Capítulo 29 - parte 3

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"Sabe, encher a cara realmente não vai te ajudar nessa situação."

"Eu não perguntei."

"Você sabe que ela odeia quando você bebe." Mostrei o dedo médio a Ash. Babaca.

Michael me encheu o saco para ir até a casa dela para que pudéssemos conversar, mas sinceramente eu não sei o que poderia mudar. Tenho certeza que ela não quer falar comigo depois de tudo.

O jeito que ela me olhou como se tivesse visto o seu maior medo. O modo que seu cabelo estava preso e bagunçado do voo, mas mesmo assim continuou sendo a criatura mais linda na qual pousei meus olhos. O fato de ela me trazer tantas lembranças boas e ainda ser o motivo de eu nunca mais ter sido o mesmo. Nunca mais ter conseguido raciocinar, nem respirar.

Eu sou apenas um controlador de merda pra ela. E não tenho certeza se discordo.

"Olá. Terra pra Luke." Ash estalou os dedos na minha frente, fazendo eu parar de pensar e prestar atenção nele. "Você acha mesmo que eu teria te avisado que ela viria se eu não tivesse 100% de certeza que ela vai querer falar com você?"

"Você não seria louco de esconder uma coisa dessas de mim." Ameaço-o prestando atenção apenas em parte do que ele disse. Ele sabe o quanto ela significa pra mim.

"Exatamente." 

"E você sabia que ela viria com um cara?" Pergunto enquanto ele analisa o meu rosto, decidindo precisamente as palavras que vai usar.

"Eu não tenho que te dar satisfações das ações de Hannah. Se está curioso, pergunte a ela."

Antes de perceber o que está acontecendo, eu estou com a gola da camisa de Ash em meus punhos, prendendo-o de encontro as paredes.

"Vai me bater?" Olho seriamente pra ele, desejando  que ele apenas calasse a boca. "Anda, Luke. Me bata. É só assim que você sabe resolver as coisas não é?" Cada palavra que eu ouço só me fazer querer mais e mais manchar as paredes dessa casa enorme  de merda com o sangue dele. Mas algo em mim me impede.

"Vai se fuder." Digo finalmente tirando o álcool no comando de minhas ações e soltando-o, não tendo mais a coragem, nem adrenalina de socá-lo.

Sinto o olhar de Ashton sobre mim enquanto caminho até o sofá e enterro a cabeça em minhas mãos.

"Sabe, você mudou muito desde que ela partiu. Por isso sei que ela vai querer falar com você."

Eu sei que ele se refere a eu não ter batido nele. O antigo Luke teria.

"Ela tem toda a razão de não querer. Eu não iria querer falar com um babaca como eu." Admito ao meu amigo, que decide ficar de pé em minha frente.

"Vocês precisavam desse tempo separados. Agora você até admite que estava errado." Ele sorri pra mim quando lanço um olhar mortal pra ele.

"Eu sabia que estava errado até naquela noite. Mas não consegui parar de falar mesmo assim." Cenas do ocorrido começam a passar em minha cabeça como pequenos cortes que sangram mais do que deveriam. 

Tínhamos acabado de ter um dos dias mais divertidos da minha vida. Apenas nós dois. 

Cada risada dela, cada toque em meu corpo com suas mãos frias e pequenas, cada piada sem graça que eu ria apenas por ser ela que estava contando. 

Lembro de ter acordado ao seu lado e pensado que era o cara mais feliz do mundo. 

Só ela sabe fazer com que eu me sinta assim e minha estupidez fez ela escapar de mim.

Se isso tivesse acontecido quando eu achava que tudo em minha vida era uma mentira, eu acho que eu genuinamente me odiaria ainda mais. Mas ela ajudou a reconstruir e melhorar tudo que havia de errado em mim. Minha mãe, Harry, minha decisão de entrar numa faculdade e até tornar Ashton meu amigo. E isso fez com que eu não me afundasse ainda mais no poço da depressão e tivesse pessoas que se importam comigo o suficiente para não deixar que algo de muito ruim acontecesse.

Eu estou miserável por causa dela e de mim. De nós. Mas nunca poderia ter me reerguido se eu não tivesse tudo o que tenho agora. O antigo Luke estaria completamente arruinado. Mas o Luke atual está apenas arruinado e não completamente.

Ash tem razão quando diz que eu mudei. Mas sei que ela também mudou e não sei se estou preparado para encará-la.

"Eu odeio te ver assim." Ash diz me tirando dos meus pensamentos, que nem eu entendo, por mais uma vez.

"Não vai me dizer que está apaixonado por mim." Brinco.

"Você pode ser um babaca, mas um amigo babaca." Uma risada inesperada sai da minha boca. "Eu sugiro que você durma um pouco. Pode até ser aqui ou debaixo da ponte, eu não me importo nem um pouco." Ele sorri antes de prosseguir. "Amanhã eu vou encontrar com ela e espiono qualquer movimento do tal garoto e o comportamento dela. Eu te passo as informações e você decide se ainda quer conversar com ela ou não."

"Ué. Pensei que você quisesse que conversássemos." Digo franzindo a testa.

"Eu quero, mas não posso te obrigar a nada. O mínimo que posso fazer por você, pra contornar a situação de te mandar até o aeroporto, é isso. " Não. Não dá pra contornar aquilo. Mas sorrio e agradeço mesmo assim. Eu sei que ele está tentando ajudar.

Mas honestamente não sei se terei coragem de encará-la amanhã. Ou algum dia.

Talvez, não era pra ser.



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LUKE DESISTINDO DA HANNAH, É ISSO MESMO?

olá gente aqui está mais uma parte. Espero que tenham tido um ótimo natal e começo de ano.

Feliz 2016 pra todo mundo :)

p.s. não me matem ainda obrigada


Ultimatum | l.h.Onde histórias criam vida. Descubra agora