Faça seu lar .

Capítulo 5

Arrumei a minha "mudança" em uma caixa que encontrei na dispensa e me acomodei, aquele quarto seria minha casa por determinado tempo, então me acostumaria a viver com a simplicidade .

-"Dyllan você não precisa ficar, eu vou ficar bem. Hoje ainda tem aula, vai lá e depois você volta."

-"Que se dane a aula Lindy, eu vou te ajudar aqui, sei que você precisa de mim agora, nem que seja só pra conversar."

-"É eu realmente quero que você fique, na verdade sempre quero que fique, fica aqui comigo, pelo menos até eu conseguir passar por isso, é complicado tomar uma decisão assim do nada."

-"Eu sei, eu sei como é. Também foi difícil deixar a Eliie quando decidi vim morar aqui - ele se deitou na cama e ficou me olhando por um segundo e então deixei a caixa no chão e deitei ao seu lado - sabe, ela também não queria que eu saísse de casa, foi bem complicado enfiar na cabeça dela que seria bom pra mim, quando Charlie falou que iria se mudar, eles começaram a discutir mas ele sempre foi bom com as palavras, a convenceu de que seria o correto a fazer e ela acabou por não protestar mais, já comigo foi mais complicado, ela tentou usar o drama de que eu deixaria o Tyller pra trás, sozinho com ela e eu usei isso como álibi, disse que estava deixando ele pra que ela não ficasse sozinha."

-"E funcionou ?" Pergunto. Bom, tudo o que sei sobre Tyller Strong é que ele estuda engenharia agrônoma, que é o mais novo dos irmãos, que também tem a fama de ser bom de cama apesar de estar sempre solteiro, ele foi o último a se mudar pra casa do Charlie e que seus genes não o deixam pra trás, talvez se eu tivesse o encontrado antes do Dyllan teria ficado com ele ... Afasto esse pensamento assim que ouço a voz de Dyllan recomeçar a conversa.

-"Bom, nos primeiros 6 meses sim, depois ele viu que ficar lá seria complicado pra ele também, conseguiu a dispensa do trabalho e conversou com o Charlie, depois veio a parte mais difícil, contar pra Eliie, parece que eles tiveram sérias discussões, talvez piores que as minhas e então ela resolveu que não ficaria sozinha, comprou a passagem de avião e foi morar com minha tia, sua meia irmã."

-"E vocês encararam isso numa boa ?"

-"Olha, não é fácil no começo, mas se formos analisar bem, tudo no começo é complicado, o desenvolvimento é a prova do quanto aquilo significa pra você e se o que você escolheu vale a pena, o resultado é apenas o desfrutar do seu esforço. Foi isso que eu pensei quando tomei minha decisão e até agora tem dado certo, se me arrependo ? Não. Poderia ter sido de uma forma diferente ? Creio que sim, porém a gente nunca prevê no que nossas atitudes resultarão, apenas pensamos no que é melhor pra nós e seguimos adiante." 

Dyllan devia ter feito alguma aula de poesia na vida, porque depois que escutei aquilo vindo dele só senti vontade de abraçá-lo e nunca mais soltar. Suas palavras eram tão calmas e calculadas que parecia que ele sabia o que eu devia e queria escutar.

Não falamos mais nada depois disso, ele simplesmente apoiou a cabeça na mão e ficou me olhando, estávamos lado a lado deitados na minha atual cama de solteiro era uma luta pra conseguirmos ficar os dois na mesma cama com algum espaço entre a gente, mas na realidade, eu não queria mesmo que houvesse espaço. Ali, iluminados pela luz do sol que entrava pela minúscula janela do meu quarto, me vi ao lado do melhor namorado do século. Olhei em seus olhos castanho-escuros e enxerguei mais do que paixão e desejo, vi a cumplicidade. Desci o olhar pra sua boca e me segurei pra não avançar neles e beijá-los, analisei todo o seu corpo, musculoso e torneado, com tudo na medida certa e ideal, voltei o olhar pro seu rosto, o formato perfeito, seus cabelos pretos,curtos e espetados. Acho que me enganei no pensamento, me vi diante do melhor namorado de todos os tempos.

Sim, me entreguei a ele tão rápido quanto pude e Dyllan não me decepcionou, fez jus a sua fama ali mesmo, na minha nova cama. Batizamos.

Logo a noite no mesmo dia, Dyllan foi pra casa e voltou uma hora depois com apenas uma mochila com seu blusão dos Maddox e um outro par de botas, ele dormiria ali comigo, o que me deixou radiante.

-"Lu não se importa do Dyllan dormir aqui né ?" Ainda não tinha perguntado a minha amiga - e dona do apartamento - se seria uma boa ideia ter Dyllan ali.

-"Olha, se conseguirem se equilibrar naquela cama de solteiro, por mim tudo bem . Ah aliás, se ele for usar o banheiro é melhor abaixar a tampa do vaso, ah e se isso for se tornar rotineiro que ele ajude na alimentação, sei que ele come igual um louco."

-"Ah se come." Falei brincando.

-"Ah não Lindy, vocês já ..."

-"Nananananão Lu, por favor, não me venha com essas perguntas idiotas, ele é o meu namorado, é meio óbvio."

-"Nada é óbvio quando se trata dos Strong Lindy, mas me fala, como ele é ?"

Olho em seus olhos e percebo que ela não quer saber literalmente como ele, tão pouco como ele é na cama, mas sim como ele é por dentro, digamos que ele é indecifrável, ninguém nunca ultrapassou suas barreiras de proteção, ele nunca conta seus segredos e nem se expõe de forma errônea.

-"Ah amiga, ele é um amor, pode ser que não pareça mas ele é, um fofo, sem falar que ele foi o primeiro que decidiu enfrentar meus pais mesmo sabendo que eles são um terror e sim, ele é mesmo bom de cama."

-"É, to sabendo, é a fama dele - rimos juntas- mas e seus pais Lindy ? Acha que eles podem vim aqui e sei lá, tentar te levar a força ?"

Até aquele momento eu não tinha parado pra pensar nisso, eu havia falado pra onde estava indo, eles poderiam aparecer por ali a qualquer momento e armar o maior barraco.

-"Eu não sei Lu, pode ser que sim e do jeito que são é bem provável que venham prontos pra alguma confusão."

-"E você fala assim tão calma ? Eu não quero nenhuma peça de móvel minha quebrada, por favor."

-"Relaxa Lu, não vamos brigar e nem quebrar nada, eu já deixei claro que não vou voltar pra casa se for pra brigar mais do que já brigamos, eles vão ter que entender que eu cresci e já consigo tomar conta de mim mesma."

-"E quando seria isso ?"

-"Não sei, não fiz planos de voltar." Digo e dou um sorriso de leve quando ouço uma batida na porta.

Era Dyllan. Nós jantamos e assistimos um filme enquanto Louise saia pra um encontro com um carinha do time de futebol.

-"Amor, acha que seus pais não podem resolver vim aqui ?" Ele pergunta enquanto estamos deitados agarradinhos no sofá da sala.

-"Você e a Lu estão muito negativos, ela me perguntou a mesma coisa hoje mais cedo e a resposta é a mesma, eles sabem que estou aqui, seria muito desagradável se viessem, porém, eu não voltaria pra casa se não fosse o meu momento certo pra isso.

-"E quando será o momento certo pra você voltar ?" Me pergunta ele com a voz baixa e os olhos tristes, tento entender o porque daquela expressão e então o olho séria e repondo.

-"Não sei Dyllan, talvez eu não volte." Digo por fim.