{2}

3 0 0
                                    

{Bill}

O meu irmão tinha razão, aquelas duas eram cá um monumento. Viu-as entrar no bloco principal do edifício e eles seguiram para lá também, bastante mais atrás. Virando à nossa direita, estávamos no enorme anfiteatro ao ar livre da universidade. Era onde o dia de apresentação era feito, normalmente, e naquele ano não seria excepção. Logo depois da porta, estava o nosso grupo de amigos. Todos fizeram alta festa quando nos viram, cumprimentando-nos aos dois com apertos de mão e bater de mãos. Em conjunto, procuramos um sítio para nos sentarmos. Um espaço mais livre, visto sermos muitos. Percorri aquele círculo enorme para ver o ambiente, reconhecendo imensas caras e identificando outras tantas como sendo as novas. Aos que iam entrar agora para o seu curso só lhes tinha a dizer: Boa sorte!

O seu olhar pousou no seu irmão e viu-o com um sorriso matreiro, interessado especialmente num lugar. Olhei para o sítio onde ele estava a olhar e lá estavam as gémeas novamente. A que tinha um cabelo de um vermelho mais forte, ajudava a outra a descer os vários degraus para que ela não caísse. Sorri, ela era mesmo bonita, mesmo mantendo um semblante tão sério.

- Maninho, Deus foi mesmo grande! – Tom disse, passando a língua no seu piercing e pondo-se a abanar aquela merda. Ele levantou-se e eu impedi-o, fazendo-o voltar-se a sentar.

- Onde é que tu pensas que vais? – Perguntei com o meu sobrolho levantado.

- Então dar as boas vindas às gatinhas do pedaço... - Respondeu com um sorriso matreiro.

- Tu acalma mas é a pélvis que vem aí o director! – Informei, apontando o canto de uma das entradas de onde o velho carrancudo que dirigia a universidade, entrava com uns papéis na mão.

{Tom}

Como é que eu não a tinha reconhecido antes? Aquilo era um presente que eu pretendia aceitar de bom grado e braços abertos. Mesmo quando lhe ia dar as boas vindas, o director decide aparecer. Bom, não faz mal, até estou curioso do que ela irá fazer quando me vir. Aposto que vai fingir que nem me conhece, com o feitiozinho que tem. Esse pensamento dá-me vontade de rir, ela é divertida! Queria tanto ver o seu ar de choque quando o visse, ainda que fosse apenas por alguns momentos.

O director lá começou a falar com a sua voz demasiado irritante para o meu gosto. Como é que deixavam um homem como aqueles dirigir uma universidade com o renome daquela? Já tinha tido o desprazer de ter tido alguns encontros com o homem e não podia com ele. Por isso, não fiz o mínimo esforço por tomar atenção ao que ele estava para ali a dizer, uma vez que se dirigia mais para os caloiros daquele ano. Quando ele deu permissão a toda a gente para se dispersar, eu sorri quando vi toda a gente a levantar-se. De imediato, os meus olhos focaram-se nas red head do costume, vi que também elas se levantavam para abandonar aquele espaço. Agarrei no braço do meu irmão e comecei a puxá-lo comigo até dentro dos corredores do bloco principal para onde elas tinham ido. A malta seguiu-nos e isso, por mais chato que por vezes fosse, agora era uma vantagem para as deixar meio intimidadas. Eu coloquei-me à frente das duas que pareciam meio perdidas enquanto estudavam um papel que tinham na mão, provavelmente o mapa da universidade. Posso ser tão prestativo, às vezes!

- Precisam de ajuda? – Questionei com um sorriso sedutor nos lábios, vendo as duas sobressaltar-se por não terem dado pela nossa presença. O olhar de Liz cruzou-se com o meu e, lá está, o momento de pânico, de choque, de me ver ali. Tinha sido também uma surpresa para mim, tinha de admitir que uma surpresa agradável. Ah esta menina!Depressa se recompôs e adoptou o seu ar mal humorado de sempre, mas nem isso lhe diminuía a beleza. Nem dela nem da irmã! Diga-se de passagem... O meu olhar seguiu o comprimento das pernas da sua gémea que parecia bastante mais alta com a ajuda dos saltos, gostando bastante do que via. Sim senhor...

