Acordei com a visão embaçada por causa do sono. Acordei com Reinaldo me cutucando e escutando ele dizer algo.
- Acorda Jú, acorda! - ele pegou em minha mão. - Acorda, nossa aula já vai começar!
- Oi, o que foi? – perguntei não muito consciente.
- Nós estávamos conversando e você apagou. Aí eu deixei você dormir no meu colo. Mas nossa aula começa daqui a dez minutos. Precisamos ir pra sala.
Cocei meus olhos tentando fazer com que minha visão voltasse ao normal. Cocei em vão, continue vendo tudo embaçado por um tempo.
- Ai, cara. Obrigado por ter me deixado dormir no seu colo. - eu não estava totalmente consciente, ainda estava com sono - Desculpa se eu te incomodei. - agora que eu havia percebido que eu havia dormido no colo de Rei.
Devia ter sido uma cena perfeita.
- Não foi nada. Sempre que quiser dormir no colo de alguém, me chame - ele disse rindo.
Você me conquistou, Rei!
Como é que ele pode dizer uma coisa dessas. Ele era um típico galã conquistador. Parece que todo um repertório de cantadas está instalado em sua mente. E não que eu não tenha gostado.
- Agora vamos estudar um pouco. - ele continuou.
Eu ainda estava deitado no colo dele até que percebi e me levantei rapidamente. Eu não podia mostrar que estava apaixonado. Mostrar mais do que eu já mostrei eu não podia. Ele se levantou logo em seguida.
- Vamos! - disse - Não posso me dar ao luxo de matar aula no primeiro dia do ano letivo.
Ele riu.
- Não pode mesmo!
Rei começou a andar e eu o segui. Havia alunos na quadra aberta jogando futsal e na quadra fechada os alunos estavam jogando basquete. Nós andamos em silêncio até nossa sala e quando chegamos havia poucas pessoas. Rei sentou em seu lugar e eu sentei no meu. Ás vezes eu o pegava me olhando, mas isso era porque eu fiquei o observando sempre. Não demos uma palavra e quando o professor entrou eu percebi que ele não me olhava mais. Quando a aula acabou, chegou a hora do almoço. Aline estava entrando na minha sala enquanto eu guardava meu material.
- Vamos almoçar, mano? – ela disse.
- Claro. - levantei e dei um beijo em seu rosto. - Mas vai indo na frente que eu preciso conversar com o Rei rapidinho. - coloquei a mochila em minhas costas.
Aline foi até o meu ouvido e cochichou.
- Seu Rei, né? – ironicamente Aline pergunta.
- Engraçadinha - respondi.
Ele teria um ataque cardíaco daqui a quarenta segundos se eu tivesse um Death Note.
- Sou mesmo. - ela riu - Agora que já espalhei meu veneno vou almoçar. - e saiu da sala gargalhando.
- Reinaldo! - o chamei - Posso falar com você?
- Claro! - ele disse sorridente e veio até mim.
- O que eu tenho pra te falar é meio constrangedor. Mas mesmo assim vou perguntar.
- Desembucha.
- Por que quando estamos na sala você não fala comigo?
- Isso não é verdade. - ele ficou meio chateado.
- É sim. Você não deu uma palavra comigo depois que viemos do seu lugar secreto.
- Júlio. - acho que era a primeira vez que ele me chamava assim. – Eu tenho que te falar uma coisa, mas acho essa conversa bem estranha porque só nos conhecemos a algumas horas. – ele fez uma pausa e respirou fundo - Mas eu gostei de você, não sei explicar, simplesmente gostei e vou partilhar um segredo contigo.
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As Viagens da Minha Vida (Romance Gay)
NouvellesJúlio se muda de Curitiba para São Luís por causa do trabalho de seu pai. Só que "mudar" é a única coisa que Júlio não quer. Acostumado com a sua vida na capital com menos dias de sol no Brasil e com seus dois melhores amigos (que ele conhece há qua...