Capitulo Vinte
Para de me encher o saco com mensagens!
Eu sei que você gosta, Angel!
Eu não gosto, está muito enganado! Tchau!
Bloqueei a tela do celular e a joguei em baixo do travesseiro, na esperança de não vê-la acender novamente com uma mensagem do Arthur. Eu não fazia a mínima ideia de onde ele havia conseguido meu número, e isso vinha me perturbando à dias. Ele havia me dito que conseguiu meu número com a Anye, e como eu estava a ignorando aqueles dias, eu não sabia se era verdade ou não. O que me deixou curiosa: como Arthur conhecia a Anye?
Abri a cortina do quarto e vi o "sol do meio dia" invadi-lo. Se eu estivesse no Brasil, estaria tomando sorvete, então, pedindo a Deus que tivesse um pote de sorvete naquele apartamento, caminhei até a cozinha.
Cheguei na cozinha e vi uma menina estranha lá. Então fui até a geladeira e procurei por sorvetes. Eu não falei com a menina, achei que era alguma filha das empregadas ou alguém novato no trabalho.
Ela estava encostada no balcão, parecia perdida.
Peguei o sorvete de flocos que achei perdido na geladeira e abri em cima da pia.
— Quem é você? — decidi perguntar ainda mexendo com o sorvete.
— Não te falaram que eu iria chegar? — perguntou como se fosse óbvio. Neguei com a cabeça.
— Bom, sou a Saphire, vim da França. Vou fazer intercambio aqui. Ficarei por um ano.
— Como é seu nome? — indaguei curiosa. O sotaque que ela usava para falar complicava tudo. E quando enfim eu consegui entender o francês no nome dela, começamos a conversar: — Ah! Eu sou a...
— Brittney, a brasileira, filha do dono da casa. Sei quase tudo sobre você.
— Como?
— Eu fiquei conversando com o Paulo durante um tempo.
— Só podia ser o Paulo! — Abri um sorriso. — Então, já que meu quase irmão te falou tudo sobre mim, falta você falar agora.
— Eu tô com sede, onde tem água? Aí eu te falo.
Fomos para o meu quarto e começamos a conversar. Eu vi em Saphire uma chance: a chance de me ver livre do Henrique. Ele com certeza a deixaria ter um celular, então eu teria a oportunidade de falar com os meus pais.
— Como é Paris? — perguntei.
— Eu nunca fui lá, na verdade.
— Como assim? — indaguei, confusa.
— Minha família é muito pobre, morávamos no interior, e nem tínhamos, às vezes, dinheiro pra comer. Mas aí você se pergunta: "Como faz intercâmbio então?" Bom, eu consegui conhecer um garoto, e acabamos namorando. Ele, sabendo que meu sonho sempre foi fazer intercâmbio, me fez jurar que juntaríamos dinheiro para eu vir. Demorou cinco anos, mas cá estou eu...
— Oh my Gosh! — Ela riu. — Por que falou isso pra mim? Eu não teria coragem de contar algo tão importante assim.
— Vejo que você é uma pessoa legal, me sinto confiante. Ah, você sabe onde vou dormir?
— Não... — falei pensativa. — Talvez no quarto de hóspedes, ou aqui comigo, não sei ainda. Escuta, o que virou seu namoro?
— Ele precisou ficar pra trabalhar com o pai. Ele também é muito pobre, não sei como conseguimos juntar quase dez mil dólares... — comentou pensativa.
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A Vizinha Cristã (Concluído)
SpiritualO amor existe de várias formas, é como ligação, unindo pessoas de sexo oposto, do mesmo sexo - por quê não? -, unindo pessoas de diferentes classes sociais e raciais... mas será que é possível unir pessoas que crêem em Deus e pessoas que não? Unir u...