Capitulo Três - O Nome Dele é Alexandre?

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"Por quê será que o choro vem se o fardo é algodão?
Paraíso, Helvio Sodre"

Capitulo Três

Corri até minha casa e me tranquei lá dentro. Só sabia chorar, gritar, dizer que minha vida estava acabada. Não passava por minha cabeça a ideia de meu pai não trair minha mãe, e em momento algum eu cogitei a ideia de que ele foi pego em uma emboscada ou algo do tipo. Eu estava tão desesperada que não me lembrei de que eu poderia falar com Deus e que Ele poderia me aliviar essa dor.

Patty chegou e me abraçou. A essa altura eu já estava descabelada, e com o rosto muito inchado por chorar tanto. Estávamos na sala de estar, sentadas no sofá vermelho de minha mãe.

— Calma amiga — disse ela. — O que houve?

— Meu pai!

— O que ele fez? — perguntou preocupada.

— Ele está traindo a minha mãe, Patty! Ele está com outra agora! — falei e desandei a chorar de novo. Não estava acreditando que meu pai estava traindo a pessoa que o amou durante anos. Não podia acreditar.

— Calma amiga, pode ser um engano. — ela fala depois de contar tudo pra ela.

— Sim...

— Você já orou? — ela perguntou olhando em meus olhos.

— Eu fiquei com tanta raiva e tão angustiada que me esqueci — fui sincera.

— Vem, vamos orar! — Patty se ajoelhou no chão e eu a segui. Eu tinha certeza que quem havia escolhido a Patty para ser minha amiga fora Deus, ela sempre me aproximava Dele e sempre me ajudava a orar quando eu não tinha força. — Paizinho querido — ela começou ajoelhada segurando em minhas mãos — nós entramos na Tua presença para te pedir que acalme os nossos corações. A Britt tá triste e com raiva, papai, dê a ela o acalento que ela precisa. E que tudo possa se resolver. Amém.

Abrimos os olhos e eu percebi o sorriso que ela esbanjava quando me olhava.

— Melhor?

— Estou melhor — respondi. Eu de fato estava melhor. O Espirito Santo me acalentou, minha raiva tinha passado, a angustia também, eu estava em estado de paz.

— Vem, vamos fazer pipoca e assistir a um filme. — ela me chamou.

A noite foi perfeita. Patrícia ligou para a mãe pedindo para dormir em minha casa e quando ela disse que podia, nós fizemos a festa. Minha mãe ainda não tinha chegado da casa da Marisa quando eu e minha amiga fizemos pipoca e nos sentamos no meu colchão da cama que eu havia colocado na sala, para assistirmos deitadas. Colocamos uma comédia romântica e em quinze minutos de filme eu estava dormindo. Toda aquela angustia tinha me deixado cansada.

Quando acordei, Patty dormia ao meu lado, ainda estávamos no chão, olhei o relógio e marcava cinco da manhã, então chamei minha amiga até o quarto e a deixei lá. E como eu não conseguiria dormir novamente, me encaminhei até a sala e coloquei desenhos animados para assistir, mas logo peguei no sono novamente. O sol já estava bem alto quando abri os olhos e percebi que ainda estava no sofá, parecia passar das onze da manhã.

Olhei a hora em meu relógio, já se passava das onze! Meu Deus! Perdemos a aula! Ah não! O que teria acontecido para que minha mãe não me acordasse?

Quando cheguei na cozinha ela estava fazendo o almoço toda feliz, cantando uma música qualquer.

— Bom dia! — ela disse quando eu a avistei na cozinha.

— Bom dia nada, já é boa tarde! O que aconteceu? Porque não me chamou? — perguntei curiosa.

—Porque o pessoal dos ônibus entrou de greve. — Isso em Brasília era o que mais acontecia, que chato. Teria que ficar sem aula!

— Os motoristas? — Ela assentiu. — Ah. Vou tomar um banho pra almoçar.

Voltei para o quarto, peguei um vestido soltinho cheio de flores amarelas que ia até os joelhos e levei para o banheiro para tomar o banho e me trocar lá — talvez a Patty acordasse enquanto eu me trocava e isso não seria tão legal assim, era melhor no banheiro.

Enquanto me trocava, ouvi alguém bater na porta — não tínhamos campainha, eu não gostava e graça a Deus que meus pais também não. Ouvi minha mãe conversar e tempo depois fechar a porta. Fiquei curiosa para saber quem era.

Terminei de me trocar e saí do banheiro. Quase tive um treco quando vi quem estava no sofá da minha casa.

— O que você está fazendo aqui? — indaguei furiosa para o moreno que estava em minha frente.

Lembrei-me de tudo o que acontecera no dia anterior, me lembrei inclusive dele tentando me ajudar. Será que ele teria ido em minha casa para saber sobre meu choro? Devia admitir que isso me causou um certo frio na barriga. Ele estaria preocupado comigo? Eu não poderia me deixar levar pelas emoções e agradeci a Deus por minha mãe interromper meus pensamentos:

— Filha, não fala assim com ele. O Alexandre só veio aqui falar uma coisa comigo. O que era? — Então seu nome era Alexandre. Ele tinha de fato cara de Alexandre.

— Bom...

— Não é nada né, Alexandre? — perguntei visivelmente preocupada. — Se for aquilo de ontem, deixa pra lá.

— O que houve ontem, Brittney? — perguntou minha mãe com raiva. Ela nunca me chamava pelo meu nome. Na verdade, nem pelo apelido. Ela sempre me chamava de Lie; não tinha nada haver com meu nome, mas, pelo que sabia, Maristela tinha uma amiga com esse nome e dizia que me parecia muito com ela.

— Não é nada mãe. É que ontem eu estava chorando por causa do papai, por ele não ter vindo pra casa. Só isso. — Eu não estava mentindo, só omitindo algumas partes. Não poderia contar para ela, seria um choque terrível e eu ainda nem tinha certeza de nada!

— Não precisa chorar, filha, tudo vai melhorar. — Maristela veio ao meu encontro e me abraçou.

Sentir aquele abraço aconchegante dela era tão bom. Minha mãe era mais baixa que eu, e era bem gordinha, o que a deixava com cara de simpática. Seus olhos âmbar eu não tive a graça de ter, mas o sorriso encantador, sim.

— Se você — a voz do Alexandre apareceu — está bem, Brittney, eu vou pra casa.

— Não, almoça conosco, será um prazer — disse minha mãe. Ele não disse nada e Maristela aceitou como um sim.

Quando estávamos indo para cozinha, a Patty apareceu na sala de estar com o rosto inchado. Ela ainda estava com sono, isso era notório.

— Temos aula? — perguntou.

— Não, depois explico. Vamos almoçar, vem agora? — perguntei.

— Vou tirar esse pijama, vão na frente.

Ainda abraçada à minha mãe, fomos para a cozinha e nos sentamos à mesa.

— E seu pai, Alexandre, não o vi em sua casa. Onde está? — Sinto que não perguntei a coisa certa.

Alexandre fez uma careta e não pareceu gostar nada da minha pergunta. Será que ele odiava falar do próprio pai?

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Oi! O que vocês acham que acontecerá? O qe aconteceu com o pai do Alexandre?
Deixem seus palpites! Haha

Beijo,
Suully.

♡30/06/2018♡

A Vizinha Cristã (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora