Capítulo 7 - A Traição

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18 de Dezembro de 2014

Quinta-feira

1:34PM


Merda. Mil vezes merda. Infinitamente merda.

Mais uma vez, errei o lugar onde minha mãe escondeu meu celular. E parece que ele não guarda nada de pessoal dentro do seu guarda-roupa. Só papéis indicando pagamento dos funcionários da enorme empresa dela e do meu pai. Eu queria saber onde ela guarda suas coisas mais íntimas. Descobriria os segredos dessa mulher com quem convivo diariamente, que me odeia fortemente e que seu desprezo me faz ter esperança de um futuro melhor. Nada. E meu celular também não está lá.

Estava num banquinho procurando na parte mais alta do guarda-roupa quando sou surpreendida com Thomas me chamando.

- Lara?

Com esse inesperado acontecimento, minhas pernas balançam e o meu apoio cai no chão, enquanto eu fico dependurada no guarda-roupa. Minhas mãos apertam bem o apoio e eu grito. Thomas vem correndo me ajudar e logo ele põe as mãos no meu quadril, me abaixando de volta ao chão. Meu coração bate muito rápido. Minha testa está suando e meu cabelo está grudado no rosto.

- Merda, Thomas! – grito com ele e o bato. Ele começa a rir e nós dois caímos na gargalhada. Minha respiração já estava acalmando e minhas pernas não tremiam mais. O susto havia passado. – O que você estava fazendo na porta?

Ele olha para mim incrédulo. E eu imediatamente sei o que ele está referindo. E ele está lindo fazendo aquela cara, e fica lindo fazendo qualquer outra cara. "Te odeio fortemente Thomas. Mas eu não te mato porque você é meu irmão." Penso para ele.

- Eu, Lara? – pergunta ele com ironia. – E eu posso saber o que você estava fazendo, fuxicando o guarda-roupa de nossos pais?

- Em primeiro lugar, eles não são meus pais. – olho de cara feia para ele – Em segundo, estava procurando meu celular. Não vou passar o fim de ano sozinha e triste.

Ele olha pensativo para meu rosto e novamente me encara com aquele olhar de dó. Meu desejo era bater tanto nele até a sua cara amassar e ele parar de fazer essa carinha para mim. Eu não quero que tenham dó de mim. Quero ser vista como uma guerreira e não como uma mulher frágil. Eu não sou uma mulher frágil. E odeio que pensem que eu sou. Ninguém vai me fazer mudar.

- Sabe, eu já tentei procurar. Nossa mãe... – ele para quando eu olho de cara feia para ele. – Minha mãe não é uma mulher muita aberta. Não deixaria qualquer item pessoal que posso destruí-la no futuro ficar em um espaço tão acessível para qualquer um.

Solto um suspiro longo e sonoro. Sento no chão e ponho as duas mãos na minha cabeça. Fecho os olhos e respiro fundo. Eu preciso encontrar aquele celular. Tinha avisado para Marta encontrar com Ted e avisá-lo que eu não poderia encontra-lo. Eu tinha mandado uma mensagem para ele, mas este não a viu. Então Marta se dispôs a avisá-lo. Mas eu ainda poderia encontrar Ted. Eu só precisava do meu celular de volta.

- Você não entende Thomas. Eu preciso desse celular. É a minha vida que está em jogo. Meu futuro amoroso. Eu ainda posso lutar pela minha felicidade. Enquanto houver esperança, haverá Lara. Onde houver sexo também

Ele solta uma gargalhada e me ajuda a levantar com o braço. Nós vamos rimos até a sala e aí nós sentamos. Clara e Max não estão em casa, o que eu dou graças a Deus. Mama está pagando as contas e Rony deve ter ido a outro campeonato de videogame.

- Olha Lara, concordo com você. Está muito chato aqui sem celular e não tem como avisar os amigos onde eu estou e marcar para sair com eles. Sinto muito, mas vamos ter que esperar até o ano acabar mesmo.

Lara Apaixonada...Onde histórias criam vida. Descubra agora