Depois de longos minutos naquele silencio constrangedor, que faz minha mente virar uma sala de tortura, resolvi falar.
— Eu até quero acreditar que esse tratamento pode dar certo, mas tenho quer ter consciência que pode ser o mesmo de sempre.
— Não vai fazer tanta diferença Vega, você já tem consciência de que isso pode acontecer, você já estava passando por isso com o tratamento antigo. — sua voz mostrava que ele estava frustrado com o diálogo.
Talvez ele tenha razão, eu não sei porque estou me sentindo tão travada com algo que já vivenciei, não há motivos suficientes para não tentar algo novo, ou talvez no fundo isso tenha me dado alguma esperança e este está me deixando com medo, muito medo. Por que um tratamento novo, sem muita estabilidade, me deixaria esperançosa? Eu não sei.
Mas não vou deixar de tentar fazer esse tratamento, por algo assim. Eu destruí toda minha esperança uma vez, posso acabar com essa.
Descartar algo que possa me fazer enxergar por algo assim, é uma atitude completamente idiota.
Eu preciso fazer, acho que desde o começo eu já havia decidido isso.
Eu vou tentar. Mas admitir isso é algo bem diferente.
— Eu acho melhor eu dormir agora — falei para pôr fim aquela conversa.
— Tudo bem — ele não parecia triste com isso, ele parecia feliz, sua voz dizia isso.
Isso me fez ficar confusa. Será que demonstrei que estava concordando?
— Kash? — chamei mas não tive uma resposta.
Ele já tinha ido, então me ajeitei para dormir, puxei os lençóis com um pouco de dificuldade e me deitei, fiquei na mesma posição até perder a consciência.
(...)
Eu estava naquele mesmo lugar, no jardim das papoulas, não aguentava mais aquilo. Deitei sobre a grama verde iluminada pela pouca luz do ambiente com o céu nublado e fechei os olhos, era bom imaginar que eu conseguia enxergar, era bom poder ver algo mesmo que tudo fosse uma ilusão nada descrevia isso por mais normal que fosse mas eu não queria estar aqui, não quero que isso tenha algum significado.
Quando ouvi uma voz rouca falando algo que não consegui entender, coloquei as mãos sobre meus ouvidos imediatamente. Pressionei os olhos para mantê-los fechados.
Eu não estava ali. Eu estava apenas dormindo. Não havia pesadelo, estava tudo escuro como sempre esteve.
Ouvi a voz de forma distorcida.
O único problema é que eu sabia que não era verdade. Abri os olhos para ver onde ele estava mas foi ai que tomei um enorme susto e os fechei ainda mais rápido.
Ele estava ali, e eu consegui ver seus olhos, pela primeira vez, eu não tinha certeza, mas aparentavam ser de um tom azul escuro, havia sido o único detalhe do rosto que consegui ver, pela velocidade em que fechei os olhos assustada.
Ele ainda estava ali, bem próximo. Estava com o rosto a pouca distância do meu, observando meus gestos, próximo de um jeito que me assustava.
— Saia. Agora — falei deixando claro meu nervosismo.
Ainda com os olhos fechados sem poder ver nada mas agora com as mãos sobre a grama sem bloquear os sons, e foi assim que ouvi sua risada.
— Você não obedece minhas ordens e quer que eu obedeça as suas? —indagou ele.
— Tudo bem, eu não toco nas malditas flores, agora saia de perto de mim.
É apenas um sonho.
É apenas um sonho.
É apenas um sonho.
— Não são as flores. — disse ele rindo — Apenas obedeça. — completou.
— Do que você está se referindo? — perguntei — Do que tenho que se afastar?
Dessa vez minha pele conseguia sentir o que havia abaixo, mas não era grama, eram os meus lençóis. Abri os olhos e não consegui ver nada.
Gritei por Amélia, eu não sabia que horas eram, estava assustada e meu coração estava acelerado.
— O que está acontecendo? — disse ela e eu podia ouvir sua respiração ofegante.
— São que horas? — perguntei.
Nessa mesma hora, ouvi sua risada. Com isso percebi que sua preocupação foi embora.
Haviam passado horas, eu estava esperando meus pais para dizer a eles que eu havia me decidido, que iria tentar. Eu tenho certeza que eles estavam ansiosos para uma resposta. É claro que eles queriam me ver tentando, e era isso que iria fazer.
Quando finalmente ouvi suas vozes, minha ansiedade se foi.
— Vega — meu pai disse não conseguindo conter a curiosidade.
— Querida — minha mãe continuou.
Iria ser a mesma conversa de sempre mas eu não queria esperar.
— Já me decidi — falei animada. — Vou fazer o tratamento novo.
Consegui ouvir os suspiros de alivio.
— Ah Vega, você não sabe como é bom ouvir isso. Não sabe, como fico feliz. — minha mãe disse mais animada ainda, parecia que havia recebido a melhor notícia de todos os tempos.
— Os médios disseram que não há tantas chances como essa, mesmo que esse tratamento não seja tão bom quanto o outro.
— Qualquer coisa é melhor que o outro tratamento.
Meus pais haviam conversado com os médicos e no dia seguinte eu iria fazer vários exames, mas era assim que eu planejava dar um passo para o meu objetivo, tentar me salvar.
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A melodia da sua voz [REESCREVENDO]
Romansa[Esta história será reescrita em breve, caso se interesse por ela, adicione na biblioteca e aguarde os capítulos reescritos] Vega sofre um acidente que muda sua vida e sua rotina, sem poder enxergar ela se afoga e afunda com seus próprios pensamento...