Capítulo 7

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Cristopher ficou me observando por um tempo, sem jeito, tímido, não parecia o mesmo que cantava nos palcos, extrovertido, determinado e talentoso.

Ele troca olhares com as imagem de Valerie jogadas na cama.

- Você a amava - Digo.

Ele olha novamente para mim e então um sorriso aparece em seu rosto.

- Valerie era incrível - Ele diz pegando uma foto dela - Eu ainda a amo.

- Tenho certeza que ela lhe amava também.

Ele sorri e me entrega a fotografia de Valérie sorrindo com seus cabelos soltos.

Eu observo a foto como se tivesse a visto pela primeira vez, a beleza dela era inigualável, o seu sorriso era encantador e contagiante.

- Ela era tão linda - Comentei.

Ele pega outra foto de cima da cama e então acaricia o rosto de Valerie na fotografia, ela estava de cabelos presos, com alguma bebida na mão sentada no banco do carona de algum carro, percebo seu carinho, o seu amor por ela, apesar de Valerie  ter falecido a alguns anos, Cristopher nunca a deixou de amá-la.


- Então Arabella - Ele pausa me encarando - O que você gostaria de ouvir? - Ele pergunta pegando seu violão no canto do quarto.


Pensei que ele iria me perguntar qual o motivo de eu e Eleanor estarmos no cômodo dele, ou que estivesse sentido falta de sua carta, mas não, ele perguntou qual a música que eu gostaria de ouvir ele cantar para mim, ao som do violão que acompanhava sua voz.


- Seria uma honra - Digo lhe sorrindo.

Ele posiciona o violão e canta uma música pela qual eu nunca havia ouvido, a música era calma como seu timbre, seus dedos dançavam nas cordas do violão fazendo um som maravilhoso, ele cantava olhando para mim, como se estivesse dedicado aquela canção para mim.

Seus olhos sinceros como a canção, me observavam fazendo-me ficar encantada.

Eleanor e Henrique sentaram ao nosso lado para ouvir Cristopher cantar, parecíamos amigos próximos que cantarolavam atoa por diversão.

Após sua canção ouvimos algumas batidas na porta, Cristopher disse que era seu empresário e que talvez teria alguns fotógrafos juntos e que não ficaria bom para a imagem deles ser flagrados com duas adolescentes no quarto.

- Eu não vejo problema em ficar aqui - Eleanor diz - Ninguém pode inventar histórias sobre nós, temos a verdade ao nosso lado.

As batidas ficavam mais fortes, e as vozes aumentavam atrás da porta.

- Eles não querem saber a verdade, eles gostam de fofocas, brigas alheias - Cristopher diz empurrando Eleanor em direção à janela - Você vai pular!

Ela o encara e me encara com uma aparência brava, talvez ela não tenha levado para o lado bom o que o Cristopher disse.

- Vamos dar o fora daqui - Eu cochicho em seu ouvido.

Enquanto Henrique gritava avisando que já iriam abrir a porta eu resolvo pular a janela, e em seguida Eleanor pulou também. Caímos no gramado do quintal da casa do Gabriel, ele era bem cuidado, com várias rosas e uma pequena casa na árvore, talvez ali era seu esconderijo de infância.

- Eles têm vergonha de ter nós como fãs - Ela comenta limpando sua roupa - Aposto que se fosse alguma modelo famosa eles iam pedir para ficarmos ou até tirarmos a roupa.

Eleanor não entendia o que os fotógrafos queriam, eles queriam alguma mentira, alguma foto concreta para poder inventar uma notícia pela qual um site de fofoca adorava. Eles faziam isso com meu pai, toda vez que Roberta era fotografada com ele os reportes inventavam legendas horríveis como se minha mãe fosse traída e que a família perfeita estava se desmoronando por culpa da suposta loira de batons vermelhos.

- Ele não tem vergonha de ter nós como fã - Digo enquanto voltamos para o estacionamento - Ele apenas está tentando evitar   fofocas ou algo que se torne polêmico.

- Tanto faz - Ela diz pegando a chave de sua bolsa para ligar a moto - Só quero beber e esquecer essa festa que não acabou como eu queria.

Eleanor parou em um mercadinho para poder pegar bebidas e cigarros.

- Você fica aqui esperando - Ela se volta para mim - Esse seu vestido de grife vermelho não é nenhum pouco discreto, tá na cara que você é a filha do prefeito.

Eu sorrio e então fico esperando Eleanor do lado de fora.

Percebo que um carro preto, familiar, passando por mim quase parando,  meu pai estava dirigindo ele e ao seu lado minha mãe, ligo a moto apressadamente e tento sair dali o mais de pressa possível. Saio do estacionamento e derrubo uma placa que dizia " proibido estacionar " e então aumento a velocidade. O  carro começa a me seguir, e então quebro em uma rua pela qual não conhecia me afastando de meu pai. A rua era escura, havia pouca iluminação, dois homens estavam caminhando em minha direção e se aproximando cada vez mais, tentei ligar a moto mas não conseguia, tentei novamente e perdi meu sapato, enquanto eu tentava sair dali os dois homens estranhos de roupas escuras e sujas se aproximavam, liguei novamentea moto e finalmente consegui sair dali.
Voltei para o estacionamento do pequeno mercado e avisto Eleanor com varias bebidas na mão me esperando do lado de fora do estabelecimento.

- Onde você estava? - Ela pergunta.

Balanço a cabeça em direção a moto para ela subir, ela arruma duas sacolas cheia de bebidas e então sobe.

- Tive que despistar meu pais - Respondi.

Ligo a moto e então vamos em direção à casa da árvore.

ArabellaOnde histórias criam vida. Descubra agora