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Olhei para a Senhora Williams e rezei para que ela não dissesse o que eu pensava que ela ia dizer.

-Como sabes estamos num período difícil aqui na loja e...não podemos ficar com os funcionários todos. Eu sei que tens passado por um período difícil mas não podes continuar a trabalhar aqui.-Ela disse exatamente o que eu estava a pensar que ela ia dizer.

-Ok.-Apenas respondi, mordendo o lábio de frustração.

Ela abriu os braços e sorriu calorosamente, abraçando-me de seguida.

-Foi um prazer ter-te aqui, espero que fique tudo bem.-Ela sussurrou antes de se afastar e de se voltar a sentar na cadeira da sua secretária.

Saí então do seu escritório, indo em direção à saída daquele estabelecimento, sem receber nenhum sorriso ou algo do género da parte das minhas colegas que também trabalhavam naquela loja de roupa.

Suspirei, contendo as lágrimas, quando cheguei à pequena rua em frente ao meu recente antigo local de trabalho.

Poderia ficar pior? Questionei-me enquanto uma súbita rajada de vento soprava, fazendo os meus cabelos esvoaçar.

Peguei no meu telemóvel, que guardara na minha bolsa, e liguei ao Casey. Ele não atendeu, apesar de eu ter esperado muito tempo e de ter insistido muitas vezes.

Eu pecisava mesmo de falar com alguém antes de explodir completamente, por isso procurei outra pessoa nos meus contactos e o única pessoa que achei que me pudesse ajudar foi o Calum.

***

-Vou ser honesto contigo, Lissy.-Ele admitiu, enquanto pousava a chávena de café da qual estava a beber, na mesa de madeira daquele estabelecimento à beira do meu prédio.-O Luke é uma pessoa lixada. Ótimo rapaz mas uma completa confusão. Eu conheço um bocado do passado dele e não é lá grande coisa. Tu estás uma completa confusão. Não precisas, de todo, de alguém que também esteja assim. Ainda por cima, dado o que aconteceu com o Michael e com o boato que ele criou. O melhor, no meu ponto de vista, é dividir a casa com a Coll.

Olhei para ele enqunto acabava de comer o pão com manteiga que pedira.

-Eu não gosto da miúda.-Revelei, recostando-me na cadeira.

-Porquê?-Questionou o rapaz.

-Ela não me parece de confiança, sei lá.-Desculpei.

-Acho que só estás a fazer desculpas, Liss. Achas que aquela casa é a única recordação mais viva que tens do Michael e não queres partilhá-la com ninguém.-Ele deduziu e eu engoli em seco.

Nunca tinha pensado naquilo daquela maneira e ainda abri a boca para ripostar, mas impedi-me de dizer alguma coisa no milésimo de segundo em que entendi que, em parte, ele tinha razão.

-Não é preciso dizeres que eu tenho razão.-Falou o rapaz à minha frente.-Eu compreendo-te, a sério. Mas tens de seguir em frente.

-Como assim?-Questionei irónica.-Como posso seguir em frente se ainda há esperança dele acordar? E seguir em frente com o quê? Com algo que ainda é incerto? Com algo que ainda não acabou?

-Com a tua vida, Liss.-Ele cortou o meu questionário incessante.-Há um risco quando nos apegamos a alguém. Mas se essa pessoa partir ou estiver em risco de ir embora, não podemos deixar a nossa vida ir com ela, mesmo se considerarmos essa pessoa a nossa vida. Tenho a certeza que ela quereria que nós seguissemos em frente. Estás tão focada em encontrá-lo que te perdeste a ti própria.

The 1st Street || Luke HemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora