I Never See Them Again

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Chovia forte e estava frio,um frio capaz de congelar os ossos. Eu adorava o frio,era tão aconchegante. Estava esperando meus pais chegarem de Washington, eles foram visitar minha família no período em que eu estava na faculdade.

Resolvi ir até a Grand Central Station,para assim que eles chegassem todos irmos para casa juntos para que nós comêssemos juntos como antigamente. Peguei um casaco,guarda chuva, calcei umas botas e saí de casa. Chegando lá eu encontrei policiais,ambulâncias, e equipes de emissoras. Avistei dois policiais conversando, corri até eles para saber o que estava acontecendo.

- Com licença.. O que está acontecendo aqui ? -perguntei aos dois policiais á minha frente

-Acidente de trem. Uma tragédia, dois sobreviventes saíram vivos, mas não sei se vão resistir. -o policial mais alto respondeu

-E de onde vinha o trem? -perguntei com tom de medo na voz

-Washington. -o outro respondeu

-Aonde estão os sobreviventes? Já foram para o hospital?

-Eu acho que ainda não foram... por que não vê nas ambulâncias? -ele apontou para uma das ambulâncias e voltou a falar com o colega

-Obrigada. -saí em disparada á procura de uma maca com meus pais

Vi três homens vestidos com roupas azuis levarem uma pessoa para dentro da ambulância em cima de uma maca,corri para cima da maca e era uma mulher, ela não tinha nada a ver com a minha mãe, ela tinha a pele negra, os cabelos negros encaracolados, ela não era nem um pouco parecida com a minha mãe, ela aparentava ter uns 30 anos. Em instantes, eu já estava chorando, a dor era grande e forte e ela resultava em inúmeras lágrimas. Senti meu mundo desabar completamente, eu não tinha mais meus pais, não tinha mais minha inspiração, não tinha absolutamente nada! Eu estava perdida,estava com medo, desesperada, eu não sabia mais o que eu sentia naquele momento.

Rapidamente lembrei que haviam restado dois sobreviventes,e eu só havia checado um. Caminhei apressadamente em direção á duas mulheres, uma delas tinha a pele branca, cabelos loiros curtos amarrado em um rabo de cavalo,e a roupa azul igual a dos outros homens. Ela estava conversando com uma mulher idosa em prantos, andei com cautela até as mulheres.

-Com licença... eu só preciso de uma pequena ajuda. -me dirigi a médica,que a mesma olhou para mim -Restaram dois sobreviventes,certo? Onde ele está ? Já foi para o hospital?

-Ela saiu viva de lá, mas não resistiu... foi a filha dessa senhora, sinto muito. -ela virou para a mulher novamente, a consolando novamente

-Obrigada. -sorri gentilmente e saí de lá

Eu corria tão rápido que meus pulmões começaram a arder, e meus pés doer. A chuva havia acessado e estava só estava um vento frio. Eu chorava compulsivamente e soluçava em desespero, logo me vi no Central Park, onde pessoas me olhavam lançando um olhar de pena ou me encaravam com uma cara nada agradável. Peguei meu celular no bolso da calça e busquei o número de minha melhor amiga, Beth. Depois de alguns segundos, ouvi a voz de Beth ao outro lado da linha.

-Beth, oi , pode vir me buscar eu estou no Central Park. -disse tentando me acalmar

-Rose o que você está fazendo aí? Em um tempo desses? -ela me enchia de perguntas aleatórias que ignorava, mas meu coração ia se apertando e eu ia chorando aos poucos - Espera, você está chorando? O que aconteceu? -eu não conseguia dizer nada, apenas chorar. Um nó se formava em minha garganta impossibilitando minha fala -Rose me responda! -Beth gritou do outro lado preocupada

-Só... venha,tá? -disse finalmente e com uma voz mais firme

-Estou a caminho. -ela disse finalizando a ligação

Sentei em um banco e levei meus joelhos em meu rosto, o escondendo. Eu não parava de chorar em um sequer minuto,meu corpo inteiro doía, por dentro e por fora. A sensação era horrível, meu peito a cada respirada que eu dava ele doía.

-Rose?! Ai meu Deus! Rose... -escutei a voz de Beth gritando, levantei meu rosto a vendo vir correndo em minha direção

Eu abri meus braços á fim de poder abraçá-la, meu chorava só aumentava.

