Capítulo sem correção, sorry *-*
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A pasta 'Diário de Lembranças' do meu computador foi criada quando eu tinha doze anos. Estava repleta de fotos e documentos de texto que descreviam o que eu tinha medo de acabar esquecendo com o passar do tempo e de alguns trechos dos diários que eu tinha quando era menor.
Sem falar das várias imagens que eu mantinha no meu celular, mantidas ali para me distrair ou me trazer melancolia de vez em quando.
Manter aqueles pedacinhos da parte boa do meu passado, da parte em que fui realmente feliz, era um alívio, pois me garantia um passaporte de volta a momentos não corrompidos por tristeza, pesar, desconfiança, ou medo na minha vida. Me garantiam a volta para o tempo em que meu pai estava vivo e um dia após o outro não havia com o que se preocupar.
As vezes um fragmento novo da minha infância vinha em minha mente e como num processo obsessivo, eu anotava da melhor maneira que podia a descrição do que tinha me vindo a memória. Outras vezes eu começava a ler os documentos e mesmo que cavasse fundo em minha memória não conseguia desenterrar o que havia se escondido lá.
E claro, tinham lembranças que eram simplesmente impossíveis de esquecer, como que marcadas a ferro, fosse boas ou ruins. Eu não conseguia defini-las como algo que me faziam feliz ou como as que eu me esforçava para deixar de lado. Afinal, se elas não povoassem minha mente, talvez eu parasse de pensar um pouco em como o mundo é injusto.
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O céu estava escuro, pontilhando por uns poucos pontinhos brilhantes. Papai dizia que esse era o lado ruim de se morar na cidade, nós nunca conseguíamos desfrutar das estrelas completamente. Essa era uma paixão que compartilhávamos, olhar as estrelas e ali, deitados no quintal juntinhos, era meu cantinho preferido de paz, com a cabeça no seu ombro e ele acariciando meus cabelos. Era gostoso e me deixava com sono, mas eu fazia o máximo para continuar acordada e ficar ouvindo suas histórias e sentindo o calor de mamãe que estava deitada do meu outro lado.
– Acho que está na hora de te pôr na cama, carinho – ele disse baixinho e eu pisquei, percebendo que estava prestes a cair no sono.
– Deixe que eu a levo – disse mamãe, sentando-se.
Papai balançou a cabeça negativamente.
– Deixe, querida. Eu faço.
Ela emitiu um ruído concordando e papai se levantou, então me pegou nos braços e me aconchegou em seu peito. Nem percebi quando chegamos ao meu quarto, mas quando vi já estava enrolada nas cobertas e papai estava sentado ao meu lado, acariciando meus cabelos, como sempre fazia e falando baixinho.
– Sabe que eu amo você e sua mãe mais do que tudo, não é, carinho? – perguntou. Lembro de assentir vagamente. – Não importa o que acontecer, querida. Eu sempre vou estar por perto, olhando por você e sua mãe. Mais se eu não puder… – ele respirou fundo. – Cuide dela por mim, tudo bem?
Pisquei meus olhos rapidamente e tentei me erguer, apoiando-me no cotovelo, mas desisti, deixando meu peso me levar para baixo. Papai parecia triste e eu não conseguia entender porquê.
– Aconteceu alguma coisa, papai? – eu perguntei, começando a sentir medo. Mas eu era muito pequena ainda, não tinha verdadeira noção do que era o medo de verdade.
– Não – ele tinha sorrido. Agora que sou crescida o suficiente, percebo que aquele sorriso tinha sido tão falso quanto os que dou a mamãe quando não quero preocupá-la demais. Mas naquele momento, tinha me acalmado. – Eu só quero que vocês sejam felizes, independente do que acontecer daqui para frente.
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Amizade (Im)perfeita
Teen FictionCapa Feita Por: @reirvival - Revival Covers Um trauma marcou a infância de Millena e consequentemente deixou sua mãe com receio de assumir um novo relacionamento. Assim que elas se mudam para uma nova cidade, Milly conhece Guilherme, por quem rapida...