Capítulo 8

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Aquele era definitivamente o colégio mais interessante no qual Erin tivera o prazer de entrar no ano inteiro.

Primeiro aquela garota de sangue fae, depois o diretor metamorfo e agora… ele. O que ele era? Tinha sangue vampiro e humano pelo que ela podia sentir, mas havia algo mais. Algo que ela certamente não havia sentido antes. E, ah, como queria descobrir o que era.

Erin então percebeu que estava sorrindo.

– Me perdoe senhorita, Madden – disse o diretor. – Hyden não costuma agir…

– Com licença – ela se levantou pegando todos os documentos que haviam lhe sido entregues por ele, incluindo um passe para a primeira aula e seu novo horário. – Vou tentar resolver essa situação desconfortável.

Pegou a mochila e saiu, sem se incomodar em prestar atenção na reação do diretor, passando pela sala da secretária e saindo para fora. Olhou de um lado para o outro do corredor, no entanto não viu Hyden em lugar nenhum. Ele teria arriscado ir para a sala de aula como se nada daquilo tivesse acontecido? Bem, ele chegara atrasado, então precisaria de um passe para isso. Um passe que ele não pegou afinal.

Soltou um suspiro, mas não por estar desgostosa da situação. Ela sabia, tinha contado a Elora sobre o pressentimento de que algo interessante estava para acontecer naquela manhã, embora não imaginasse o que poderia ser. Se ela soubesse que esse algo seria um garoto lindo de morrer com os olhos azuis-escuros mais intensos que já vira na vida, e cuja espécie lhe fosse algo indecifrável, teria se arrumado mais. Embora isso fosse mais que desnecessário.

E ela também tinha que se lembrar de algo mais. Sua regra de “não se meter com quem quer que possa lhe causar um problema em potencial”. Hyden parecia um problema. Considerando que essa regra partia dela apenas para acalmar Elora, Erin sabia que esse tipo de coisa apenas a atraía de uma maneira extremamente divertida.

Enquanto caminhava pelos corredores agora vazios deixava seus pensamentos vagarem para longe, testando várias possibilidades em sua mente.

Sim, ela tinha agido como uma má menina quando vira Hyden. Geralmente tratar os caras com deboche e sarcasmo, mesmo sem ter dito palavra alguma não é um bom modo de aproximação, mas isso não explicava a maneira imediata como ele tinha agido. Erin viu a tensão nele. Sua expressão de raiva contida. Ela nunca o tinha visto antes, tinha certeza, mas sabia que o que Hyden mostrara em seus olhos – além de todo ódio óbvio e, incrivelmente, temor. – tinha sido reconhecimento.

Aquilo a deixara curiosa.

Aquilo agora a fazia pensar se estar a caçá-lo em seu novo colégio e em seu primeiro dia de aula era a coisa certa a fazer. Certamente não se encaixava no quesito 'segurança'. Aquele pensamento a fez apressar ainda mais o passo. Sentia a adrenalina começar a pulsar em seu corpo diante de todas as possibilidades do que poderia acontecer.

Será que alguém sabia sobre ela? Sobre Elora? Será que todos aqueles anos que passaram se escondendo haviam sido mera perda de tempo? Não, não poderiam ter sido, aso contrário sua cabeça já teria sido entregue em uma bandeja de prata há anos a rainha das bruxas.

Esses pensamentos ironicamente não a incomodavam mais do que a possibilidade de Hyden ter sequer sentido raiva dela. E fugido.

Ninguém dispensa Erin NightShade. E ninguém, absolutamente ninguém, está permitido a olhá-la com qualquer parcela de desprezo que seja. Dane-se o fato de ela conhecer a pessoa – Ser – ou não. Geralmente ela recebia olhares como aqueles dos vampiros que caçava.

E todos eles ganhavam, no fim, o mesmo destino: a morte.

O que era realmente uma pena. Hyden era bonito demais para morrer. Ou para ser morto no caso.

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