Eu e Kash conversávamos a uma semana, toda noite ele aparecia, as vezes até na parte da tarde, isso fazia com que minha rotina naquele lugar exaustivo melhorasse bastante, como se fosse algo até divertido naquele lugar.
Hoje passei o dia seguindo as atividades da clínica, quando a enfermeira fez um barulho com a porta, já sabia que estava na hora de tomar os malditos remédios, eu ainda permanecia com o mesmo pensamento sobre eles, continuei não os tomando, por mais abalada que tenha ficado com o último exame, eu não podia deixar tudo para trás e me iludir com expectativa de voltar a enxergar de novo como eu sempre fazia e como sempre, quebrava a cara no final.
As enfermeiras suspeitavam mas não haviam feito nada sobre o assunto, mas eu tinha certeza que um dia aconteceria. Elas iriam me impedir de alguma forma, e eu não ia deixar isso acontecer.
Quando já estava tarde, esperei por Kash mais uma vez. Ele acabava de me ajudar na clínica e vinha me visitar.
— Vega? — disse ele — Tudo bem? — completou com entusiasmo — Como foram as atividades?
— Uma pergunta de cada vez, seria bem melhor. — falei rindo.
— Como foram o dia e as atividades?
— Maravilhosas, não tenho nem palavras para descrever — falei de forma irônica — Acordei e fiz as mesmas coisas de sempre.
— Quando voltar a enxergar vai poder se livrar e tudo isso. — ele disse tentando ser amigável.
E foi nessa hora que ele tocou no único assunto que me incomodava.
— Não — disse com frieza
— Como? — ele disse e podia notar pela sua voz que estava assustado com minha reação.
— Não vou voltar a enxergar.
— Eu sei do seu caso, sei que pode voltar a enxergar e está se tratando. Então pare de ser pessimista. — ele disse em um sussurro.
— Não é pessimismo, eu escolhi. Não vou voltar. Eu escolhi isso não por ser pessimista, escolhi por acreditar fácil demais. — disse
Ele ficou calado por um tempo, parecia uma eternidade.
— E o tratamento? Não está seguindo o tratamento? — ele perguntou e eu não respondi — O que faz para não se tratar?
Se eu dissesse a verdade, ele contaria para o pai dele ou para os funcionários, eles já sabiam que eu não seguia o tratamento completo, mas a parte do remédio só alguns desconfiavam. Eu não contaria a ele, não era burra a ponto de fazer isso.
— Não vou contar. — ele disse parecendo ler meus pensamentos.
— Todos sabem mentir — eu disse tentando não deixar ele me convencer.
— Eu não posso. — ele disse — Se eu contar você vai me odiar. — ele completou com tristeza na voz.
— Não tomo os remédios e pedi para meus pais não autorizarem nenhuma cirurgia.
— Tudo bem — pela sua voz eu conseguia notar a irritação. Mas oque me assustou foi ele ter entendido e não se opor.
— Tudo bem? — disse surpresa.
— Sim. Vou embora, estou com sono — ele falou em um sussurro.
— Está irritado? — perguntei.
— Não com você.
Depois disso eu não ouvia mais a voz dele. Fui dormir desejando o dia seguinte.
(...)
Eu estava deitava de novo naquele mesmo jardim com as mesmas flores brancas, e eu ainda podia enxergar o céu, podia enxergar tudo. As flores mexiam de forma rápida e descontrolada por causa do vento e junto com elas o meu cabelo também. Olhei na direção onde o garoto aparecera da outra vez, mas ele não estava lá.
— Você está fazendo tudo errado mesmo, não é?
Olhei na direção oposta e lá estava ele.
— O que estou fazendo de errado?
— Se afaste
— Eu não toquei nelas.
Ele ria, sua risada era familiar e agradável mesmo me deixando com medo.
— Para de rir como um idiota. Diga o que eu fiz de errado?
Logo em seguida acordei com um susto bem grande. Levantei tentando esquecer tudo aquilo. Tomei banho com o auxílio das enfermeiras e tomei café tentando esquecer do sonho e da conversa com Kash.
Meus pais vieram me visitar na clínica com Àgata uma amiga minha, depois dos meus pais ela era a que mais me visitava.
Ela se aproximou de mim me chamando para que tivesse certeza que era ela e me abraçou de forma desesperada. Ela se sentou ao meu lado e perguntou sobre tudo que acontecera comigo uma pergunta após a outra, contei tudo ignorando a parte do Kash. Àgata me contou tudo que havia ocorrido na escola como sempre, e começou a idealizar quando eu finalmente voltasse para lá, o que nunca iria acontecer. Pareciam que todos estavam cegos e eu era a única que conseguia ver claramente o que estava acontecendo, eu sabia que este mesmo tratamento não iria dar certo. Lembrei da irritação de Kash e não falei para ela o que eu achava, por mais irritado que ficara, ele entendeu, ela não entenderia.
— Também não vejo a hora para voltar para lá — menti.
— Sinto muita saudade de você lá, não é a mesma coisa sabia? — ela disse.
Meus olhos lagrimejaram e eu lembrei de tudo que eu podia estar fazendo agora.
— Desculpa — ela disse.
— Não precisa se desculpar — tentei falar de modo amigável.
— Claro que precisa, vamos falar de outra coisa. Está bem?
— Tudo bem — falei sorrindo.
Continuamos a conversar, e logo em seguida falei com meus pais que ficaram comigo até a parte da noite, quando eles se foram esperei por Kash.
Por um segundo eu tinha medo que ele não aparecesse. Fiquei horas a mais do que costumava esperando, quando finalmente ia dormir, escutei sua voz.
— Vega — chamou — Ia dormir sem falar comigo? — disse em seguida.
— Ia, você demorou. — disse
— Mas estou aqui agora.
Eu não conseguia ver mais jurava que ele carregava um sorriso.
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Olá pessoas lindas, preciso da ajuda de vocês, quero saber quem vocês imaginam como a Vega, de acordo com a descrição dela, para poder fazer o Book trailer. Queria também que me informassem oque eu poderia mudar ou melhorar. Me digam os defeitos: erros ortográficos, falta de pontualidade na atualização e se o capitulo esta longo demais ou curto demais. Para que eu possa melhorar. Beijos, abraços e até mais.
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A melodia da sua voz [REESCREVENDO]
عاطفية[Esta história será reescrita em breve, caso se interesse por ela, adicione na biblioteca e aguarde os capítulos reescritos] Vega sofre um acidente que muda sua vida e sua rotina, sem poder enxergar ela se afoga e afunda com seus próprios pensamento...