Capítulo 1

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O impacto do chute em seu estômago a enviou para o chão, fazendo com que ela ficasse um pouco desorientada. Sua visão foi preenchida por alguns pontos pretos e sua boca pelo gosto metálico de seu próprio sangue.

- Você não deveria ter me atrapalhado, garotinha. - disse o vampiro se ajoelhando sobre ela. Um joelho em cada lado de seu corpo.

- Vai se ferrar! - xingou olhando em seus olhos, tão negros quanto piche e ele rapidamente levou uma mão a sua boca e outra a sua garganta, sufocando-a.

Quando chegou naquele beco escuro não se surpreendeu ao encontrar o vampiro em meio a uma "refeição" e não pode se poupar um pequeno sorriso. Não porque não achava cruel o fato de aquela simples humana estar agora caída ali perto, talvez sem vida, mas porque tinha acabado de encontrar sua própria presa.

Caçar estava no seu sangue. Elora fora aquela que despertara todo esse desejo por luta quando começara a lhe ensinar desde que ela era criança. No entanto, caçava apenas criaturas como ele... criaturas das quais ela também tinha herdado parte seu sangue.

Começou a tossir, sufocando e ofegando por ar. Tinha segurado os pulsos do vampiro instintivamente quando ele a agarrara, mas os soltou dando-se conta de que aquilo não a levaria a lugar nenhum. Ele por sua vez, tomando o ato como desistência, afrouxou o aperto a mordeu sua nuca. Sentindo uma dormência se espalhar vagarosamente por seu corpo, ela levou uma mão a cintura, onde pegou um pequeno punhal de prata que estava preso em um dos passadores de seus jeans. Em um movimento rápido o plantou no estômago do vampiro que sibilou, se jogando para trás. O local onde o havia perfurado agora fumegava e chiava baixinho, como metal quente tocando a água. O punhal ainda em suas mãos estava parcialmente coberto de sangue negro.

Ela levantou, ainda tossindo e lambeu os lábios, limpando o sangue. A dormência em seu corpo estava amainando, mas ainda restara uma sensação esquisita na sua nuca. A sorte que tinha, era que graças ao sangue de vampiro presente em seu corpo, se recuperava rapidamente.

- Sua prostituta! - rugiu o vampiro erguendo-se e velocidade inumana e jogando-se em sua direção.

- Você se superestima. - falou em voz monótona girando fora do alcance dele. - Criaturas como você devem parar de subestimar os Dhampirs. Isso sempre os leva a morte.

- Você não é uma Dhampir comum. - ele disse com ódio nos olhos após ela se desviar de outro de seus ataques. - Seu sangue tem um cheiro e gosto diferente. O sabor de outro tipo de mestiça.

Ela revirou os olhos.

- Porque complicar as coisas quando já temos um termo tão bom a se usar? - sorriu de maneira predatória, revelando as próprias presas. - Dhampirs são mestiços, embora não da minha espécie, mas, de qualquer forma, não interessa o que sou. Basta saber quem sou. A sua morte. - franziu o nariz. - Esqueça, essa frase soou bem melhor na minha cabeça.

Avançou abrindo um arco no ar com o punhal. O vampiro se afastou mas ela voltou a investir, sempre chegando mais perto. Ela era uma boa lutadora e o único motivo de ele ter conseguido a melhor no começo da luta, era apenas pelo fato de ter acabado de se alimentar. Não que o fato de ele ter também ingerido um pouco de seu próprio sangue fosse algo calmante.

Parou mais um dos chutes dele com os antebraços, mas foi forçada para trás e bateu as costas contra uma das paredes do beco.

Tá legal, pensou, sentindo uma leve dor irradiar em suas costas. Cansei de jogar limpo.

Cerrando os dentes com irritação jogou uma mão na direção do vampiro que foi lançado contra a parede oposta como se alguém o tivesse empurrado.

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