-O que aconteceu?- Beth disse me soltando do abraço e segurando em meus ombros

-Meus pais... -eu não conseguia terminar de falar, as palavras não saíam e eu não queria acreditar no que eu teria que dizer

-Seus pais...?-Beth disse me incentivando á continuar

-Eles morreram. -disse chorando ao dizer aquilo,doía muito

-O que? Como assim? -ela me olhou confusa não acreditando no que eu acabara de falar

-Eles sofreram um acidente.. não viu na televisão? Só restaram dois sobreviventes, e foram duas mulheres e nenhuma era a minha mãe.

-Meu Deus, vem. Vamos para casa. -ela se levantou do banco me puxando pelo braço e me abraçando de lado.

Ela parou um táxi e caminhamos até ele, nós entramos no carro e ficamos em silencio,apenas ouvindo a voz de Beth dizer o endereço. Ela colocou minha cabeça em seu ombro,e eu chorava baixo. Ela fazia carinho em meu cabelo, e depois de um tempo ela parou. Ela sussurrou um "chegamos" e eu levantei minha cabeça secando meu rosto molhado. Ela pagou o táxi e nós saímos do veículo. Entramos no apartamento e Beth tirou meu casaco e o dela o colocando-os no sofá.

-Por que não vai tomar um banho? -ela disse e eu assenti e fui em direção ao quarto

Caminhei até o banheiro do meu quarto,liguei a água para poder encher a banheira. Coloquei o sabão e os sais e fui até o quarto, peguei uma roupa quente e confortável e coloquei em cima da cama, fui no banheiro e desliguei a água por já estar cheia, me despi e entrei na banheira. Minha pele fria se chocou com a água quente me dando alguns arrepios. Meus pensamentos iam diretamente nos meus pais, doía tanto saber que nunca mais os veria, eu nunca mais teria a minha família inteira reunida na pequena sala do apartamento enquanto a pequena Julie dizia suas piadas sem lógicas e que todos riam para não deixar a pequena menina triste. Nunca mais prepararia a ceia de Natal com meu pai, ele era um excelente cozinheiro, nunca mais iria rir do jeito em que minha mãe ficava vendo as novelas falando com a televisão... São pequenas coisas que fazem grande diferença. Serão o que eu mais sentirei falta neles. E sobre o luto? Bom, eu não irei mudar a foto do perfil das minhas redes sociais com uma rosa preta e a palavra "luto" nela. Não mudará nada. Só verei pessoas das quais eu nunca vi e que mal me conhecem, comentarem eu lamento "eu lamento" ou então "sinto muito pela sua perda" porque são falsos, as pessoas comentam só por comentar,mas na realidade não estão nem aí. Não vou expor minha dor com ninguém. Desculpa.

-Rose? Está tudo bem? -ouvi o som da voz de Beth num tom preocupado, do lado de fora

-Sim. Já estou saindo. -limpei as lágrimas que caíam sobre o meu rosto e me lavei rapidamente

Peguei uma toalha grande e enrolei sobre o meu corpo molhado, peguei outra menor e amarrei em meu cabelo e saí do banheiro. Peguei a roupa que havia separado antes do banho e a vesti, penteei meus cabelos e me olhei no espelho, meu rosto estava mais branco e inchado, meus olhos estavam vermelhos, eu estava horrível. Saí do quarto e procurei por Beth pela casa, ela estava na cozinha tentando esquentar algo para comer.

-Ei B, eu vou me deitar e tentar dormir um pouco.

-Claro, eu só quero que você fique bem, okay? -ela caminhou até a mim e me abraçou

-Eu vou ficar, tá? Agora coma seus biscoitos e descanse.

-Eu não estou cansada, só com fome. Eu vou ficar bem, e você também vai. -dei um dos meus melhores sorrisos

-Boa noite, B. -disse saindo e indo para o quarto

-Boa noite! -ouvi a voz de Beth gritando para que eu escutasse e sorri.

Entrei no quarto e fechei a porta, eu me abracei e comecei a chorar baixo, eu ia escorregando pela porta até que eu me encontrei com o chão, eu levei meus joelhos até o rosto o escondendo e chorando ainda mais. Depois de alguns minutos no chão, minhas costas começaram a doer e eu resolvi ir para cama, deitei na minha cama e me ajeitei nela me deixando da forma mais confortável e quente possível, eu chorei até eu sentir minhas pálpebras ficarem pesadas e eu ir adormecendo lentamente.




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