Capítulo 21

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Ter Ashton à minha porta em plena terça feira à tarde, pedindo para que eu passasse tempo com ele na loja de doces, com certeza não estava nos meus planos.

Desde que desisti do meu emprego na lanchonete, me dediquei à arte de achar novos hobbies, como por exemplo: bater o recorde da maior maratona possível de diferentes tipos de filmes em vinte e quatro horas, procurar tutoriais no youtube de como cozinhar sem que seus pais gritem com você por ter incendiado a casa inteira, ter aulas mais regulares de direção com o Drew, reler Instrumentos Mortais quantas vezes eu aguentasse e baixar inúmeras músicas ilegalmente por dia. Afinal, eu não podia pagar por todas aquelas músicas.

Então, como hoje era apenas um dia normal de semana e eu já adiantei a lição para o dia seguinte, esperava repetir algum dos hobbies que desenvolvi, mas Ashton não deixava de jeito nenhum.

"Você vai comigo, sim. Não é como se você tivesse algo melhor para fazer." Ele nem esperou que eu o convidasse para dentro de casa, e já seguiu em direção ao meu quarto onde teríamos mais privacidade do que na sala onde meus pais poderiam aparecer a qualquer segundo.

"Como é que é?" O olhei irritada. "Me diz como treinar para o meu teste de direção é algo péssimo para se fazer?"

"Você já treinou bastante." Ele jogou sua mochila em cima de minha cama e puxou a cadeira para si, ficando de frente para mim ao esperar que eu tomasse um lugar à cama. E foi exatamente o que fiz.

"A prova é semana que vem e eu estou nervosa." Admiti. "Não é pecado algum querer me aperfeiçoar o máximo possível."

"Eu sei, é só que..." Ele interrompeu a frase e levou a mão ao fios do cabelo, deixando-os mais bagunçados do que anteriormente. Faz tempo que ele não corta o cabelo, sendo assim, esse está quase na altura do próprio queixo.

"O que?"

"Eu não quero que você vá." Seus olhos brilhavam, tão puros quanto de quando ele era apenas uma criança.

"Por quê?" Arqueei uma sobrancelha enquanto examinava o seu rosto.

"Eu gosto mais de você do que ele." Ele cruzou os braços na altura do peito e bufou.

"Eu já marquei com ele, Ash." Disse a verdade. Ele parecia ter uns 7 anos por me pedir desse jeito para ir com ele e eu particularmente amo esse seu lado.

"Ligue então para desmarcar. Você nunca foi comigo, Lou. Por favor!" A sua súplica me fez pensar um pouco, mas o fato de ele me chamar pelo meu nome do meio me conquistou.

"Ta bom." Ele abriu um sorriso, estranhamente aliviado, e eu procurei na mesinha de madeira clara ao lado da minha cama pelo meu celular, assim ligando para Andrew e pedindo desculpas por furar com ele. "Feliz?"

"Você nem acredita o quanto." Seu tom era firme, o que me fez imaginar se teria algo por trás de toda essa encenação para eu passar a tarde com ele.

"Que horas exatamente é o seu turno?" Eu perguntei, me ajeitando para deitar na cama com a barriga para cima, esperando que demorasse ainda algum tempo para que ele tivesse que ir trabalhar.

"Normalmente eu vou logo depois da escola, por não ter o que fazer." Ele logo completou. "Mas teoricamente, o meu turno começa às 5 horas."

"Ótimo, então ainda temos tempo."

"Tempo pra quê?" Ele perguntou claramente curioso, e se aproximou de mim, saindo da cadeira e sentando-se na cama ao meu lado.

"De fazer absolutamente nada." Ele deu de ombros e juntou-se a mim, ambos agora olhando para o teto, deixando o silêncio inundar o meu quarto verde e relativamente pequeno.

Ultimatum | l.h.Onde histórias criam vida. Descubra agora