mais quente do que o comum. Ardente.
A acariciei, sendo tomada pelo desejo de sair correndo por aquela porta, encontrar Jake no corredor e abraçá-lo com força ao lhe dar a encantadora notícia. "Estou grávida, Jake. Vamos ter nosso filho. Vamos ser pais! Eu estou grávida!"
Um filho... Meu filho. Nosso.
Eu estava levitando. Uma parte de Jacob comigo. De verdade. Tudo que eu conseguia fazer agora era sorrir.
- Com licença. - a pequenina humana que trabalhava com Megan apareceu subitamente na porta com uma pilha razoável de toalhas nos braços. Seus olhos encontraram as mãos que ainda envolviam minha barriga e o sangue fugiu momentaneamente do meu rosto.
Ela trabalhava para os Volturi - sendo assim era um deles. Não podia permitir que o meu pesadelo voltasse a acontecer e distribuir deixas para que dessem fim nisso em um piscar de olhos. Minha alegria foi engolida pelo consistente temor ao perceber o quanto tudo se tornaria ainda mais arriscado agora. Soltei minhas mãos com a expressão mais neutra que fui capaz.
- Manchei minha blusa. - dei de ombros, soando apática e caminhando em direção a porta.
- Precisa de ajuda? - pediu em uma voz delicada.
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Nessie & Jacob. Ardentemente.
RomanceNessie irá aprender com a imprevisibilidade da vida que maturidade é algo que vai muito além de um crescimento e uma mente avançada. Onde ela e Jacob terão de lutar eventualmente contra forças maiores para poderem continuar unidos, mas que descobrem...