Capítulo 8

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— Como? — eu disse alto expressando minha confusão, estava completamente perdida em um assunto que me diz respeito e isso me assustava.

Eles iriam me tirar da clínica? Mas céus, e o tratamento? E essa reunião toda? Eu só posso ter ouvido errado, não fazia o menor sentido, uma parte de mim se fez em felicidade só de ouvir a palavra casa, a outra exigia por uma resposta. Me ajeitei na cadeira com cuidado para não fazer algum movimento rápido ou bruto que me levasse a qualquer acidente.

— Vega, se acalme. Já iremos ter uma conversa. — pude ouvir a voz calma da minha mãe.

Me manter calma ou calada? Calada até quando? Até eles acabarem de tomar uma decisão sobre algo que me diz respeito?

Aquilo me deixava irritada, completamente fora de mim, me dava vontade de gritar e dizer que eu podia estar cega, podia estar dependente das pessoas, mas eu não era obrigada a aceitar o que diziam ser bom para mim sem eu menos saber o que era.

Eu estava morrendo de saudades de casa, eu sabia pelos meus pais tudo que havia mudado, eles tentaram não modificar muita coisa para que eu não me machucasse caso voltasse para lá, afinal eu estava acostumada com tudo aquilo, por mais que eu não conseguisse ver novamente eu podia me guiar através do conhecimento que eu tinha sobre o local, eu ficava muito contente por tudo ainda parecer familiar, não porque me ajudava a me acostumar com uma rotina nova lá, e sim porque aquela era a casa em que a antiga Vega morava, a garota saudável e alegre. Por mais igual que aquela casa esteja, eu sei que vou me sentir estranha, vou sentir um ar novo, como quando ficamos muito afastados de um lugar e voltamos a ele, pode estar intacto, exatamente do mesmo jeito que deixamos mas não vamos nos sentir iguais. Na nossa cabeça ele não terá o mesmo tamanho, o mesmo cheiro, a mesma sensação de lar, porque na nossa cabeça ele está deixando de ser nosso lar e eu não quero que aquele lugar deixe de ser meu lar. Quando pisar lá eu não quero ter essa sensação, eu quero me sentir como a antiga Vega pelo menos uma vez, quero respirar o mesmo ar e sentir o que ela sentia lá. Mesmo que eu não possa ser ela novamente.

Eu queria voltar lá o quanto antes, não importa o motivo que me levaria a este. Mas para isso eu não podia começar uma briga, eu precisava escutar.

— Claro doutor, ela irá hoje sim. — Sim. Sim e sim! Presenciem isso senhoras e senhores, eu finalmente irei para casa. — Na verdade, ela irá agora. — como?

— Ótimo, então irei pegar o papel para a assinatura da declaração e da autorização. A mochila dela já está arrumada? — um dos médicos perguntou.

— Está tudo arrumado, eu falei com a enfermeira e ela cuidou de tudo. — porra, até Amélia sabia e eu não — Só falta esclarecer tudo a Vega. — meu pai disse logo após.

É, só falta esclarecer a pessoa que irão levar embora daqui após alguns minutos, nada demais.

— Está tudo ótimo então, escolha a enfermeira para cuidar da estadia dela e dos remédios. Irei pegar os papeis e enquanto isso terão tempo de explicar a ela. — ouvi a voz rouca do médico e logo depois um barulho na cadeira seguida por passos.

Senti uma mão áspera sobre meus ombros, e sorri sem mover o rosto para tentar direcionar na direção em que meu pai estava. Eu não podia vê-lo, mas sabia que era sua mão pousada em meu ombro.

— Vega, querida. — minha mãe chamou, fiz um sinal com a cabeça para sinalizar que estava prestando atenção — Nós sabemos que não se sente à vontade aqui. — ela continuou.

— Que merda, Pensei que eu havia escondido bem essa minha insatisfação. — falei tentando ser sarcástica.

Meu pai soltou uma risada baixa achando graça no que eu tinha dito.

A melodia da sua voz [REESCREVENDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora