Capítulo Dez - Passado

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Capitulo Dez

— Era um dia chuvoso. Eu estava montando um quebra-cabeça na cozinha quando ele chegou... — lágrimas desciam sobre meu rosto. Lembrar daquilo tudo não me fazia bem e por mais que houvesse se passado anos, eu ainda tinha marcas sentimentais. Tais marcas que me faziam chorar amargamente. — Ele havia me perguntado o que eu estava fazendo...

"O que faz aí sozinha, Brittney?" perguntou ele.

"Estou brincando, papai" respondi inocente.

"Ah... Quero te mostrar uma coisa, vem comigo?" perguntou estendendo a mão.

"Claro. Onde vamos?"

"Ao meu quarto..."

— Shii... — disse Alex secando minhas lágrimas quando terminei de narrar. — Não precisa me contar mais nada, você não está bem.

— Alex, ele abusou de mim! — chorei mais ainda.

— Mas, ele não foi preso?

— Eu não podia fazer isso, e também não foi um estupro, ele não terminou, pois meu tio e minha mãe chegaram na hora. Por mais que ele tenha tentado, não posso o mandar pra cadeia, ele continua sendo o meu pai!

— Britt, isso que ele fez com você não é legal, e por mais que seja seu pai, precisa pagar pelo que fez.

Talvez Alex estivesse certo, mas era o meu pai e não se faz isso com o pai. Eu ainda o amava muito, e não conseguia fazer isso com ele, por mais que as pessoas e as circunstâncias me obrigassem a fazer isso, não podia. Não mesmo.

— Mas... — Alex soou confuso — se ele é seu pai, quem é esse cara que mora com vocês?

— Meu padrasto. Ele se casou com minha mãe assim que fiz seis anos.

Houve um silêncio e então me deitei deixando a cabeça no colo do meu vizinho. Ele, percebi, a principio ficou envergonhado, mas eu estava tão triste que não importava o que dissessem, eu só queria ficar quieta no colo dele, abraça-lo, abrir um sorriso... e tentar esquecer tudo o que passei.

Alex ficou mexendo em meus cabelos até eu me aquietar por um momento. Queria parecer que estava dormindo, precisava ficar sozinha e falar com Deus. Eu necessitava ter um diálogo saudável ou então enlouqueceria.

Esperei meu vizinho parar com os carinhos em meu cabelo e ele se levantou, me ajeitou na cama e saiu do meu quarto. Não me parabenizo pelo ato que cometi a seguir: ouvi meu pai e Alexandre conversando, então fui atrás dele. Não sabia o que eles conversavam e a curiosidade tomou meu ser!

Carlos estava sentado no sofá, fixando o chão e maneando a cabeça em negação a todo momento. Ele estava tão preocupado!

Me escondi atrás da porta do meu quarto e ali fiquei, somente ouvindo o que eles falavam.

— Olá... — o jovem começou.

— Oi. Ela está dormindo? — perguntou meu pai e supus que Alex assentiu, pois meu pai concluiu: — Já virou mania ela dormir após chorar muito.

— Senhor... Ela me contou o que houve no passado. Ele já foi?

— Sim, mas ele disse que vai voltar, e agora que sabe onde moramos, não vai demorar pra descobrir onde ela estuda e a rotina. Não quero perder minha menina... a amo tanto...

Henrique estava atrás de mim? Eu não podia deixar que nada acontecesse comigo! E nem com minha família! Se ele fizesse algo eu nunca o perdoaria!

A Vizinha Cristã (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora