Nessie & Jacob. Ardentemente.

18. Enquanto Cai O Mundo (Parte I)

Visão Jacob

    Panquecas. Quando meus olhos se abriram, a casa cheirava a deliciosas panquecas. Meu estômago roncou, eu poderia enxergá-lo em minha mente, dando de dedo em minha cara. Eu não tinha comido nada durante a madrugada. Levante esse traseiro dali e engula muitas delas; protestou ele.

    Desliguei-me da fome ao constatar estar só na cama. Era estranho acordar sem Nessie acolhida em meio aos meus braços. Por esse ângulo, era fácil compreender porque ela ficava tão furiosa ao acordar sozinha.

    Mas é claro que não terminava por ali. Nessie acordava sozinha, no meio da madrugada, com seu marido vagando pela floresta – supostamente correndo risco de vida, e o fator mais importante: ela estava grávida. Junte tudo isso ao fato de eu ter quebrado minha promessa e você terá um Jacob de castigo por duas tediosas e massacrantes semanas. Que ótimo.

    Já não bastava as coisas estarem complicadas o bastante para me deixarem divido em dois Jacob's. Era uma luta acirrada entre o Jacob pai - o marido presente – versus o Jacob Alpha, o que carregava a responsabilidade não só de uma matilha, mas da vida de muitas pessoas nas costas. Antes eu conseguia ser tranquilamente a proteção das duas partes. Agora eu tinha de escolher, por mais importantes que fossem ambas opções. Eu já não podia mais ser o Jacob de sempre. Eu tinha de ser apenas um.

    Traiçoeira decisão.

    Porém, velhos ditados nunca mentem. E nada é tão ruim que não possa ser piorado. A situação já estava suficientemente precária, no limite, sim. Mas agora? Agora eu vou pagar por todos os pecados que Jacob-pós-transformação cometeu.

    Cá estou eu. Com uma realidade que não para de me dar calafrios. Pingando sem intervalos em minha mente. Duas semanas, duas semanas, duas semanas, duas semanas. É, Jacob. O inferno começa a partir de agora.

    Obriguei meu corpo preguiçoso a levantar-se da cama. Segui pelo corredor lembrando-me da paz e vida fácil que estávamos tendo até dois dias atrás. Não imaginei que os tempos de nossa Lua de Mel já me fariam tanta falta. Não apenas pela vida ativa que estávamos tendo naqueles maravilhosos dias dentro do cruzeiro. Mas também, porque lá, foi o lugar onde nossos maiores problemas eram uma loira oxigenada e um consertador de camas com cara de bunda de neném.

    Parei assim que passava pela porta do quarto de nosso filho. Nessie estava sentada no puff que havia próximo ao berço. Uma pequena bandeja de panquecas descansando sobre seus joelhos dobrados. Um lobo de pelúcia fazendo-lhe companhia em seu colo.

    Ela nem notou minha presença. Estava distante e pensativa, mastigando lentamente uma panqueca – sabe-se deus a quantas horas. Seus olhos continuaram fixos na grade do berço quando me aproximei dela.

- Bom dia, amor. – ela piscou rapidamente os olhos ao ouvir minha voz, como se eu tivesse acordado-a de sua viagem mental. – Estava em que galáxia nesse momento, hú? – depositei um beijo no topo de sua cabeça e me agachei de frente a ela.

- Hum, na mesma que a sua. – Nessie soltou o resto da panqueca que tinha na mão na bandeja.

    A primeira panqueca foi levada com prazer até minha boca. Meu estômago acalmou-se, agradecido.

- Isso está bom. – falei com a boca cheia. – O que você tem, Néss? – hoje ela estava séria, mas de uma forma diferente, quase triste. - No que estava pensando? – ok Jacob, como se você já não soubesse a resposta.

    Nessie me fitou, o olhar cansado.

- Como se você já não soubesse a resposta, Jacob. – respondeu ela, me assustando.