0.7

1.9K 214 67
                                    

Fechei a porta atrás de mim com o meu cotovelo e levei a caixa cheia de roupa até ao quarto do Michael. Ou melhor, o quarto da Colleen.

A rapariga seguia à minha frente com mais uma caixa cheia de roupa. Nem foi preciso companhia de mudanças, as únicas coisas que ela trouxera foram produtos de higiene, roupa e sapatos.

-Não tens nem mobília nem nada que se pareça?-Questionei quando ambas chegámos ao quarto, que até então estivera vazio, e pousávamos aqueles pesos que traziamos.

-Sou um espírito livre, não posso ter muita bagagem.-Explicou, sentando-se na cama.

-Uma moldura não ocupa muito.-Reparei e ela abriu a caixa à sua frente, retirando de lá uma fotografia.

-Eu e o meu pai.-Sorriu, mostrando-me a foto de uma menina de cabelos curtos e escuros, ao colo de um homem alto e de fato. De seguida, ela passou a mesma na mesinha de cabeceira.-Não foste ao jantar de natal do grupo de apoio.-Reparou, olhando para mim.

-Eu sei.-Apenas disse, encostando-me à ombreira da porta.

-O que eu quis dizer foi: porque é que não foste ao jantar de natal do grupo?-Reformulou a frase pois, ao contrário de toda a gente que me conhecia, ela não sabia que eu não era dada a detalhes.

-É suposto passarmos a época natalícia com a família e amigos. Não me sinto em casa lá, e não acho que vocês se achariam em casa comigo lá, não valia a pena ir.-Esclareci.

-Quero que saibas que sentimos todos a tua falta.-Ela assegurou, sorrindo levemente.

Tretas. Pensei mas não pronunciei essa palavra.

-Como é que vais fazer quando o Michael acordar?-Questionei, desviando completamente o assunto, perguntando aquilo que lhe queria perguntar desde o momento em que lhe disse que ela se podia mudar.

Ela ficou subitamente tensa e desviou o olhar para a moldura que pousara anteriormente na mesinha.

-Lá me vou ter que arranjar.-Respondeu hesitante.

-Eu não quero ser rude, claro.-Falei sem ter a certeza se estava a ser honesta.-É só que convém teres um plano B para não seres despejada.

Ela assentiu.

-Liss, porque é que...-Ela foi interrompida pelo som da campainha e eu agradeci mentalmente a quem decidiu me or visitar naquele preciso momento.

A última coisa que eu queria era ficar ali a falar com aquela miúda. Ou pelo menos, era isso que eu pensava, até ir abrir a porta e dar de caras com aquele bastardo patético e o seu cabelo perfeitamente penteado.

-O que queres, Albert?-Questionei, controlando-me para não lhe fechar a porta na cara.

-Falar contigo.-Respondeu.

Assenti lentamente e tentei fechar a porta, mas ele impediu-me de a fechar pondo um pé entre a mesma.

-Deixa-me falar contigo.-Pediu.

Juro que só não fiz um alarido porque estava com dores de cabeça naquele dia. Em vez disso, abri a porta e lancei-lhe um olhar cortante.

-Tens um minuto.-Disse seca.

_Finalmente, estou à espera desse minuto há...-Interrompi-o.

-Trinta segundos porque me estás a irritar.-Informei.

-Mel!-Resmungou.

-Dez segundos porque o meu nome é Liss.-Encurtei o tempo e ele deu meia volta, bufando e indo em direção ao seu apartamento.

The 1st Street || Luke HemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora