-- Nós definitivamente nunca mais vamos nos mudar com apenas um dia de antecedência para o início das aulas, mãe, falo sério. -- falei ao descer as escadas correndo e passar por mamãe, indo em direção a cozinha.
Peguei um pacote pequeno de um biscoito qualquer no armário e pouco menos de meio copo de leite na geladeira. Voltei para a sala e observei por alguns segundos minha mãe retirar das caixas alguns itens que logo ganhariam seu lugar na decoração da casa, enquanto engolia tudo com presa.
-- Tenha calma -- ela disse de costas para mim. -- O mundo não vai acabar se você chegar atrasada.
-- Que exemplo, mãe. -- falei, deixando o "café da manhã" de lado por um momento. -- Estou orgulhosa de você.
Ela olhou por sobre um ombro e sorriu. Era incrível o modo como tínhamos ido dormir bem tarde e mesmo que eu estivesse me sentindo tão acabada hoje pela manhã, ela ainda demonstrava a mesma graciosidade de sempre. Gostaria de ser mais como ela, mas nem sempre querer é poder.
-- Eu não me incomodaria se você ficasse em casa por hoje. Ontem foi um dia cansativo e nós ainda nem terminamos de arrumar tudo.
Ontem o nosso dia e boa parte da noite tinham sido preenchidos por coisas como: retirar objetos de caixas, mudar os móveis de lugar, pintar as paredes do nossos quartos para ter a ilusão de que ao menos nossos cantinhos especiais nunca mudariam, guardar nossas roupas, fazer as compras e mudar os móveis de lugar novamente -- não necessariamemte nessa ordem. --, porque apesar de linda, mamãe pode ser bem indecisa quando quer.
Todo meu corpo estava dolorido, até mesmo os músculos que eu já tinha esquecido que existiam, mas hoje era o primeiro dia de aula, eu não queria faltar.
Corri de volta para a cozinha, deixei o copo na pia e voltei para mamãe.
-- Eu não vou faltar. -- beijei a bochecha dela e ajeitei a alça da mochila sobre o ombro. -- E você vai me levar ao colégio. Tipo agora.
Ela deu de ombros e voltou a pôr um pequeno vaso de porcelana dentro de uma caixa. Levou uma mão ao bolso de trás de sua calça jeans e pegou as chaves do carro.
-- Vamos lá, mocinha, antes que eu decida te prender dentro do quarto para que você descanse mais.
Ri e peguei sobre a mesa de centro os cadernos que eu tinha separado na noite passada e minha agenda.
-- Eu não sei se você é a mãe mais preocupada e atenciosa que eu poderia querer ou minha maior má influência.
-- Oras, querida -- enlaçou seu braço ao meu. -- eu sou sua melhor amiga, então vamos dizer que eu tenho um pouco dessas duas qualidades.
♡♡♡
-- Tchau, mãe! -- dei-lhe um aceno olhando pela janela do carro, já do lado de fora.
-- Tchau, querida. E boa sorte. -- ela piscou para mim e foi embora, me deixando de frente aos portões.
Respirei fundo e apertei os cadernos em meus braços. Então decidi que já estava enrolando demais para uma garota atrasada e fiz meu caminho para dentro do colégio.
♡♡♡
Tinham poucas pessoas nos corredores, sendo assim chamei mais atenção do que gostaria ao entrar praticamente correndo no colégio. Ainda andando comecei a revistar minha bolsa a procura da minha grade de horários, a qual mamãe tinha pedido que enviassem a mim por e-mail, a alguns dias atrás. E foi ao virar num corredor que a cena mais clichê da minha vida aconteceu. Choquei-me contra um garoto, o que teria me feito cair se ele não tivesse segurado meus antebraços, mas, ainda assim, os cadernos que eu segurava não tiveram a mesma sorte.
Nos abaixamos ao mesmo tempo para recolhê-los.
-- Me desculpe. -- falei rápido, sem olhá-lo. -- Foi sem querer, sério.
-- Sem problemas. -- ele disse e o olhei.
Registrei o quanto ele era lindo ao mesmo tempo em que vi os olhos azuis.
O desconhecido tinha cabelos pretos, ligeiramente ondulados e olhos de um profundo azul petróleo. Vestia-se de forma comum, com calça jeans e camiseta de flanela, e aquilo de algum jeito apenas se encaixava, como se parecesse certo. Um sorriso fácil estava começando a aparecer em seus lábios, o que fez com que eu me afastasse rapidamente, levantando-me.
-- Obrigada. -- balbuciei quando ele entregou minha agenda. -- Mesmo. E me desculpe...
Ele ergueu uma mão e tocou meu braço.
-- Isso não é necessário. Antes de tudo, eu sou Guilherme. -- se apresentou e sorriu. -- Posso saber o nome da garota que me atropelou?
Senti meu rosto começar a esquentar. Eu com certeza estava ficando vermelha.
-- Millena.
Ele franziu a testa.
-- Posso te chamar de Milly, certo? Millena parece muito sério para você.
Dei de ombros.
-- Claro.
Seu sorriso se alargou.
-- Agora eu vou a diretoria e você deveria encontrar sua sala, Milly. Está atrasada.
Todo o sangue sumiu do meu rosto.
-- Ai, meu Deus.
-- É a primeira vez que vem aqui, estou certo? -- Assenti. -- Diga que se perdeu. Os professores daqui são gente boa, eles vão pegar leve com você.
Um pouco da minha tensão sumiu. Só um pouco.
-- Obrigada.
Ele inclinou a cabeça um pouco de lado, me olhando com os olhos ligeiramente estreitos.
-- De nada, novata. -- ele piscou. -- E só para deixar claro, eu não me importo de trombar com você por aí de novo.
♡♡♡
Mesmo enquanto ia em disparada para minha sala, não pude deixar de pensar naquele sorriso que me fez derreter um pouco. Guilherme com certeza passara a ocupar grande parte de meus pensamentos.
☆☆☆
Olá, essa é uma nova história que me veio a cabeça faz pouco tempo e se você chegou até aqui, agradeço por ter dado uma chance.
Gostou? Deixe seu voto e comentário para ajudar a divulgar AIP que ainda está em seus primeiros passos.
E me desculpem por qualquer erro de português. O capítulo foi digitado no celular, portanto, se tiver erros podem avisar, tudo bem?
Sugestões e críticas são bem-vindas.
Um beijo,
Cynthia.
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Amizade (Im)perfeita
Teen FictionCapa Feita Por: @reirvival - Revival Covers Um trauma marcou a infância de Millena e consequentemente deixou sua mãe com receio de assumir um novo relacionamento. Assim que elas se mudam para uma nova cidade, Milly conhece Guilherme, por quem rapida...