Capítulo 21 - Banho

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Capitulo Vinte e Um

O tempo passou e nunca conseguia uma oportunidade para ligar para os meus pais. Paulo e nos tornamos mais próximos e a Saphire sempre estava por perto. Já iam fazer sete meses longe dos meus pais e longe de uma congregação. Estava tão difícil! Aquela pequena bíblia se tornou minha melhor amiga. Mas não me adiantava em nada: eu não tinha o Espírito.

Ter Deus em nossa vida não é ter uma Bíblia e conhece-la de cabo a rabo. Ter Deus em nossa vida é ter o Espirito que ele nos disponibilizou. E era essa a parte difícil. Não conseguia ter o Espírito de Deus, talvez o fato de eu continuar a indo à festa e baladas potencializava isso. Eu não conseguia parar! Parecia estar grudado e cravado em mim.

Eu me afastei definitivamente da Anye. Quem me acompanhava para as baladas era a Saphire e às vezes o Paulo. Meu espanhol estava impecável. Ninguém mais me pedia para repetir algo que eu tinha falado errado ou tinha falado em português.

Aquele dia era enfim sábado! Eu não estava feliz. Tinha uma angústia em meu peito, algo me deixava triste e eu não fazia ideia do que poderia ser, mas mesmo assim segui minha vida.

Minha rotina matinal foi feita normalmente e logo eu estava na sala de jantar, tomando meu café da manhã, sozinha. Nesse dia nem mesmo os empregados estavam presentes, o que me angustiou mais ainda.

Eu peguei um pequeno cachinho de uva e comecei a comer. Ouvi um barulho atrás de mim e logo Henrique apareceu, me assustando. Ele estava sozinho e cheirava a álcool.

— Bom dia, filhinha — ele falou se perdendo do idioma.

— Bom dia — respondi seca, me levantando e tentando sair dali, porém ele pegou meu braço e apertou me impedindo. — Me solta, Henrique!

— Eu sou seu pai! Você devia me chamar assim! — falou bravo.

— Pai é quem ama, e você não sabe o que é isso nem com o Paulo, quem dirá comigo.

— Você vai aprender a ter respeito por mim, sua ingrata! — Ele começou a me arrastar para o seu quarto que era ali perto. — Eu te dou uma mesada gorda todo mês, te dei aquele dinheiro todo no aniversario de sei lá quantos anos e você continua sendo mal criada? Sua mãe e aquele alemão cor de salsicha não te criaram bem?

— Me solta ou eu grito!

— Gritar com quem? Hoje é sábado. — Ele finalmente conseguiu me pôr para dentro do quarto. — Eu dispensei os empregados e mamãe sempre sai de manhã. Paulo e aquela francesinha chata saíram. Estamos a sós.

— Você é nojento!

Ele me jogou na cama e tentou deitar em cima de mim. Então em vi tudo acontecer. Henrique tirou o cinto e eu entendi o que ele queria fazer. Ele queria terminar o que havia começado. Eu paralisei. Não era possível. Meu próprio pai tentando tirar a minha virgindade! Mas eu não deixaria tão fácil! Lutaria até o fim.

— SOCORRO! — gritei. Alguém poderia me ouvir, morávamos num apartamento! Tínhamos vizinhos!

— Cala a boca!

Eu comecei a chorar. Queria gritar mais, porém me faltava força. Vi ele tirar a calça. Henrique não me segurava, eu estava deitada em sua cama, tinha como fugir, mas eu não conseguia! Fiquei paralisada pela lembrança que me atormentava e pelo que estava prestes a acontecer. Eu simplesmente clamei a Deus por uma ajuda.

Chorando, em posição fetal, eu ouvi algo me mudou o rumo da minha historia:

— O que está acontecendo aqui? — Era Paulo! Deus o havia mandado!

A Vizinha Cristã (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora