Capítulo 3

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Esperar duas horas no aeroporto e passar mais de sete no avião não tinha sido nenhum pouco divertido. Essa sempre era a pior parte em se mudarem, na opinião de Erin. Usar os portais faire era uma coisa, mas ir de avião significava apenas horas de tédio. Pouco depois de chegarem, Elora conseguiu alugar um carro e Erin mais que alegremente se jogou no assento macio e confortável. Estava exausta.

Ela observava a noite das ruas de Londres com a cabeça encostada no vidro da janela e o som de uma das músicas de Linkin Park explodia em seus ouvidos. Incrivelmente aquilo lhe acalmava e a fazia se sentir mais leve. Mas estava consciente de que havia algo errado. Elora não havia falado uma palavra desde que começou a dirigir.

Erin a olhou de esguelha percebendo sua expressão evidentemente preocupada e aquilo a incomodou. Não gostava de vê-la assim. Tirou os fones de ouvido e guardou o iPod na bolsa, para só então virar-se para Elora.

Nota mental, pensou consigo mesma. O cinto de segurança e o trânsito atrapalham a beça na hora de uma conversa entre mãe e filha.

- Mãe, você está bem? - indagou com cautela, procurando ver um vestígio de algo que pudesse denunciá-la em sua expressão. Elora raramente mentia, mas quando o fazia, era de um modo irritantemente perfeito.

- Não é nada demais, querida. - falou e sorriu fracamente. - Apenas me sinto um pouco culpada. Queria tanto te dar uma vida normal e aqui estamos nós, mudando de país em país, sempre nos escondendo. Você tem apenas quinze anos, deveria estar em uma escola normal, rodeada de amigos...

Erin riu interrompendo-a.

Aquela conversa de novo não...

- Bobagem, eu posso fazer amigos onde quiser. - passou os dedos entre as mechas curtas e escuras do seu cabelo que haviam se soltado do rabo de cavalo. - Além disso, que outras garotas tem a chance de estar sempre se mudando para uma cidade mais incrível que a outra? Olhe só para nós, estamos em Londres! - sua voz parecia verdadeiramente animada, mas tudo que ela sentia no momento era vontade de se jogar em uma cama quentinha. Seu vestido curto não combinava muito bem com o clima de Londres. - O clima deixa a desejar, óbvio, mais as lojas compensam. Nunca vou ficar enjoada. Ser perseguida por um vampiro ou dois no processo, é apenas um pequeno preço a pagar.

- Nem mesmo mencione isso! - repreendeu-a o que a fez suspirar. - Erin Rosalya, eu sei que você possui muito poder, mas quero que tente se manter longe de encrencas o máximo possível, está certo?

- Entendido, oficial Elora. - ela prometeu solenemente fazendo sua mãe revirar os olhos.

Bem, Erin havia feito uma promessa e tentaria cumpri-la, mas o que podia fazer se os problemas a perseguiam onde quer que ela fosse e seu sangue sempre clamava por luta?

♡♡♡

A neve espessa encobriu o barulho dos passos acelerados, mas nada pode fazer pelo som do riso da garota, que ecoou. Ela parecia estar achando aquela perseguição extremamente divertida, o que sem surpresa alguma divergia completamente com a opinião de Hyden.

Mas não poderia ser diferente, pensou consigo mesmo. Ser a presa nunca é divertido.

Esse era um dos pontos em que os mundos animal, humano e sobrenatural colidiam. O outro era: Apenas os fortes sobrevivem. E ele era o mais forte nesse jogo de caça, onde podia facilmente inverter os papéis, mas sua honra o impedia. Não é que ele se importasse com a vida daquela garota, apenas sabia que ela não era uma ameaça real. Ao menos não para ele.

O céu estava escuro e encoberto por nuvens, não se via a lua em lugar nenhum. Todas as pessoas pareciam ter se trancado em casa naquela noite fria, se não fosse por eles e pelo barulho do trânsito ao longe, tudo seria silêncio. Aquela não era uma parte muito movimentada de Londres.

Sabor De SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora