Capítulo 12

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Acordei pouco depois das dez horas da manhã. Não me espreguicei. Apenas acordei e me levantei. Me sentia leve. Abri a janela do meu quarto, arrumei minha cama e fui ao banheiro escovar meus dentes. Aproveitei que estava no banheiro e fui tomar banho. Enquanto as gotas caíam do chuveiro em meu corpo e aproveitando que o box do banheiro era grande, usei o sabonete como microfone e fiz na minha mente uma turnê mundial. Cantei várias músicas da Lady Gaga e ainda me atrevi a fazer alguns passos. Depois de cantas algumas músicas eu me sequei e fui enrolado na toalha para a cozinha.

- Bom dia, bela adormecida. – disse Aline quando me viu.

- Bom dia, fera. – respondi tentando zombar de minha irmã.

Ela fechou a cara. Aline adora caçoar dos outros, porém não leva as coisas na esportiva quando o alvo é ela. Fui à cozinha e vi que não tinha muita coisa para eu me alimentar. Abri o forno e vi que havia algumas torradas prontas. Peguei as torradas que restavam e abri a geladeira para pegar suco. Minha mãe havia feito suco de caju, e como eu não gostava eu peguei um achocolatado em caixa que havia na geladeira e comi com as torradas.

- Cadê o pai e a mãe? – perguntei pra Aline quando eu terminei de comer.

- Papai foi pra obra e mamãe tá no quarto. – ela respondeu.

Aproveitei que minha mãe estava sozinha e fui conversar com ela. Bati na porta e abri um pouco.

- Posso entrar. – perguntei a ela. Estava nervoso.

- Claro! – ela responde – Estava mesmo querendo falar com você.

Eu entrei no seu quarto e fechei a porta. Sentei na cama e olhei pra ela. Não conseguia olhar nos olhos da minha mãe, porém, tentei ao máximo resistir.

- Júlio, eu conheço você muito bem meu filho! – disse minha mãe olhando para a TV. – Eu sei que você é tímido, e que não gosta de sair muito. Então, você pode me explicar porque você chegou tarde todos esses dias?

- Papai não contou pra senhora? – eu perguntei. Devia estar vermelho com certeza. Estava muito nervoso.

- Não! – ela respondeu – Eu perguntei pra ele, mas ele disse que achava melhor eu conversar com você pessoalmente.

- Pois bem, o que a senhora quer saber? – eu aumentei meu tom de voz e não sei de onde tirei tanta coragem para falar com dona Suzana daquele jeito.

- Com quem você anda saindo? É com uma menina?

- Eu estou saindo com um amigo lá da escola. – disse de cabeça baixa e mexendo as mãos – Bem, ele é meu único amigo e...

- E o quê? – mamãe perguntou.

- Talvez ele seja mais que um amigo, mãe. Se é que a senhora me entende?

- Entendo perfeitamente, meu filho.

Minha mãe começou a chorar e me abraçou forte. Eu não sentia um abraço dela há muito tempo. Era um abraço materno de proteção, parecia que ela estava querendo me proteger de algo que talvez eu não tivesse noção da existência. Ela começou a me contar histórias da minha infância, de como eu sempre fui introvertido e medroso, e de como eu gostava de brincar com os carrinhos que eu tinha. Tenho todos os meus carros até hoje. Começou a me contar de que a cada semana eu dizia que iria ter uma profissão nova. Ela chorava, mas sentia que não eram lágrimas de tristeza. Contou-me de todos os meus sonhos e todos os livros que eu já lera em minha curta vida.

- Filho! – ela diz depois de alguns minutos em silêncio – Eu só quero que você seja feliz. – dona Suzana limpou as lágrimas – Acho que toda mãe sabe as coisas que o filho faz. Não vou mentir pra você, eu queria que você não tivesse essas coisas dentro de você. Porém, - ela olha em meus olhos – Acho que no meu papel de mãe, devo lhe amar incondicionalmente e apoiar suas decisões.

As Viagens da Minha Vida (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora