Capítulo 8 - Catacumbas

30 4 0
                                    

Depois de se recompor, o grupo continuou com a busca interminável. Sombrak chamou a todos e foi na frente, junto com sua loba. Queriam evitar um ataque surpresa, partindo como batedores no meio da mata. Logo atrás, os outros vinham comentando o incidente anterior, como se já não bastasse aquela discussão toda.

Mais algumas horas de caminhada na floresta fechada e o grupo se deparou com uma gigantesca construção de pedra, que parecia muito antiga e tinha o aspecto de uma catacumba horripilante. Percebiam o cheiro de morte vindo da abertura por onde descia uma escada.

– Vamos entrar, ha-ha-ha! – disse, corajosamente, Bernàbares.

O bárbaro tomou a dianteira do grupo e chegou à entrada. Via algumas tochas iluminando, fracamente, o ambiente. O odor da morte agora estava bem mais forte, quase insuportável, e via que os degraus estavam cobertos por musgos. De cada um dos lados da porta havia uma estátua de gárgula muito danificada e cobertas de cipós e folhas. Tinha a sensação de estarem vivas e que, a qualquer momento, iriam saltar e atacá-los.

– Eu não gosto de gárgulas. Bernàbares, acho que seria uma boa ideia quebrar estas estátuas antes de prosseguirmos – disse Luke.

Bernàbares ignorou o pedido do mago e entrou na catacumba. Ao perceberem que aquelas estátuas serviam apenas como enfeite, todos desceram, cautelosamente, atrás do bárbaro pelas catacumbas amaldiçoadas. O último a descer foi o ranger, que fez sinal para que Labba vigiasse a entrada enquanto eles vasculhavam a estranha construção.

O grupo de busca já estava quase chegando ao final da escada quando, de repente, o mago escorregou nos musgos. Sua queda foi rapidamente evitada pelas mãos do ranger e, após alguns agradecimentos, continuaram com a descida. Algumas poucas tochas iluminavam fracamente o ambiente asqueroso que desbravavam. O calafrio percorria suas veias e a cada passo se sentiam mais amedrontados.

A escada terminava em um imenso salão que alojava vários corpos putrefatos, com suas tumbas destruídas pela ação do tempo. Porém, uma delas estava mais conservada que as outras. Sua abertura permitia enxergar um forte brilho em seu interior. Encontrava-se em cima de um altar no meio do salão.

Bernàbares começou a averiguar o que havia dentro da sala, sem mexer em nada, pois acreditava que ali poderia existir alguma armadilha e não queria correr riscos.

Sombrak achou melhor verificar todo o local antes de voltarem suas atenções para a tumba que irradiava aquela incrível luz azulada.

– Não mexam na tumba do centro, pois deve haver algumas armadilhas – alertou o ranger.

Assim, o elfo-negro começou a procurar armadilhas, bem como qualquer outra coisa interessante que pudesse chamar sua atenção. No entanto, ao olhar as outras tumbas, não percebeu nada incomum. Quando o ranger chegou mais perto da tumba do meio, olhou por cima do altar e se surpreendeu com a visão que teve: dentro dela jazia um corpo muito antigo, mas bem conservado quando comparado aos montes de ossos que estavam nas tumbas ao redor. Olhando mais cautelosamente, percebeu que aquele corpo segurava em suas mãos, contra o peito, um objeto prateado laminado com várias escritas antigas e desconhecidas cravadas. Aquele item lembrava a parte cortante de um machado. Ele era a fonte de luz azul, que se destacava naquele local quase monocromático de tão escuro e apavorante. Bernàbares e Luke se aproximaram do objeto brilhante. Ao mesmo tempo, da mochila do mago meio-elfo, onde estava guardado o cabo do Machado de OX, surgiu o mesmo brilho intenso. Sem dúvida, aquela era a parte do machado que faltava. Luke pegou o cabo entre seus pertences e descobriu que a parte quebrada se encaixava, perfeitamente, naquela lâmina que o morto segurava com tamanha gana.

Alain ainda continuava, apreensivamente, perto da escada para ter uma vantagem tática no caso de precisar reagir numa situação de perigo. Enquanto isso, Sombrak foi com a intenção de tentar arrancar a cabeça do corpo que jazia no túmulo, antes de qualquer outra coisa. Em seu ímpeto, queria também desmembrá-lo, pois temia que o cadáver pudesse se levantar e iniciar uma batalha ali com eles. Ao retirar sua espada, disse:

CONTOS MAL-ACABADOS DE GASNAR: LIVRO 1 - A FLORESTA CLICHÊ DAS TREVASOnde histórias criam vida. Descubra agora