Capítulo 4

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Hyden nunca conseguiu compreender sua mãe, mas tinha que admitir que nunca se esforçou o suficiente. Paciência não era o seu ponto forte e era hábito seu perder o interesse nas coisas rapidamente. Geralmente quase tudo lhe entediava. Ouvir as palavras de Mikaela foi algo semelhante a um banho de água fria, que o despertou por completo para aquele momento.

– Noiva? – ele se viu repetindo. A confusão era explicita em suas palavras. – Do que você está falando?

Mikaela deu um meio sorriso, balançando o dedo indicador de frente ao rosto dele.

– Tsc, tsc, tsc, querido. Não tão rápido. Isso não é algo que possa ser discutido em uma situação como essa e eu não posso manter o tempo parado por muito mais tempo.

Ele sabia disso. Parar o tempo não é exatamente natural, altera o conceito de equilíbrio, sem falar que consome muito aquele que praticou tal ato. Mikaela não parecia estar fazendo o menor esforço, no entanto aquilo era de fato arriscado.

– O que quer que eu faça? – questionou impaciente.

– Volte para casa. – disse ela, como se fosse bastante óbvio. – Nos encontraremos lá.

Não havia escolhas.

Dando-lhe as costas, Hyden disparou pela noite cinzenta e ainda assim, pode escutar o estalar de dedos de Mikaela alguns segundos depois. O som ecoou e o mundo voltou a suas cores normais.

Em meio a irritação por sua mãe não ter-lhe contado o que estava querendo dizer, um pensamento cruzou sua mente: Os irmãos Anderson não deveriam estar nada felizes. Eles perderam sua presa...

Mais uma vez.

***

Os segundos pareciam se alongar a medida que o elevador subia para a cobertura.

Hyden estava impaciente. Mikaela parecia ter o dom de saber como deixá-lo em tal estado. Ele sabia que o que ela havia dito era ridículo, não poderia ser verdade... exceto por um detalhe: Mikaela nunca brincava.

Percebeu como estava tenso no instante em que saiu do elevador. Respirou profundamente, abriu a porta do apartamento e entrou com presa, recebendo um olhar breve de seu irmão, que estava sentado no sofá, aparentemente concentrado no mecanismo de uma balestra composta.

Embora o porte físico de ambos fosse bem parecido, a primeira vista seria praticamente impossível identificá-los como irmãos. Hyden tinha cabelos castanhos naturalmente bagunçados, olhos de um tom de azul-escuro e pele clara, ao passo que Gabriel tinha pele morena, cabelos pretos com o corte em estilo militar e olhos dourados. Olhos que o faziam lembrar de Mikaela o tempo inteiro.

– Noite ruim? – perguntou Gabriel, desviando sua atenção da balestra e olhando para ele.

Hyden parou a caminho de seu quarto e se virou de frente para seu irmão, soltando uma risada amarga.

– Os irmãos Anderson apareceram de novo.

– Mas isso não é nenhuma surpresa. Imagino que algumas pessoas estejam desesperadas para te ter na aliança.

– Eu sei, seria um golpe de mestre. – admitiu. – Infelizmente não foi apenas a tentativa fracassada deles. Mikaela apareceu e veio com uma conversa estranha de que minha noiva tinha acabado de chegar em Londres e...

– Noiva?! – Gabriel largou a balestra sobre a mesa de centro. O impacto dos dois objetos causou um som desagradável que provocou sua audição aguçada. – Que noiva?

Hyden suspirou.

– Eu já te contei sobre isso antes. No acordo que Henrique e Santiago fizeram antes do nascimento das gêmeas.

Sabor De SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora