Mas nem tudo corria bem na lua de Saturno. Porque no reservatório central de água, na Base de Enceladus, alguns visitantes invasores começavam a chegar.
O ser, até então desconhecido, desceu pela torneira do laboratório de análises hematológicas e escorreu pelo chão, atraído pelo odor de sangue. Não precisava mais ingerir aquelas arqueobactérias microscópicas sem sabor. O líquido precioso das veias dos humanos era o seu propósito. O coloide começou a tomar conta do piso e os olhos do monstro se abriram revelando que a substância viscosa era um ser vivo.
Logo em seguida, um técnico que voltava do almoço chegou e pisou na criatura. No mesmo instante os seus pés colaram no chão. Ele puxou a perna, querendo soltá-la, mas o membro não o obedecia, parecia cada vez mais aderida ao pavimento. A gosma subiu pela sua canela e, na mesma hora, ele sentiu uma dor muito forte na pele, que ardia, como se estivesse sendo sugada. O trabalhador colocou a mão e então, a situação piorou porque a mão dele se prendeu à coisa. Quanto mais que se debatia, o corpo dele era aderido pela criatura, até que ele ficou todo envolto pelo bicho que o devorou completamente, fazendo com que ele desaparecesse, sem deixar vestígios.
Um engenheiro se aproximou, sem imaginar o que estava acontecendo. Observou a substância gelatinosa vazando pelo reservatório e olhou para o tanque, para ver se havia algum vazamento. Viu que no teto havia algumas gotas da mesma substância pingando em direção ao chão. E, sem que ele percebesse, a criatura começou a subir pela sua bota, como fizera com o outro homem. Uma das criaturas menores subia a parede, atraindo a atenção do homem. Ao se aproximar, movido pela curiosidade, recebeu dela o esguicho de um líquido esverdeado, que o deixou estranho. O pobre homem via a parede crescer e diminuir à sua frente, os colegas que entraram no local para acudi-lo pareciam coloridos. O homem esboçou um sorriso louco, mas era tarde para qualquer reação. Outros pequenos seres surgiram dos mais diferentes locais, expelindo a mesma substância sobre os demais técnicos.
A criatura que momentos antes se deleitara com a carne humana, começou a se contorcer, como se algo dentro dela evoluísse, mudasse, inspirada pela complexidade do corpo humano. O ser cresceu, até formar a silhueta de um humanoide e, como uma serpente abriu uma boca gigantesca, inumana, engolindo a vítima mais próxima por inteiro. No caso, era o pobre engenheiro que via encantado as cores que só ocupavam a sua mente. As outras criaturas menores, como se esperassem uma ordem que os ouvidos humanos eram incapazes de escutar, devoraram os outros homens que estavam no local. Nenhum alarme foi soado, nenhuma morte anunciada.
__________________________________
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Lua da Morte
Fiksi IlmiahLOGLINE: Quando um homem encontra seu amor na jornada para abastecer uma base na lua de Saturno, Encélado, ele deve enfrentar uma ameaça que pode destruir toda a humanidade no futuro. A esperança pode ser mortal. Após a Terceira Guerra Mundia...