A minha irmã me pediu para levá-la ao supermercado para que, em seguida, a deixasse na casa da Talita. Óbvio que eu aceitei e fomos pra lá. Eu evitava tudo que me fazia lembrar dela, inclusive ia para mercados mais longes para que não lembrasse de nossos momentos. Hoje não daria pra fazer isso, uma vez que era bem próximo a casa da Talita.
O supermercado estava muito cheio e resolvemos nos dispersarmos para que fosse mais rápido. Enquanto a Juliana foi pegar o que precisaria, fui pegar alguns itens que meus pais pediram, parece que amanhã alguém muito importante para eles almoçaria lá em casa e estavam muito ansiosos, não me falaram quem era e eu também não fiz questão nenhuma de saber.
Eu sempre vinha nesse marcado com a Talita, compravamos tudo que precisássemos lá, porque era entre minha casa e a dela. Já brigamos diversas vezes aqui e também vivemos momentos maravilhosos. Sim, tudo num supermercado mesmo. Sinto falta disso, das nossas risadas quando achávamos uma verdura com formato diferente, sinto falta dela me ignorar quando achava que alguma mulher estava me olhando na fila, tinha saudades até dela comprar tanta besteira, mesmo se estivéssemos acabado de sair da academia. Era incrível como tudo que fazíamos juntos era especial. Depois que terminamos descobri que não era a coisa em si, era, na verdade, por estarmos juntos.
Só queria sair logo daquele lugar, hoje, mais que nunca, tudo estava tão mais forte que eu não conseguia entender. Peguei tudo das prateleiras com uma velocidade inimaginável e fui pra fila pegar umas misturas. E eu a vi. Ela estava na fila, na minha frente. Ri ao ver seu carrinho, repleto de besteiras. Ela ainda era ela e eu agradeci por isso. Mas lembrei que ela não era mais minha, não era mais porque eu assim quis. Eu tinha tirado a melhor parte da minha vida por nada.
