Chapter XII - Everything's so confusing

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H e r m io ne    J e a n    G r a n g er 

No segundo em que acordei, notei que somente parte da persiana segurava a luz que tentava incessantemente invadir o quarto; luz essa que me acordou, me cegando. Demorei alguns segundos até perceber que além da minha, uma segunda respiração preenchia o quarto. Ninguém roncava, tampouco eu ouvia sons no quarto, mas sentia seu peito subindo e descendo sob a minha bochecha.

Eu sentia os poucos centímetros de sua camiseta que se encostavam à minha pele. O cheiro era agradável, mas eu não conseguia definir exatamente o que parecia. Inspirei aquele odor até meu nariz acostumar-se com ele. Aproveitei aqueles segundos de paz extrema para tentar entender o que havia acontecido nos últimos dias.

Ronald havia voltado para a minha vida. E por mais que no fundo algo queimasse dentro de mim quando ele estava por perto, isso havia se acalmado um pouco. Não conseguia mais me sentir em casa nos braços de Harry, por mais que trocássemos cartas constantes durante as férias. Eu ouvia seu nome a cada segundo por causa de Gina, mas ele não me parecia mais um irmão, e sim um primo distante.

Desde o desaparecimento de Gina, as coisas haviam saído de controle dentro de mim, e todo e qualquer propósito que eu havia decorado e escrito nas paredes do meu cérebro sobre terminar os estudos e fazer algo melhor que absolutamente nada evaporou da minha mente. Eu só queria fugir como uma criança assustada que viu algo se mexendo debaixo da cama.

Na verdade, isso fazia parte do meu quebra-molas emocional, em que eu estava acima das nuvens ou então chorando sob o carpete.

A definição de amizade pra mim havia se tornado Gina, e por mais que eu lutasse contra isso com todas as minhas forças – mesmo minhas ações dizendo o contrário total, Malfoy havia tomado parte do espaço que ela ocupava. E quando o cito, não quero dizer que ela não é mais uma das pessoas mais importantes pra mim e que não pretendo mais encontrá-la, porque é isso que vem mantendo meus pés no chão e a cabeça no lugar enquanto tudo evapora lentamente no quesito sentido.

Meu pensamento voa até Morgana, e eu me pergunto devagar no papel que ela designa na minha vida, e lentamente isso toma uma forma. Ela se tornou uma aliada quando quero fugir do mundo, principalmente porque ela costuma tomar a frente das conversas quando tudo o que eu quero é ficar em silêncio. Ela fala comigo durante todo o tempo, e isso atua como um analgésico, também.

O coração de Draco gradualmente aumenta suas batidas, e sinto que ele acordou. Por longos segundos é tudo o que sei enquanto ele respira contra os meus cabelos, sem coragem alguma para agradecer pelo amparo da noite anterior, tampouco para olhar para ele e pedir desculpas por estar deitada em seu peito, embora isso não seja proposital.

Sinto sua respiração parando e logo voltando, como se ele estivesse pensando em algo e repreendendo a si próprio de alguma forma por pensar. Reúno toda a coragem que consigo – e sinceramente não sei como, e sussurro:

- Draco? – Minha voz sai abafada e levemente rouca, e sinto o calor do ar que sai da minha boca assim que ele se propaga. Percebo que ele tenta se manter o mais imóvel possível.

- Você tá bem? – Ele diz após alguns segundos, e hesito antes de concordar com a cabeça, lembrando-me que estou deitada sob seu peito.

- Sim. – Assim que a palavra sai, sinto o quanto insegura ela soa dentro de mim, mas pareço convincente por fora, então não complemento. Levanto meu corpo lentamente e sento na beirada da cama, passando a mão nos cabelos tentando domá-los um pouco, mas falho miseravelmente. Ouço-o rindo ao olhar para mim, e sinto uma pontada de raiva.

- O que foi? – Minha voz soa mais irritada que o esperado, e encolho meus ombros.

- Sua bochecha está marcada. – Reviro os olhos, mas sorrio. Não consigo arrancar da minha cabeça que passei a noite na mesma cama que Draco Malfoy enquanto ele levanta da minha cama e anda até a porta. Nenhum dos dois diz nada. – Acho que é melhor irmos... – Ele parece inseguro, mas gira a maçaneta e sai, e alguns minutos depois escuto o barulho de água. Volto a me jogar na cama e a sentir um cheiro que agora me parecia tão próximo.

Quase não consegui respirar novamente ao ver a figura de Ronald na porta do meu quarto, me encarando com as sobrancelhas levantadas. 

Problem || Harry Potter ffOnde histórias criam vida. Descubra agora