Um só coração - CAPITULO FINAL

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   — Morreu aí dentro, Byah? Lembre-se que eu também preciso tomar um banho! - Tae falou divertido do outro lado da porta. 

   Encarei meu reflexo acabado mais uma vez. Meus olhos vermelhos devido ao banho que eu havia tomado, meus cabelos ainda úmidos, minha face triste e rosada.

   Eu não sabia qual o meu emocional naquele momento. Era uma mistura de angustia, raiva, medo, desprezo, calor, frio, vergonha... Tudo estava ali, misturados. 

   — Byah?! - a voz dele estava mais próxima, bem perto da porta, não mais divertida e brincalhona, agora um misto de preocupação, bem fraca e rouca. — Você está bem ai dentro? Aconteceu alguma coisa?

   Foi involuntário, eu apenas abri a porta e joguei meu corpo no dele, abraçando-o.

   Eu não sabia por que estava o fazendo, mas eu não estava ligando muito para as consequências, eu só queria um abraço do meu melhor amigo. Acabei por fungar, colando minha cabeça em seu peito e sentindo seus braços envolver meus ombros, me confortando.

   — O que houve?

   Não o respondi, apenas permaneci em silêncio, abraçando-o mais forte e fazendo-o se calar. Ele com certeza havia entendido que eu não queria conversar, queria apenas que ele me abraçasse.

   Ficamos um tempo ali, não muito longo, mas o silêncio fazia tudo parecer mais demorado. Minha respiração ficou cada vez mais acelerada e quente, aquilo estava ficando estranho demais para mim, então desvinculei o abraço e mantive uma distância na qual eu considerei segura.

   O que estava acontecendo comigo eu não sabia, mas o que eu sabia era que aquilo era demais e eu precisava de um pouco de ar.

   — Você está bem? - falou se aproximando de mim, apenas preservei a distância segura entre nós me afastando mais um pouco. — Eu fiz alguma coisa?

   — Não, você não fez. Eu só preciso de ar... vou ali respirar um pouco. - falei e sai apressada até a sacada do quarto, abrindo bem a janela que impedia o vento frio entrar. 

   Olhei de relance e pude notar que ele entrou no banheiro para tomar banho. Apenas respirei fundo e tentei tirar de mim todo aquele misto de sentimentos.

   Voltei para o quarto e me deitei na cama que deduzi não ser dele, pois era a única das duas, que ali tinham, que estava arrumada. Me cobri até o pescoço, virando-me para o lado da sacada e olhei para a noite estrelada que estava do lado de fora.

   Esperei meus olhos se fecharem, mas isso não aconteceu. A porta do banheiro foi aberta e eu não resisti em dar uma pequena olhada de lado.

   Ele estava vestido, mas enxugava seus cabelos com uma toalha branca. Me arrumei na cama, continuando virada para o lado oposto a ele e fechei meus olhos bruscamente, me forçando a respirar bem fundo e tentando acalmar meu corpo, que estava ficando cada vez mais quente.

   O que merda estava acontecendo comigo naquele dia? Não bastava ter me perdido no meio do mato, ter quase apanhado, ainda tinha isso para piorar meu dia?

   O que eu havia feito de tão ruim pra merecer isso? Eu estava começando a me arrepender de ter aceito dormir nesse quarto.

   O mais estranho para mim era que, antes disso, ele já havia dormido na minha casa varias vezes e em nenhum momento chegou a ser incomodo. Ele era como meu irmão e isso deveria continuar a ser assim por mais tempo, muito mais.

   A luz do quarto foi apagada, o quarto passou a ser iluminado com a luz da lua e das estrelas, estava uma noite confortável para aproveitar e dormir bem, mas eu não conseguia pregar meus olhos, mesmo que eu os forcasse a isso. 

Um é demais, imagine sete. (Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora