Eu possuía plena consciência do que aquilo significava. Necessitava entrar naquele carro, por mais, que isso pudesse me machucar. E eu sabia, que aquilo iria sim ferir novamente uma ferida já aberta há muito tempo.
Seria muito egoísmo de minha parte abandonar tudo agora, eu sempre desejei ir para casa por mais que fosse temporário. Eu queria estar lá, nunca havia passado pela minha cabeça que entrar nesse automóvel teria de ser uma condição para que isso pudesse acontecer. Eu vejo agora, como eu fui burra ou como estive alienada, pelo meu desejo de largar tudo que me fazia pensar no que havia ocorrido a mim, algum tempo atrás.
Fechei os olhos rapidamente.
— Tudo bem. — lhe respondi baixo tentando não deixar perceptível meu medo imensurável pelo que iria acontecer.
Senti uma mão em minhas costas, enquanto a outra estava na parte traseira de meus joelhos, que assim me faziam ter a sensação de estar sendo levantada. Aquilo me deixava levemente assustada, definitivamente não era uma sensação boa. Mas este passou assim que senti minha pele tocar em algo acolchoado. Era macio e aparentemente confortável para qualquer um que se encontrasse ali, mas eu não me sentia assim e não poderia, tal coisa era inevitável.
Eu estava assustada e todo pânico estava de volta assim que percebi o que representava estar naquele carro, e isso me veio à mente assim que ouvi as vozes do lado de fora, eu estava sozinha e por mais que conseguisse ouvir qualquer som lá fora; o silencio na parte interna do carro, indicava isso. Aquele não era mais um carro; a partir daquele momento, ele havia se tornado uma maldita sala de tortura com quatro rodas.
Não me recordo mais, até que número cheguei em minha contagem, cujo o objetivo era me manter calma, o que obviamente, não obteve um bom resultado. Me concentrava apenas nos sons emitidos por diferentes vozes, cada uma com uma tonalidade diferente, umas mais graves e outras mais agudas, eu reconhecia cada uma delas.
Senti algo em minha cintura e um barulho que julgava ser do cinto, me assustei e assim meu corpo respondeu por mim.
— Vega, querida já estamos indo. Só estou colocando o cinto.
Ele repousou sua mão sobre meu ombro, para indicar onde se encontrava.
— Tudo bem.
Eu olhava para um ponto fixo, mas jurava que de onde ele estava daria para ver meu sorriso. Bom, era o que eu esperava.
— Pai?
— Estou aqui. O que foi?
— Como foi quando dirigiu depois... — paro por um breve instante. — do acidente?
— Horrível. — aquilo me assustou, pois de todas as respostas, essa era a que eu menos esperava. — Mas eu estou aqui dirigindo de novo não estou?
Eu ainda podia sentir sua mão sobre meu ombro. Aquilo aparentava ser a única coisa que eu possuía no momento, me mostrava que eu ainda estava ali, me dizia que eu estava viva.
Só precisava dizer para a parte assustada do meu subconsciente que ficaria tudo bem, pena que não sobrara alguma parte corajosa para dizer isso a ela.
Tentei pensar em algo sem relação alguma com o assunto. Em todas as coisas que poderia pensar nada levaria a isso, eu poderia lembrar de meus amigos que eu poderia ver indo para casa, mas me lembraria o motivo de estar com saudades deles. Eu poderia lembrar de qualquer coisa que fosse, mas lembraria que não a vejo, e o motivo também está relacionado a esse carro. Eu poderia lembrar de Kash mas ele mais que tudo me faria voltar para esse lugar.
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A melodia da sua voz [REESCREVENDO]
Romance[Esta história será reescrita em breve, caso se interesse por ela, adicione na biblioteca e aguarde os capítulos reescritos] Vega sofre um acidente que muda sua vida e sua rotina, sem poder enxergar ela se afoga e afunda com seus próprios pensamento...