- Não, não precisamos de nada, obrigadinha! – Liz assumiu a tarefa de falar, claro. Sempre com aquela língua gostosa afiada, será que nunca iria aprender? Esperava que não. Como disse, ela era engraçada assim mesmo.

- Então, mas nós estamos aqui para ajudar. Ordens do director, não ouviste? Além disso, faz parte das regras das fraternidades, acolher os novos estudantes...

{Liz}

- Como deves ter reparado ainda não temos uma pila entre as pernas, portanto estás a recrutar no sítio errado.– Atirei chateada por aquele idiota estar ali. Como era possível, mas será que aquele país podia ficar mais infernal? Vi o gémeo dele rir-se atrás do grupo, fingindo que o tinha feito quando recebeu um olhar repreensivo do irmão. Idiota!

- Querida, nós conhecemos as responsáveis por todas as fraternidades femininas, portanto podemos ajudar! – Ele esclareceu com um sorriso presunçoso de chico esperto como sempre tinha. Eu semicerrei os olhos e uma brilhante resposta passou-me pela cabeça.

- Não tenho dúvidas disso! – Atirei num ar acusador de que ele era um vai com todas. De facto, eu sabia que era, portanto quem diz a verdade, não merece castigo. A turminha dele riu-se toda desta vez. Verdade, vês... - Agora se nos dás licença... - Tentei passar pelo meio deles, puxando a minha irmã pelo braço e senti o olhar deles na nossa parte de trás. Inspirei três vezes para não me virar para trás e espetar-lhes um estalo a cada um.

{Lea}

- O que é que acabou de se passar ali? – Perguntei, não percebendo porque é que a minha irmã estava tão alterada.

- Sabes que eu não suporto playboys. – Ela atirou, justificando ainda toda nervosinha.

- Também não precisas de ficar assim... - Resmunguei e olhei novamente o mapa que estava à minha frente –Devíamos era ter aceite a ajuda, agora vamos andar aqui às voltas à procura da secretaria para levantar a porcaria dos nossos horários! – Falei bastante depressa na minha língua materna. Liz riu-se e eu não percebi o porquê. Ela estendeu o dedo para uma porta e por cima podia ler-se na tabuleta "secretaria" – Graças a deus! – Eu apressei-me a entrar lá com ela. Pedi o meu horário a uma senhora que lá estava ao balcão, enquanto a minha irmã pedia a outra para nos despacharmos mais rapidamente. Assim que tivemos os papéis na mão, apressamo-nos a sair daquele lugar. Liz ia colada no seu horário, eu só tinha dado uma vista de olhos.

- Então é muito mau? – Questionei vendo já ela a ficar um ano mais velha de cara.

- Um pouco, tenho muitas horas de atelier seguidas... Há aqui um dia que tenho 5h seguidas, ninguém merece!– Ela lamentou-se, guardando o seu papel na mala.

- Pensa que é para o que queres e assim ganhas imensa prática. Apesar de não precisares, fazes as roupas mais bonitas que eu já vi! – Elogiei, pois na minha opinião era a realidade. Era a fã número 1 da minha irmã e apoiava incondicionalmente na sua paixão. Delirava sempre que ela se entretinha a fazer uma nova roupa para mim. Ela era um máximo e tinha um sentido de fashion super apurado e diferente de todos. O facto de termos nascido numa das cidades mais fashion e onde a moda tinha um papel fundamentado, tinha instigado esse gosto em nós desde muito cedo. Só que eu não tinha muito jeito para nada que tivesse a ver com estilismo, apenas sabia do que gostava e a Liz era a única pessoa que a conseguia tornar realidade. Quanto a mim, tinha decidido dedicar-me às contas. O meu curso? Gestão empresarial, um dia herdaríamos a empresa do nosso pai e ele contava com alguém para tomar bem conta do seu império. Sabia que Liz confiava em mim para isso e não tinha nenhum interesse em especial em fazê-lo ela. Mal sabia ela que uma das minhas grandes apostas seria no seu trabalho. Eu amo a minha irmã!


The Heart Wants What It WantsWhere stories live. Discover now