A Infiltrada

Lembranças

P.o.v Mary

Assim que saiu  da sala de Ariel vou a minha sala e sento na cadeira tirando meus saltos. Apesar de que dizem que mulher tem que usar saltos para ficarem mais bonitas e mais femininas, acho uma grande injustiça porque vamos analisar bem, se você for pensar a mulher pode até ficar linda com um salto 15 nos pés mas depois as dores nas pernas e nos dedos nos fazem se arrepender amargamente de algum dia ter parado em frente a vitrine com ohar de desejo e eufória para o tão amado e destruidor sapato.

Após tira-los me inclino na gaveta e tiro um pacote de bala, como 5 e devolvo o pacote a mesma. Ligo o computador e começo meu trabalho.

Um dos motivos pelos quais eu ter me tornado policial foi por querer ter sempre uma aventura em meu dia a dia, apesar de que no começo era tudo rosas e tiros, cada dia era uma ocorrência diferente homicídio, assalto, sequestro. Claro que apesar de achar emocionante e perigoso, sempre tive em mente que pessoas são machucadas ou até mesmo perdem suas vidas por coisas banais e insignificantes.

Outro motivo para eu me tornar policial foi porque desde pequena eu via meu primo Daniel contando suas histórias e como ficava feliz em saber que ajudava pessoas diferentes a cada dia, assim como eu ele também amava sua profissão. Daniel era o meu primo mais próximo apesar de pequena eu sabia que ele me amava como a irmã que ele nunca teve e eu o amava igualmente. Nos dias que ele estava de folga sempre ia para minha casa com um pacote de balas coloridas e ficava pra me colocar pra dormir e contar mais uma aventura.

Até que um dia ele não veio, lembro de ficar esperando no sofá de casa com um desenho que eu tinha feito de nos na escola, ele ia adorar meu desenho eu tinha certeza. Mas conforme as horas foram passando ele não chegava, então mamãe me mandou ir dormir dizendo que talvez ele tenha ficado muito cansado e não pudesse ter vindo. Mas no fundo eu sabia que tinha alguma coisa errada, mesmo com 8 anos eu sentia que algo tinha acontecido com ele. Quando deitei não consegui dormir, fiquei conversando com Sr marrom, até que ouvi um grito assustador vindo da sala, recordo-me de sair correndo descendo as escadas e encontrar minha mãe ajoelhada no chão chorando sendo amparada por meu pai que também chorava só que silenciosamente. Foi ai que minha mãe disse a pior coisa que eu poderia ter ouvido em toda minha vida...

- O Daniel morreu António, meu sobrinho morreu.

Ao ouvir essas palavras, meu mundo desabo tudo ficou em câmera lenta, eu podia ouvir meu coração se quebrar em milhares de pedacinhos. Passei duas semanas trancada no quarto, comia uma vez por dia com muita dificuldade porque minha mãe implorava, porque nem comida eu queria. Não parece normal para uma criança de 8 anos desejar,e implorar a morte. Mas era isso que eu queria, desejava que a morte me levasse o mais rápido possível para que eu pode-se ficar junto de meu primo.

Com o passar dos anos meus país viram sua tão amorosa filha se tornar uma adolescente rebelde, mau humorada e depressiva com cicatrzes no pulso.

Depois de formada descidi a mudar de vida, fiz faculdade apesar da contrariedade da minha família, me tornei uma detetive igual Daniel, e ainda consegui encontrar e prender o rato que atirou nele. Porque quem assalta e atira pelas costas não pode ser considerado uma pessoa e sim ser igualado a um rato imundo de esgoto.

Mas chega dessas lembranças dolorosas, hoje sou uma mulher feita com amigos e uma profissão que amo mais que tudo.

Saiu dos meus pensamentos quando ouço alguem bater na porta.

- Pode entrar. - digo enxugando as lágrimas que molhavam meu rosto.

Assim que a pessoa entra, me arrependo amargamente de ter mandado entrar.

- Olá, eu queria falar um minuto com você. Posso? Ou você vai me expulsar com sua vassoura. - diz Marcelo entrando e fechando a porta.

- O que você quer Marcelo? Espero que seja algo referido ao trabalho porque não admito que venha a minha sala me insultar. - digo o fuzilando com o olhar.