O beijo acabou tão de repente como começou, nos levantamos e Viktor disse que iria pegar uma toalha e eu fui pegar um pano de chão. Ficou um clima estranho no ar, não era nem ruim e nem bom, diferente.
Cada um foi para seu quarto e na manhã seguinte não foi dita uma palavra sobre o assunto e Viktor agia normalmente e eu acabei fazendo o mesmo. Se a minha cabeça estava confusa e cheia com um milhão de questões, imaginei que Viktor estaria do mesmo jeito e preferi não forçar nenhuma conversa.
Intensificamos nossos treinos matinais e nossa rotina de treinos e jogos ia receber um novo gás. Em casa, Viktor estava cada vez mais apaixonado pela comida de Sônia e num dia nosso de folga ela descobriu diversas coisas que Viktor gostava de comer e quase todos os dias tinha algum mimo dela esperando na geladeira ou sobre a mesa.
Teríamos um jogo fora de casa, no interior de São Paulo, mas a comissão técnica preferiu que fossemos de manhã para a cidade, treinássemos no começo da tarde para fazer um reconhecimento da quadra. O jogo seria as 18:30h e poderíamos voltar para a capital sem a necessidade de dormirmos por lá.
Enquanto estávamos no ônibus, meu celular toca, era Guto avisando que o apartamento de Viktor tinha ficado pronto. Confesso que mal acreditei que já tinham se passado três semanas, com 25 dias o apartamento estava pronto.
Guto iria deixar as chaves e alguns documentos no meu apartamento e quando tive uma oportunidade avisei para Viktor. Em todas as viagens ele sempre ficava com alguém da comissão técnica assistindo partidas dos adversários já que não os conhecia tão bem quanto o resto dos jogadores.
Fizemos o que tínhamos de fazer durante o dia sem nenhuma grande novidade ou surpresa. Já na hora da partida veio uma bomba para o time, ou quase todo ele. Nos aquecimentos o Levantador titular sentiu a coxa e para evitar um estiramento ou algo pior ele ficaria no banco.
A equipe médica o manteria com bolsas de gelo, massagens e caso ele se sentisse bem e fosse liberado poderia entrar no meio da partida.
Eu fiquei meio zonzo ao saber que seria o titular desde o começo, mas eu já tinha treinado tanto, estava mais do que preparado para aquela situação se não fosse pelo bizarro fato de nunca ter treinado um coletivo com Viktor.
Eu sei como ele gosta da bola, sei levantar para ele tanto na saída de rede quanto na entrada, mas era diferente.
Nos reunimos no vestiário antes de irmos para a quadra, ouvimos instruções do treinador, um de seus assistentes teve um papo direto comigo me passando instruções táticas, me falando sobre estatísticas do adversário para que eu tomasse as decisões certas em quadra.
Quando todo mundo começou a se encaminhar para quadra Viktor me segurou pelo braço e quando sobramos apenas nós dois ele começou a falar.
– Vai ser nossa primeira vez em quadra juntos – Ele tinha um sorriso largo.
– Eu to apavorado – Confessei.
– Com o quê? Você é um excelente jogador, treina mais do que qualquer um no time, nós vamos entrar em quadra e brilhar.
– Eu já entrei e fiquei em quadra, mas nunca comecei jogando... – Mas Viktor me interrompeu.
– Eu confio totalmente em você.
A forma como ele me olhava, o tom da sua voz ao dizer aquilo, a alegria que ele emanava me deram um ânimo, uma confiança. Ele segurou minha mão e saiu do vestiário me puxando a passos largos e ao entrarmos no ginásio ele soltou minha mão e levantou suas duas para um "Hi 5".
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Inversão do 5x1 (Romance gay) DEGUSTAÇÃO
Storie d'amoreNando é um jogador profissional de vôlei, sua trajetória no esporte é marcada pela sombra de seu pai, mas o destino põe em seu caminho Viktor, um outro jogador vindo do exterior. Quando seus caminhos se cruzam, a adversidade no esporte e na vida os...