O Namorado da Mamãe - Part.1

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Como hoje é sábado e vamos participar de um almoço informal, escolhi um vestido vermelho de saia rodada para mamãe, que deixava sua cintura bem marcada e sandálias e salto não muito altos. Ela era jovial o bastante para poder usá-los sem medo. Prendi seu cabelo em um rabo de cavalo alto e deixei uma mecha solta ao lado de seu rosto, finalizando com uma maquiagem bem leve.

-- Você poderia ser confundida como minha irmã. -- faleu quase dando pulinhos.

Me sentia como uma mãe curuja arrumando sua filha para seu primeiro encontro.

-- Tem certeza de que não é demais para um almoço? -- perguntou alisando a saia do vestido com as mãos.

-- Tenho. Está tudo na medida certa. Você está perfeita.

Ficamos lado a lado no espelho. Eu estava usando um vestido branco florido com uma jaqueta amarela de couro sintético bem leve, um cintinho marrom e sapatilhas delicadas, também amarelas. Realmente, lado a lado assim, paracíamos irmãs.

-- De que horas o Lúcio vai vir buacar a gente? -- perguntei.

O namorado de mamãe tinha se comprometido a vir nos buscar para o almoço, embora já tivesse levado mamãe lá e ela obviamente soubesse onde era. Agora eu realmente estava entendendo o que minha mãe quis dizer com estarem indo rápido demais.

-- Ele deve estar chegando daqui a pouco. -- respondeu distraidamente, continuando sua análise em seu reflexo no espelho. -- Vou ligar pra ele.

-- Enquanto isso eu vou descer, tá bom?

-- Estou logo atrás de você.

Saí de seu quarto e logo fiz meu caminho em direção as escadas e o primeiro andar, daí fui direto para a cozinha.

Quando mamãe chegou lá eu já estava sentada a mesa com um copo de suco de laranja a minha frente e um pedaço da torta que tínhamos comprado na padaria.

-- Claro, querido, ela está ansiosa pra conhecer você. -- dizia ao celular. Ela riu. -- Não é que eu fosse tão difícil antes, ela é só exagerada.

-- Era sim! -- gritei torcendo para ser ouvida por ele.

-- Não ria! -- pediu a Lúcio. Ela olhou para mim. -- Acho que vocês vão se dar muito bem.

Com certeza ela estava dizendo isso para nós dois, tentando parecer emburrada. Ela é uma graça, espero que Lúcio perceba a sorte que tem.

Após uma breve despedida ela desligou. Uma despedida desnecessária considerando que ela disse depois:

-- Ele já está chegando.

Rolei os olhos de forma brincalhona e continuei comendo minha torta.

-- Ei, não era pra você estar comendo agora! -- ela disse de repente. -- Seria indelicado se por acaso você mal comesse o almoço que estão preparando pra gente.

Bebi um pouco do meu suco, então arqueei uma sobrancelha.

-- Mãe, quando é que eu não tenho fome? -- comida era totalmente meu ponto fraco. -- Eu não vou rejeitar a comida a menos que ele seja um péssimo cozinheiro, aí vou me ver obrigada a ir eu mesma pra cozinha.

Ela jogou uma mão de encontro a testa.

-- Realmente, você é do tipo que faria isso. -- disse não muito feliz.

-- Não sou? -- ri de sua expressão inconformada.

♡♡♡

-- Ele é um gato! -- sussurrei para mamãe, espiando o lado de fora pelas cortinas.

Lúcio estava atravessando o gramado em direção a nossa casa logo depois de ter estacionado o carro ali na frente e eu não estava brincando quando o elogiei. Ele era um daqueles homens com um ar intelectual, era alto e moreno, deveria estar no fim dos trinta anos e a leve insunuação de barba por fazer com certeza era proposital, deixando-o com uma aparência bem séria.

-- Não é? -- ela me puxou da janela em direção a porta, sorrindo como uma garotinha. -- Você não foi nada sutil, ele deve ter te visto. -- continuou falando baixinho.

-- Mas é claro que ele não...

O som da campainha ressoou por toda a casa e mamãe ergueu uma mão. Cinco segundos. Ainda bem que a nossa porta era de madeira maciça e não de vidro, senão ele poderia nos ver ali, paradas feito tontas e tentando não parecer tão ansiosas.

Contei mentalmente e assim que os segundos se deram fim, peguei na maçaneta e a virei. Um sorriso incerto me encontrou do outro lado. Pobre homem, devia estar sem jeito porque além de conquistar a mãe, ainda tinha que conquistar a filha.

-- Lúcio. -- mamãe se colocou no campo de visão dele, obtendo o efeito completo de "Meu Deus! Você está linda".

Primeiro, Lúcio a olhou de cima a baixo, depois ele abriu a boca como se quisesse dizer alguma coisa, mas nada saiu, aí um sorriso -- bonito, diga-se de passagem. --, iluminou toda sua expressão. E foi aí que ele falou:

-- Você está linda, Cassandra. -- seu tom de voz era grave, mas não tanto.

-- Obrigada. -- ela o abraçou educadamente. -- Os créditos são da Millena.

Parecia que ela tinha acabado de ganhar o Oscar, tamanha sua felicidade. Eu tinha tomado meu tempo analisando os dois, mas agora era hora da prova de fogo.

-- Lúcio, eu sei que deveríamos ir agora, mas porque você não entra um pouco? -- perguntei gentil. -- E mamãe, você poderia por favor ir pegar minha bolsa lá em cima? Deixei sobre a minha cama.

Os sorrisos de ambos desapareceram e mamãe ficou paralisada por um segundo, me olhando, em seguida assentiu. Ela puxou um Lúcio meio paralizado para dentro de casa, soltou suas mãos das dele e seguiu em silêncio para o andar de cima.

-- Sente-se. -- disse a ele, indicando o sofá.

Ainda em silêncio ele me obedeceu.

☆☆☆

Dividi em dois porque estou sem tempo de digitar o resto agora, mas o restante do capítulo já está pronto e como eu disse no anterior, ela vai descobrir que o Guilherme é filho do Lúcio.

Bjos estrelados!

Amizade (Im)perfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora