Uma bela menina

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Algum tempo se passou desde o 'incidente' com Eduart, e Jane está mais velha, uma jovem de 15 anos, que por onde passa, desperta olhares dos meninos de sua idade. Seu sorriso se torna uma arma fatal para os pequenos garanhões na puberdade, ela tinha tudo o que quisesse, bastava pedir que ganhasse, sem o mínimo esforço. Era sempre simpática e quando gostava de alguém fazia com que essa pessoa logo percebesse isso, realmente era encantadora.

O único problema eram as brigas dos garotos. Jane tinha adquirido um jeito de fazer com que sempre estivesse rodeada de meninos que brigavam por ela por causa de ciúmes. Jane gostava disso, e como gostava. Ser desejada era algo que lhe fazia bem. Tinha diversos admiradores, mas nunca dava importância à eles, eram como objetos.

Na escola, sempre foi muito inteligente. Estava entre os três melhores da classe, e quando o assunto era argumentação, era mestre nisso. Ainda que sua postura fosse a de menina tímida, sabia discursar como ninguém e melhor que isso, convencer como ninguém. Os professores a viam como uma excelente aluna, fato que deixava seus pais orgulhosos, mas a relação entre eles parecia estar cada vez mais distorcida, não por falta de vontade ou tempo, mas Jane parecia cada vez mais distante deles, principalmente quando recebiam visitas e ela se transformava em outra pessoa, era amável, atenciosa e prestativa, algo que não acontecia quando só restavam os três na casa. Isso incomodava seus pais, era como se Jane fosse duas pessoas em uma só. Aureli, com seus conhecimentos, disse para Iva que era coisa da idade, rebeldia e coisas do tipo, disse que a garota estava se encontrando e que era normal esse impasse com os pais ate certa idade. Adolescência é uma etapa intermediária do desenvolvimento humano, entre a infância e a fase adulta. Este período é marcado por diversas transformações corporais, hormonais e até mesmo comportamentais.  

- Eu ainda acho que nossa filha é diferente, Aureli.

- Fique tranquila, amor. Isso é natural. Com o tempo passa, você vai ver.

Iva queria se aproximar de sua filha, queria conversar sobre quando tinha a idade dela, os namoros, e essa era a parte que mais interessava. Jane, após um grande tempo de tentativas ao perceber que sua mãe queria muito aquilo, resolveu abrir uma brecha e perguntar como era na época dela em uma manhã em que esta entrou para arrumar seu quarto. Feliz com a pergunta, Iva se senta ao seu lado na cama e começa a contar sobre seu primeiro amor, como se conheceram. Disse que estava indo comprar pão em uma padaria e ele era o filho do dono.

 Eles namoraram por cerca de dois anos, até que ele teve de se mudar para outra cidade e então nunca mais se viram. Lembrou também de um cara na adolescência que era amigo do pai de Jane e morria de amores por ela, antes de Iva conhecer Aureli. Sempre lhe trazia flores e caixas de bombons, mas quem realmente lhe chamou atenção foi seu pai. O menino mais inteligente que conhecia, também era meio desastrado, mas foi amor à primeira vista. Nunca esquecera o dia em que ele a pediu em namoro, em pleno passeio de barco em um lago perto de sua casa, pois Aureli sempre fora o tipo romântico. Sua lembrança era linda, algo para nunca esquecer. Jane esboça um sorriso e diz que deve ter sido mesmo tudo tão maravilhoso para sua mãe, que então aproveita e pergunta sobre os 'namoricos' de sua filha. Jane diz ter vários admiradores, mas nenhum que lhe chame atenção de verdade. Tem o que quiser e quando quiser, os meninos são fáceis de manusear, basta sorrir e pedir. Iva fica sem entender o que Jane diz, como se ela não gostasse realmente de nenhum deles, apenas queria ter alguém a sua disposição.

- Mas filha, você não sente nada por nenhum? Como uma respiração mais ofegante, um palpitar no coração?

- Não, não sinto nada.

- Você se sente bem, em enganá-los?

- Não estou enganando. Dou a atenção que eles querem e em troca eu tenho o que eu quiser.

O DIÁRIO DE JANEOnde histórias criam vida. Descubra agora