Capítulo 11 - O Novo Homem

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2 de Fevereiro de 2015

Segunda-feira

6:10AM


O bom de ter mudado de escola está no fato de eu nunca mais ter que olhar para a cara medonha de Marta e fingir ser sua amiga. O outro lado positivo é que eu não teria que fingir para mim mesma que eu tinha um futuro naquela outra escola. Um lado negativo: a escola é longe demais para eu ir de bicicleta, então vou ter que aceitar a ajuda de meus pais.

Depois do fiasco que foi as notas no ano passado, eu tinha decidido que eu ia estudar mais e que não ia deixar nenhuma amizade estragar meus estudos. Então, montei um cronograma de estudo para cada dia, de forma que eu estude todo dia o suficiente para tirar as melhores notas.

Acordo com o som do despertador e levanto-me sem um pingo de cansaço. Ansiedade do primeiro dia de aula. Clichê. Pelo menos tive uma boa noite de sono e nenhum pesadelo. A música da Adele, Someone Like You, toca na caixa de som do meu quarto. "Primeiro dia de aula precisa de uma música mais animada" penso e troco de música, agora, Poker Face, da Lady Gaga. Rio com a mudança de gênero repentina. Eu começo a dançar enquanto arrumo meu quarto e troco de roupa. O uniforme me caiu bem, bem demais.

Ouço meu nome ser chamado e quando eu vou ver, é Clara perguntando, pela milionésima vez, sobre sua blusinha de renda. Isso me faz lembrar do que aconteceu com ela. Do que eu fiz com ela. E esses pensamentos me levam diretamente para Ted, que mudou completamente. Não precisa ser um gênio para perceber isso. Nossas mensagens não eram mais carregadas de amor, só de formalidade. E ainda por cima, ele agradeceu de uma forma tão seca que eu nem imaginaria ser capaz. Fiquei uma semana triste, chorando na hora de ir dormir, sem conseguir comer direito e trancada no meu quarto esperando a morte. De novo. Por sorte, meus pais inventaram de viajar para o Rio de Janeiro e quiseram me levar. Foi o que levantou meu ânimo, exceto a viagem.

Quando já está tudo arrumado, pego minha mochila e desço para o hall. Estão todos na mesa comendo o café da manhã que parece estar delicioso. Thomas e Rony estão com o uniforme da Vocational School. Eu estou com o uniforme da High Fronte, uma escola particular normal. Sem esse negócio de 'você só entra se já sabe o que vai seguir no futuro'. Em minha opinião, é com os conhecimentos que você vai adquirindo na escola que você vai decidindo qual irá ser sua vocação. Mas tem aqueles que vão para escola já sabendo qual o futuro irá seguir que não é meu caso. Sento-me na mesa ao lado de Thomas e começo a comer minhas torradas com ovos. É a primeira vez que começo o primeiro dia de aula sem ter ido numa festa no dia anterior. Isso se deve porque eu estava muito cansada de ter acompanhado Clara no shopping para escolher roupas. Se bem que tinha uma festa para eu ir.

- Lara, seu pai vai te levar para a escola. – diz Clara suavemente, ainda encarando seu café da manhã – Todos os dias.

Olho para Max que me encara e revira os olhos, me fazendo rir. Clara nos observa e Max começa a rir também, fazendo com que logo todos estejam rindo por causa da risada dele. Clara é a primeira a recuperar o fôlego e a falar.

- Está certo crianças, vamos parar – ainda há vestígios de risada nos olhos dela. – Terminem logo para não se atrasarem para a aula.

Os meninos param de rir tempo depois que eu e Max paramos, e continuamos a comer. Nunca na minha vida pensei que poderia ter um dia como este. Primeiro, sentada à mesa com meus pais. Segundo, rindo e fazendo todos rirem também. Terceiro, Clara falando docemente comigo. Acho que eles levaram a expressão "ano novo, vida nova" muito ao pé da letra. Não que eu esteja reclamando disso, porque eu gosto, mas é estranho ver Clara e Max me tratando verdadeiramente como a filha deles.

Lara Apaixonada...Onde histórias criam vida. Descubra agora