Problem || Harry Potter ff

Chapter VII - Ginny

A sala era fria, tão fria quanto poderia ser para Gina. Todos os anos no Reino Unido não a haviam preparado para aquele frio descomunal que fazia na pequena saleta. Não havia ventilação, tampouco janelas. O odor na sala era fétido, como se algum animal tivesse morrido ali, e a cada segundo um pêlo de seu corpo de eriçava. A silhueta permanecia em sua frente, uma bandeja com algumas gororobas a seus pés.

- Você não pode morrer ainda... Precisa comer. – Não conseguia ver nada além da estatura, uma estatura mediana que podia ser tanto de um garoto quanto de uma garota. Homem ou mulher, ela não sabia. A voz também não revelava nada. Ela engoliu em seco, o estômago roncou alto.

- Não estou com fome. – Ela perdera a vontade de lutar. Sabia que seria em vão tentar sair dali.

- Problema é seu. – A ruiva ouviu os passos ficarem cada vez mais distantes assim como a voz. Os passos pareceram mudar de ideia. – Pensei que gostaria de saber como está a sua amiga. – A voz se aproximou mais e parou à sua frente. – Está na monitoria da Grifinória agora. Nem está ligando pro seu sumiço, sabia? Ouvi dizer que até arranjou uma nova amiga e um namoradinho... – Disse a voz carregada de escárnio e desgosto. O hálito de seu raptor era de hortelã, ela podia sentir.

- Mentiroso! – Ela gritou sentindo as lágrimas brotarem nos seus olhos. Não poderia ser. Hermione nunca faria isso com ela.

- Pense o que quiser, Ginevra. – Ouviu a voz dar uma risada. – Deve estar se achando muito tola agora, não é, Weasley? – Então por um segundo ouviu um choro não muito longe dali.

- O que... Quem...? – Não terminou. Sabia que estava sozinha ali outra vez. A porta bateu com força e uma tranca foi ativada automaticamente.

[...]

Hermione estava gritando na sala enquanto Draco se divertia com um livro de feitiços no sofá. A morena andava de um lado para o outro.

- Ela me paga! – Gritou mais uma vez. Não estava falando com Draco, mas é como se estivesse, visto que apenas ele podia ouvi-la. – O que eu estava pensando?

- Também não sei. – Draco disse e levantou os olhos, dando um sorriso desdenhoso de lado. – Do que está falando, mesmo? – Ele disse, agora virando a página. Fazia alguns dias que os dois estavam mais próximos. A convivência havia os forçado a conversar e vez outra até serem gentis um com o outro, mas ainda se engalfinhavam sempre que podiam.

- Da retardada da Mafalda, é claro! – Ela parou, agora roendo a unha do dedo indicador. – Malfalda Watkins! Essa... essa...! – Não se atreveu a dizer o que pensou.

- Vadia? – Draco completou, recebendo um olhar mortífero da morena. Voltou os olhos para as palavras do livro, desinteressado. – Vagabunda?

- Não fale estas coisas aqui! – Gritou com toda a voz que tinha, se recompondo e começando a andar em círculos outra vez. – Quem ela pensa que é? Eu devia mandá-la...

- Se foder? – Draco disse, sem tirar os olhos do livro. Hermione bufou com irritação.

- Cale a boca! – Gritou outra vez. – Como se ela fosse santa! Todo mundo sabe que ela estava...

- Transando com o Johnson na sala de Aritmância. – Draco completou outra vez, recebendo um olhar quase mortal. Qualquer pessoa normal se encolheria e diria "desculpe", mas Draco apenas deu de ombros.

- E não recebeu nenhuma punição! – Ela choramingou. – Agora só porque eu...

- Sabotou a poção do amor dela e fez o Johnson ficar cheio de furúnculos depois que bebeu...

- Não foi isso! – Ela gritou, agora batendo o pé como uma criança birrenta. – Ela estava fazendo coisas erradas!

- Pensei que éramos monitores, não a liga da justiça. – Draco disse, se perguntando por que estava citando um grupo idiota trouxa. Hermione rosnou e deu um tapa na mão de Draco, fazendo o livro ir pro chão.

- Pare de falar asneiras! – Ela gritou e então sentou no outro sofá. – Estou tentando falar, você fica me interrompendo!

De repente o quadro se abriu e Morgana entrou, se jogando no sofá em que Hermione estava. A loira lançou um olhar repleto de expectativa aos dois que ali estavam. Ela parecia morar com eles. Draco mirou o teto e Hermione levantou uma sobrancelha sugestivamente, como um convite para a amiga começar a falar.

- Ficaram sabendo? – A loira disse um tanto animada. – Vai ter visita à Hogsmead hoje!

- Não sei por que está tão animada se sua mãe não assinou os papéis... – Hermione disse, se repreendendo mentalmente pelo balde de água fria que achava ter jogado na amiga.

- Essa é a parte boa! – Ela quicou no sofá; Draco revirou os olhos, olhando o livro estatelado no chão e praguejando mentalmente Hermione por tê-lo jogado longe visto que não estava nem um pouco interessado no que as duas meninas iriam dizer e cheio de preguiça de alcançar o livro novamente. – Soube que um garoto lindo da corvinal vai ficar aqui também.

- E...? – Draco relaxou o corpo no sofá, totalmente desinteressado no assunto, bocejando, enquanto arrumava, ou tentava, a cabeleira loira.

- E ele é lindo! – Ela repetiu. Hermione deu uma risada, sabendo exatamente de quem estava falando.

- Está falando do... – A morena foi interrompida.

- Sim! – Ela gritou. – Dylan Winkler!

- Por Merlim! – Hermione riu novamente, agora com mais interesse. – Você está obcecada por esse garoto! Eu não vejo nada demais nele. – De algum modo Draco gostou de ouvir as palavras saindo da boca da menina.

- Que mau gosto, H! – Morgana revirou os olhos. – Eu estou indo para a biblioteca, vejo vocês mais tarde.

Morgana saiu do quadro, rumando para a biblioteca. Ela e Hermione haviam se aproximado demais nos últimos dias, agora faziam tudo juntas. Morgana nem desconfiava do sumiço de Gina; muito menos dos bilhetes... Não é?

[...]

Hogsmead não estava tão chata quanto Hermione pensara. Haviam crianças correndo por toda Dedos de Mel, jogando doces estranhos umas nas outras. Hermione não estava lá tão animada para fazer nada quando ouviu um sussurro em seu ouvido, mais perto do que ela gostaria, o hálito abafado fazendo cócegas no lóbulo da sua orelha...

- Daqui a dez minutos no Três Vassouras. – Então a garota virou-se bem a tempo de ver uma cabeleira loira embrenhar-se no meio das pessoas. O que Draco queria com ela?

Passou alguns minutos agarrando todos os doces que ela conseguiu pagar e logo saiu da loja, ficando parada do lado de fora por alguns segundos até ouvir um grito gorgolejante vindo do seu lado. Parecia... Gina.