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A sala ficou em puro silêncio até a Chrissy decidir falar.

-Eu vou apanhar ar.-Ela avisou antes de dar meia volta e ir em direção à saída.

-Sim, claro que vou contigo, Chris.-O Jack respondeu, enquanto a seguia.

Não tardou a que eles saíssem e nos deixassem ali, a olhar um para o outro, completamente parados. No entanto, no preciso momento em que a porta se fechou, um suspiro desesperadao escapou dos lábios do Luke e ele olhou para mim preocupado.

Eu vira aquele olhar antes.

Ele ficou a olhar para mim e eu para ele. Achei que podia tentar comunicar com o olhar, tentei perceber o que lhe passava pela mente mas a única coisa que entendi foi que ele estava partido, aos pedaços, completamente gasto e farto. Mas houve algo estranho que detetei no seu olhar: ódio. Não era um ódio qualquer, era contra si próprio.

-Não, Melissa.-Falou sério e frio, cortando o silêncio.-Não vai ficar tudo bem.

Franzi o sobrolho, extremamente confusa, e foi então que ouvi as sirenes da ambulância. Levantei-me, estranhando aquilo e depois olhei para o Luke à espera das respostas que ele não me deu.

"O Luke está bem, porque é que a ambulância está..." Nem acabei o meu próprio pensamento.

Olhei para a extremidade do prédio. Olhei para o rapaz novamente e ele começou a chorar ainda mais. Voltei a fitar aquele local enquanto a preocupação e medo que sentira antes voltavam a crescer em mim. O barulho das pessoas a falarem tornou-se ms forte, como se escolhessem o meu mundo. Não me aproximei da ponta do prédio, apenas olhei para queres sitio, fiquei presa nos meus próprios medos.

A sirene da ambulância começou a ficar mais próxima, estava a aproximar-se. E foi então que, a medo e por entre uma troca de olhares com o rapaz loiro, que continuava num choro compulsivo, me aproximei do pequeno muro que era o final do prédio, o meu coração saia-me do peito.

E o meu mundo desabou. Dei um salto para trás mal me debrucei sobre o muro. Abanei a cabeça em negação compulsivamente e as lágrimas de desespero caíram em menos de uma milésima de segundo.

-Não! Não, não, não! Não!-Neguei múltiplas vezes, antes de me aproximar outra vez, para confirmar o inevitável.

Ele estava lá em baixo, deitado no chão, já não era ele, provavelmente não era ninguém, apenas um corpo e, por momentos, tudo o que Michael Clifford deixara neste mundo fora mágoas.

Os meus olhos estavam húmidos e engoli em seco enquanto me esforçava para não soluçar.

Foi então que ele olhou para baixo, cortando assim a ligação entre ele e aquele maldito dia. Ele deu meia volta, sentou-se num dos bancos da sala, dando um murro enraivecido na parede quando lá chegou. E por momentos consegui distanciar-me. Ver a imagem toda. Ao vê-lo a encostar a cabeça à parede como se todos os seus esforços fossem desnecessários, como se ele perdesse a esperança, percebi que estava a arruinar a sua seguida em frente.

E desabei em lágrimas. Um choro que há muito estava guardado. Desde o momento em que menti a mim mesma e disse que já conseguia seguir em frente. O rapaz sentado levantou o olhar para me encontrar ali, no meio da sala, completamente vazia. E vi nos seus olhos o medo, medo das ações, medo da reação, medo de mim.

Não sei como, nem acho que algum dia saberei, mas depois de abrir e fechar a boca múltiplas vezes, pois as palavras eram complicadas, não de dizer, mas de sair, engoli o orgulho:

-Desculpa.-Falei entre soluços, o mais rápido que pude.

Ele franziu o sobrolho e levantou-se, caminhando lentamente até mim. Erro o seu de me olhar nos olhos. As paredes voltaram a erguer-se e eu olhei para o chão, repreendendo-me por ter pedido desculpa a quem poderia ter matado o Michael.

-Desculpa.-Ele pediu fraco.

Levantei o olhar para o encontrar a olhar para os seus pés.

-Não desculpo.-Falei, limpando as lágrimas.

-Eu desculpo-te.-Ele disse, levantando a cabeça e encarando-me.

E acho que pela primeira vez percebi. Algo que devia ter feito há algum tempo. Sim, ele tinha feito um erro horrível, mas não era a vingar-me com comentários irónicos que eu iria a lado algum.

O melhor para seguirmos em frente não é vingar-nos de quem nos magoou ou quem magoou outros, o melhor é perdoar.

Era pena, eu não o conseguir fazer. Afinal de contas, estava longe de seguir com a minha vida.

Muitas pessoas não conseguem perdoar apenas. Ficam com pontas soltas na história da sua vida, ou porque o erro que a pessoa cometeu era grave, ou porque só perdoam se a pessoa pedir desculpas e ela não pediu, ou porque são muito orgulhosas para aceitar que o devem fazer. Eu odiava pontas soltas e a minha vida já tinha muitas, mas não conseguia dizer estas simples palavras ao rapaz que se encontrava à minha frente 'eu perdoo-te'.

-Eu sei o quão difícil é.-Ele cortou os meus pensamentos, limpando uma lágrima que ficara na minha face, fazendo-me olhá-lo confusa.-Engolires o orgulho e pedires desculpa a quem ma...poderia matar o Michael. Eu agradeço por isso, Liss.

-Mel.-Corrigi.-Já te disse que me chamas Mel.

-Só não te queria irritar mais.-Ele desculpou-se, mordendo o lábio interiormente.

-Eu sou muito irritadiça.-Concordei e ele deu uma pequena gargalhada, mas o meu olhar triste e rígido permaneceu.

E a porta abriu de rompante, entrando, de seguida, a Chrissy, o Jack e a Senhora Mathews na sala.

-Bem, vamos lá ver se este intervalo vos ajudou.-A professora de dança disse, enquanto o Jack fechava a porta e a Chrissy se sentava no banco onde estivera anteriormente.

Escusado será dizer que, apesar de tudo, eu e o Luke não conseguimos acertar com o passo.

⭐⭐⭐⭐⭐

Passei-me e fiz double update sem responder aos comentários que tenho para trás *facepalm* amanhã faço uma maratona de respostas aos maravilhosos comentários das Streeters.

Dedico este capítulo à @lashton_4_ever! Espero que tenhas gostado deste pedaço de história ❤❤❤

Comentem o que acharam?

Da atitude da Melissa.

Do que ela se apercebeu.

Da atitude do Luke.

Dos seus maravilhosos olhos azuis eheheh

Tenho de ir dormir agora kk

Byeee

The 1st Street || Luke HemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora