Capitulo Nove - Visita Inesperada

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Capitulo Nove

Quando terminamos o hino, eu abri os olhos e vi Alex secando algumas lágrimas disfarçadamente. Fiquei feliz por aquilo, ele tinha sentido Jesus também! Isso era maravilhoso.

Estávamos preparados para orar quando a porta da sala de estar se abriu, revelando os nossos pastores sorrindo um para o outro.

— Não sabia que vocês ainda estavam aqui! — exclamou minha pastora Cléo.

— Não queríamos atrapalhar. — a voz do meu pastor era grave.

— Papai! Vem, nós iriamos orar.

Meus pastores se aproximaram. Cléo colocou a bolsa em cima do sofá e veio até nós. Eles se sentaram no chão e começamos a orar todos juntos. Era tão maravilhoso sentir o Espirito Santo. Bem, nós sabemos que Ele sempre está conosco, no entanto quando estamos reunidos em Seu nome parece ser mais intenso. Eu amava me reunir com os jovens da minha igreja para adorar a Deus, pois sempre terminava assim.

Os jovens da minha igreja eram todos muito ligados a Cristo. Nós aprendemos desde muito cedo que a vida com Cristo não se baseia apenas em cultos e que Cristo não morreu numa cruz a fim de nos limitarmos a adorá-lo dentro de um templo, somente. Vai muito além. O evangelho é tudo aquilo que Adão tinha, mas não deu valor: relacionamento com o Pai. E a nossa liderança sempre deixou isso muito claro, sempre nos motivou a buscar essa vida que está disponível no Pai.

Nos tornando assim, jovens cheios de Deus.

Ao fim da oração, nos levantamos e o pastor pediu ao Alex encarecidamente para levar os outros jovens que não moravam perto e ele assim o faz. No caminho a galera fez um monte de perguntas ao Alexandre e a que eu mais me envergonhei foi a que veio do Jonatas:

— Alex, tu tá afim da Britt, né cara? — Meu vizinho quase bateu o carro, o que fez o loiro rir muito. — Calma, cara, eu ainda quero me casar, não me mate antes disso. — ele riu mais, sendo acompanhado pelos dois outros que estavam no carro.

— Não estou apaixonado. Somos amigos. Por que a pergunta?

— É que a morena nunca nos apresentou a nenhum outro garoto, talvez vocês estivessem tendo alguma coisa. — Eu me encolhi no banco mais um pouco, querendo sumir. — A Britt está vermelhinha! — Todo mundo começou a rir. — Tá bom, vou ficar quietinho. Tô até me calando já.

— Que bom. — comentei.

Logo a Julia, a irmã do Jonatas perguntou sobre as provas que a minha escola disponibilizava para ganharem bolsa e engatamos no assunto até chegarmos em sua casa. Ela ainda estava no fundamental — diferente de seu irmão que havia terminado o ensino médio no ano anterior — e queria fazer o ensino médio em minha escola, mas precisava de uma bolsa.

— Tchau gente! — falei. — Depois a gente marca alguma coisa. Ah, eu tô sem internet, qualquer coisa me liguem.

— Tudo bem. Boa noite!

Depois deixamos o Roberto e voltamos para casa. Alex bocejava a todo momento, talvez estivesse bem cansado.

— Desculpa te fazer dar essa viajem. Você parece cansado.

— Tudo bem. É que faz anos que eu não sei o que é dormir tarde. Desde os meus quatorze anos eu durmo as dez e acordo às sete. Mas já estamos chegando.

Assenti.

Ao chegar em casa eu me despedi e entrei, meus pais ainda não haviam chegado, então eu jantei em frente a tevê e fui dormir, estava tarde e no outro dia teria aula.

***

Aquele dia fazia uma semana desde o encontro com os jovens. Eu não havia recebido notícia nenhuma sobre o que meu vizinho havia pensado em relação aos meus livros, eu já estava ficando uma pilha de nervos, mas não podia deixar transparecer, ou ele poderia desistir de publicar o livro por ansiedade minha.

Meus pais por essa semana ficaram muito distantes. Pareciam calados e preocupados com alguma coisa que eu não sabia o que era. Eles também não queriam falar, então me fiz de desentendia e fingi não perceber esse clima estranho em nossa família.

Desde que Alex começou a estudar na mesma escola que eu, nós começamos a ir juntos. Nos tornamos grandes amigos, passávamos a maior parte do tempo juntos e sempre saíamos para tomar sorvete ou ir na praça.

Naquela segunda feira, eu estava chegando em casa da escola, abri a porta de casa e chamei por meus pais:

— MANHÊ! — gritei. — PAÊ!

Ouvi passos apressados e tinha certeza que eram da minha mãe, não havia outra pessoa no mundo que corria assim...

A não ser a Juany, uma personagem do meu livro, mas também foi inspirada nela.

— Filha? Que bom que chegou! — Ela me puxou para um abraço sufocante.

— Cadê o papai?

— Está na cozinha, acho bom você ir lá...

Curiosa, fui. Meu pai estava com... não, não podia ser ele.

Haviam dois homens conversando civilizadamente — bem, meu padrasto tentava não pular na garganta do outro homem dos cabelos grisalhos à sua frente. Eu não vi o rosto dele, mas eu ouvi sua voz perfeitamente. E nunca me esqueceria daquela voz. Eu nunca deixaria minha memória descartar a lembrança que mais me fez triste em toda a minha vida.

— O que você faz aqui? — perguntei com raiva.

— Britt... — Quando ele se virou, vi em rosto uma barba mal cuidada e grisalha também. Em seus olhos tinham enormes olheiras. Senti nojo de mim mesma ao vê-lo.

— Pra você é Angel!

— Esse não é seu sobrenome, você sabe disso. — Senti lágrimas pelo meu rosto. Ver tudo aquilo voltando de novo, me trazia dor, remorso, raiva... Tudo estava indo tão bem, por que ele apareceu?

— Você não tem esse direito! Sai da minha casa, agora!

— Brittney, eu sou seu pai! Não vou sair!

Pai deveria ter sido quando eu pedi pra parar aquilo... — Comecei a chorar e me ajoelhei no chão. Alex (que não sei de onde surgiu) me abraçou e chorei ao seu ombro.

Ele não deveria ter voltado! Não agora...

***

Hello! O que acharam? Votem e comentem! Eita que os amigos da Britt já desconfiam de algo haha! Adoooroo kkkk

Beijo,

   Suully!

30/10/2018

A Vizinha Cristã (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora