Inteligente e diferente, principalmente em relação a seu estilo e beleza, a jovem Jane era reconhecida em qualquer lugar que estivesse pela cidade. Cabelos pretos e longos, antes de chegar na cintura, sempre de vestido curto mesmo que esteja com uma calça por baixo e um rosto meio cansado, mas com um sorriso encantador. Essa era ela a menina meio "estranha", filha do psicólogo e médica novos na cidade.
Seu apreço por literatura era visível, já que quase toda vez que era vista, estava carregando um livro sobre algum poeta ou autor renomado, principalmente os que falavam sobre amor ou qualquer forma de afeto. Seus pais achavam curioso ela gostar desses assuntos, pois quase nunca era 'afetuosa' com eles mesmos. Sua mãe começou a pensar que ela fosse algum tipo de lúdica retraída, e seu pai chegou a pensar que ela quisesse ser escritora, daquelas com histórias de amor fantasiosas, mas estavam errados. Jane tinha fixação pela palavra 'amar', ela não compreendia isso, ao menos não da forma com que as pessoas ao seu redor pareciam conhecer. Sempre as via sorrindo e pulando, chorando e até mesmo se doando em nome do amor. O apego era algo curioso para Jane, e isso a angustiava. Era tão inteligente e ao mesmo tempo não conseguia compreender algo que parecia tão simples, e simplesmente não conseguia sentir aquilo. Por isso, lia e relia, sempre procurando algo que a deixasse mais perto de perceber e descobrir o que era 'amar' para ela.
No centro da cidade, havia um pequeno bar onde a noite os jovens se reuniam para recitar poemas em cima de um palco, enquanto um som calmo de blues ecoava. Sentada sempre nas cadeiras que davam de frente para o palco, Jane ficava escutando e observando os aventureiros desfilando suas palavras em seus poemas sentimentais. Já fizera isso por diversas vezes, e diversas noites passava ali. A maioria das meninas de sua idade preferiam sair com a galera, ir para a balada ou estar se esfregando com algum garoto em algum lugar qualquer, mas ela era diferente e sabia disso. Quase meia noite, tinha que voltar para casa, porque teria prova na manha seguinte e precisava descansar. Ao se levantar da mesa e virar as costas para o palco, um menino sobe e começa a proferir versos de algo que lhe chama a atenção.
- Vim de longe, procurei coisas demais por lá. Vivi coisas que nem o além de mim poderia viver, e compreendi coisas que talvez não pudesse compreender sem reconhecer quem sou. E agora sei o que descobri, porque descobri o que procurava, até mesmo sem saber, "O amor vem junto ao prazer, você descobre o amor, quando descobre o seu prazer".
De alguma forma, essas palavras despertaram grande interesse em Jane. Como uma luz, descobre algo que procurava há muito tempo, apenas não sabia o seu próprio sentido. Ela esperou o garoto descer e assim o seguiu. Ao encontrá-lo, pergunta como ele conseguiu chegar àquele pensamento, ele por sua vez, um tanto tímido, diz que na verdade leu e retirou um pedaço desse poema em um livro velho de poesias de sua mãe, e que queria impressionar sua namorada na plateia. Ela pede para que ele a emprestasse o livro, ele diz não saber mais onde o livro estaria, pois teria copiado há um tempo o trecho e não soube mais onde o livro foi parar. Porém, se lembrava do nome do autor, que se chamava Radull. Esse nome ficara marcado na mente de Jane, que ao voltar para casa, escreve o nome em sua agenda para que possa depois da aula no dia seguinte, procurar em alguma biblioteca local ou na internet. Estava tão ansiosa, que nem conseguiu dormir.
Na manhã seguinte, parte para o colégio e está muito tranquila com a prova que viria, se lembrava de todo conteúdo então não seria nada preocupante, o que ela queria mesmo era terminar e correr para a biblioteca depois da aula. Chegando na sala de aula, o professor já estava colocando os avisos no quadro, dizia que o aluno que terminasse poderia sair e esperar lá fora enquanto os outros terminavam a prova, isso era ótimo pois ela teria mais tempo para procurar. Depois de começar a prova, em menos de 10 minutos Jane já estava entregando-a para o professor, que ficou intrigado com a sua rapidez. Ela sai pela porta e segue direto para a biblioteca. Ao entrar, pergunta para a bibliotecária Justin se tem algum livro com o nome daquele autor, a moça diz não saber mas aquele nome não lhe era estranho. As duas procuraram, mas não encontraram nada. A bibliotecária diz para Jane procurar na biblioteca da cidade, pois lá o acervo era maior que o do colégio, mas também pede o telefone de Jane caso ela encontrasse ou lembrasse de algo. A jovem não perde tempo e vai direto para lá, mesmo sabendo que teria mais duas aulas que possivelmente perderia.
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O DIÁRIO DE JANE
HorrorJane é uma linda menina de olhos castanhos e longos cabelos negros, como o que ela esconde por dentro. Como qualquer pessoa, ela também quer descobrir o amor, mas o tempo passa e ela se vê sendo diferente das outras meninas e pessoas que conhece. Po...