Ultimatum | l.h.

Capítulo 8

Eu já estou há 10 minutos parada em frente a porta da casa do Ashton. Aquele lugar me trazia muitas lembranças desde quando éramos crianças e corríamos pela cozinha contornando o balcão, até anos mais tarde quando seus pais estavam em casa e nós nos beijávamos escondido, e eu simplesmente não consigo tocar a campainha.

Quando finalmente apertei o botão, minhas ações se tornaram involuntárias. Minha respiração ficou forte e minhas mãos começaram a suar. Até que ele finalmente abriu a porta.

Ele estava descalço, com shorts e um moletom. O seu cabelo estava tão bagunçado quanto o meu e isso me fez perceber que nenhum dos dois se preocupou com a aparência hoje.

"Hey." Eu disse tentando tornar o clima entre nós o menos tenso possível.

"Olá." Ele acenou brevemente, mudando o seu peso de um pé para outro e sorrindo para mim.

"Isso é meio estranho." Nunca pensei que fosse me encontrar em uma situação constrangedora com o Ash, de todas as pessoas imagináveis no mundo.

"Vem." Ele pegou em minha mão e me puxou para dentro de sua casa, sem fazer cerimônias. Eu sorri, pega de surpresa pelo contato entre nós.

"Seus pais não estão aqui?" Perguntei olhando ao redor, notando a casa vazia e silenciosa na qual eu me encontrava.

"Eles foram para Miami a negócios." Os pais de Ashton são profissionais muitos bem reconhecidos no campo em que trabalham, portanto eles vivem viajando.

"Ah sim." Deve ser entediante ficar sozinho o tempo todo. Ele nunca teve esse problema antes, porque ele sempre acabava dormindo em casa. Ash e meus pais sempre foram amigos e eles sempre se trataram com muita afeição, mas depois do que aconteceu, eles ficaram desacreditados e ele a partir de então tinha que ficar sozinho nessa enorme casa.

"Eu gosto dessa privacidade, se você quer saber." Ele me conduziu pela escada até o seu quarto, onde sentamos na cama, mantendo a nossa devida distância. "Me dá tempo pra pensar." Completou.

"Você deve ter muito no que pensar." Eu disse sem que significasse alguma coisa específica, na realidade. Foi simplesmente da boca pra fora.

"Você nem imagina." Ele disse enquanto encarava o espaço, voltando a si logo depois.

Meus olhos percorreram todo o perímetro de seu quarto. As lembranças me afogaram com as inúmeras horas em que passei aqui. Nossas brincadeiras, risadas, discussões durante a madrugada. Tudo parecia tão nostálgico. Nada mudou desde a minha última visita. Então, meus olhos finalmente pousaram em sua mesa.

"Aquele é o CD do All Time Low que eu te dei?" Ele balançou a cabeça confirmando.

"Foi para o nosso aniversário de dois anos."

"Ah, sim! E você me deu o livro que faltava para completar a coleção do Instrumentos Mortais." Sentei-me de frente para ele, ficando um pouco empolgada com o assunto. Eu tinha amado o presente, tanto que não larguei-o até lê-lo 4 vezes seguidas.

"Você não sabia se chorava ou se sorria, foi a careta mais engraçada que eu já vi." Dei um leve soco em seu braço, defendendo-me e ignorando a tensão que existia há alguns segundos.

"Hey, nada a ver! A sua cara quando eu ganhei de você no Just Dance foi muito melhor!" Aquele teria sido um dos dias mais divertidos que eu passei ao lado de Ashton, se não tivesse sido pelo que aconteceu durante a festa horas mais tarde, naquele mesmo dia. Ele soltou uma risada que foi capaz de me contagiar.

"Não é justo! Você já conhecia a coreografia!" Ele franziu a testa, mas não conseguiu manter a aparência séria quando eu ri.

"Você está pedindo por uma revanche?" Eu provoquei-o, sabendo que ele não seria capaz de recusar. Ele nunca seria.