So Many Questions

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O estrondo de um trovão,inesperado e violento foi escutado enquanto eu assistia a um documentário sobre os animais selvagens da África do Sul.
Depois de um tempo,podia escutar o som da chuva não muito violenta que caía sobre aquela tarde de Domingo.
Tirei as cobertas de cima dos meus pés e levantei do sofá. Fui até a cozinha com o intuito de achar algo para comer,achei apenas um pote com biscoitos. Peguei um copo de leite e enquanto comia os biscoitos,encarava a grande janela que ficava não muito próximo da cozinha,embaçada. Eu apenas ficava pensando em várias coisas,vários pensamentos absurdos,sem nenhuma lógica,e até mesmo ridículos.

Quando percebi que restavam apenas três biscoitos no pote e o copo de leite vazio,me desliguei de todos os pensamentos e voltei para sala.
Antes mesmo de eu poder sentar no sofá,escuto meu celular tocar em cima da mesa.

-Alô? -disse.

-Oh,oi Rose. -Beth disse. -Está tudo bem?

-Sim,estou bem. -respondi.

-Para minha má,ou boa sorte, eles só vão acabar com isso às 6:00. Queria estar aí com você.

-Está bem,faça o quê você tiver que fazer sem se preocupar comigo. Beth,você lutou tanto para conseguir esse emprego,que eu não posso destruir.

-Está certa,aquele emprego em que eu estava antes,não era pra mim. Eu não estudei para aquilo.

-Isso,exatamente,não acabe com este... Você não tem que voltar?

-Estamos num pequeno intervalo, mas acho melhor eu ir.

-Ok,tchau.

-Tchau. -ela disse por fim,desligando a ligação.

Eu estava literalmente sozinha naquele dia. Beth saiu às 8:00 da manhã, e só vai voltar às 6:00. Kate foi visitar seus pais,se eu não me engano em Boston,só volta segunda. Harry foi com sua mãe para uma viagem de negócios na Philadelphia. Sim,no domingo.
Então,eu estava sozinha.

Beth,por incrível que pareça tem um telefone fixo. Que para minha surpresa começou a tocar.
Fiquei um pouco com receio em atender,afinal aquele telefone raramente tocava.
Não aguentando mas o barulho irritante do telefone,atendi.

-Casa de Bethany Lifton? -uma voz de uma senhora,um pouco rouca e suave soou nos meus ouvidos.

Aquela voz era muito reconhecida com mim.

-Oi,Vovó.

-Rose? Ahw,querida, sinto tantas saudades de você.

-Eu também estou com saudades,vovó.

-Como você está? Está tudo bem?

-Na verdade... Não. -suspirei.- Há algumas semanas atrás, eu descobri que eu tenho câncer.

-O quê? Mas... -houve uma pausa. -Você só tem vinte e três!

-Eu sei, eu sei.

-Como você está,querida?

-Bem. Aconteceram coisas, que me deixaram feliz, e me ajudaram.

-O que é?

-Eu conheci um garoto,ele se chama Harry,e eu me apaixonei por ele. Vovó, ele é perfeito. Um anjo,posso dizer. Ele me ajudou, com tudo... Eu também conheci uma garotinha,ahw, ela é um amor. Ontem eu e Harry levamos ela no parque de diversões. Ela ficou tão feliz,porque, ela nunca havia ido à um parque. Eu também tenho minhas amigas, Beth e Kate. Conheci o amigo de Kate,Logan, que é um excelente rapaz. E num dia em que eu fui ao cemitério, eu conheci uma senhora, Gloria, ela me disse que sou parecida com a mamãe. Ela me disse coisas que ela nem imaginaria que iria me fazer tão bem.

Eu já estava chorando. Já estava em prantos, chorando ao ponto de eu produzir soluços.

-Querida...

Provavelmente ela não sabia o que dizer, nem eu saberia o que dizer num momento destes.

-Tenta se acalmar. Por favor,não me faça ir aí,agora. Por favor, sou uma senhora de idade. -ela fez piada,ela sempre faz.

-Oh,vovó...

Sequei todas as lágrimas que ainda estavam sobre meu rosto,deixando vestígios do choro,e finalmente parei de soluçar.

-O que acha de passar o feriado de Ação de Graças aqui? Seria ótimo,a senhora poderia conhecer Harry.

-Ham... Eu não sei,querida,seu avô não quer sair de casa. Mas,eu prometo que vou tentar convencer ele.

-Seria fantástico! Poderia chamar a Tia Marian, o tio John,Julie... Oh,meu Deus, há tanto tempo que não a vejo. Como está o Tio George? Ele está bem? Não aconteceu nem um novo acidente com ele?

-Ele está bem.. -Vovó deu uma risada fraca.

-A tia Megg ainda aguenta ficar limpando todos os machucados do Tio George?

-É,parece que sim.

-Ahw, Vovó, eu tenho de ir... Mas, mande o convite à todos. Espero que todos venham.

-Ok, querida, vá. Mas,fique bem.

-Eu vou ficar. Tchau. -desliguei a ligação.

Finalmente consegui parar o som irritante do meu celular tocando, era Harry.

-Ei. -disse.

-Ei,tudo bem? Demorou para atender.
-Oh, desculpe. Estava com minha vó no telefone. Convidei à todos para virem para cá no feriado de Ação de Graças.

-Sério? Isto é ótimo,Rose.

-É,é sim. E aí, como está a viagem?

-Um saco. -ele bufou.

-Sério? -dei uma risada leve.

-É,completamente. Não vejo a hora de ir para casa.

-Oh,isso é uma pena. Ainda vai demorar?

-Eu não sei.

-Harry!!! Querido,venha cá. Vem ver isto. -ouvi a voz de Anne, longe, gritando por Harry.

-Já estou indo,mãe. Enfim,só liguei para saber se você está bem.

-Estou ótima, pode ficar tranquilo e ir atender a sua mamãe.

-Claro.

-Harry!! -novamente o grito de Anne.

-Ok,tchau. -ele disse rápido.

-Tchau. -falei e finalizei a ligação.

Nossa, meu dia hoje foi resumido em ligações.

Como até não estava passando nem um bom programa, resolvi ler um livro.
Fui até meu quarto e o rodei inteiro,tentando lembrar aonde coloquei os livros.
Abri a gaveta da cômoda, vi um livro. Abri a primeira página para ver do que se tratava. Mas havia uma foto.
Uma foto com meu pai,uma garota e meu tio John. Virei a foto e estava escrito "Com todo amor,Papai Peter"

Não era eu naquela foto e,até aonde eu sei, eu não tenho irmã. Sou filha única. Quem diabos é essa garota? E porque meu pai colocou esta frase? "Papai"? Por que não me contaram nada? Por que que há tantas perguntas que eu não sei quem,vai poder me responder. Só uma pessoa,Tio John. Mas eu só o veria na Ação de Graças, não poderia tratar deste assunto por telefone. O que me restava era pesquisar,pesquisar e pesquisar porque afinal há tantas perguntas.

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