Petúnia (símbolo do ressentimento)

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"Nós não duraríamos dois dias sem ela." Rony Weasley

Lauren passou quase vinte minutos conversando com a diretora da escola, que a informou que Rachel não comparecia ao colégio desde que se feriu durante o recreio, muitas semanas antes. A morena se perguntava como fora tão burra para não notar.

Mas também lembrou-se que costumava se importar zero com o que sua filha fazia, não é como ela acompanhasse os estudos, conferisse cadernos ou ajudasse em lições de casa; e talvez esse tivesse sido seu maior erro.

Despediu-se da mulher, esqueceu de sorvete e de remédios, só queria chegar em casa e tirar essa história a limpo. Camila nunca mais pisaria em sua casa, nunca!

[...]

A latina estava dando algumas lições de matemática a Rachel, estavam fazendo contas de subtração, a menina estava se saindo bem. Camila, claro, tinha pesquisado por algumas dicas que pudessem estimular o aprendizado da garotinha, não estava querendo se colocar como uma professora — longe disso—, mas ela tinha um jeito natural com crianças, explorar isso estava sendo bom.

Estavam terminando a tarefa quando ouviram o som da maçaneta da porta principal, era bem cedo, tanto que Camila nem tinha começado a preparar o jantar de Rachel. Seu coração meio que gelou, já pensando numa desculpa para explicar o que a garotinha fazia tão cedo em casa.

Lauren chegou na cozinha tão brava, havia um pequeno vinco entre as sobrancelhas, e os olhos verdes vívidos pareciam bem mais escuros. Camila notou que ela nem pegou sua habitual cerveja, mesmo que o hábito de se embebedar tivesse diminuído bastante, sempre havia a bebida pós trabalho. Pra desestressar, Lauren dizia.

— Oi, mãe.

— Rachel, suba! — soou rude e aquilo também fez com que Camila se irritasse— e você fica!

Apontou pra Camila, que se aquietou.

— Mas mãe Camila está me ajudando...

A garotinha tentou argumentar, não parecendo abalada pelo rudeza de sua mãe.

— Eu disse para você subir!

Rachel arregalou os olhos esverdeados, a babá notou as lágrimas minando dos cantinhos dos olhos da garota.

— Rach, meu amorzinho, sobe! Daqui a pouco eu subo também para te ajudar com o banho.

A latina achou melhor intervir, antes que ficasse pior. Quando a menina saiu de cena, Lauren achou que fosse o momento para despejar tudo o que estava pensando.

— Quem você pensa que é para me enganar?!

— Como assim?

Camila se retraiu, achando a postura da patroa um tanto quanto ameaçadora.

— Hoje eu saí mais cedo do trabalho, passei no mercado e adivinhe quem eu encontrei...— a babá deu de ombros— A diretora do colégio de Rachel e sabe o que ela me disse?

Camila fechou os olhos e respirou fundo, ela não era burra, sabia que uma hora ou outra tudo seria descoberto, mas obviamente não pensou que Lauren fosse ficar tão aborrecida, não é como se ela um dia tivesse ligado muito.

— Que ela não está indo às aulas.

Camila murmurou, sabia que negar seria patético.

— Bem, e agora eu quero saber o motivo, quero uma explicação das boas...

Camila então resolveu dizer tudo, que Rachel não se adaptou ao colégio, não tinha amigos, não conseguia acompanhar o desenvolvimento da turma e por isso acabava se frustrando, que já não gostava de ir à escola antes do acidente e que depois só piorou.

Camila, uma babá perfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora