Desejos

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Sério que ele ta me oferecendo uma bebida?

- Não obrigada. Já bebi demais por hoje. – Mas uma água eu aceito.

Droga Anna. Que conversinha fiada. Minha mente pede pra sair daqui mas meu corpo deseja ficar um pouco mais. 

Ele questiona:

- Uma moça como você deveria tomar um pouco mais de cuidado, é perigoso andar sozinha essas horas em uma cidade desconhecida. Há pessoas mal intencionadas por aí.

Meu cérebro já indaga sobre quais seriam as intenções dele?

Fagulhas restantes de minha racionalidade respondem:

- Muito gentil da sua parte, porém sei me cuidar. Não estou sozinha. - Falo olhando em seus olhos, devolvendo o olhar debochado que havia me lançado antes. Espere. Como ele sabe que a cidade é desconhecida pra mim? Agora não consigo me concentrar nisso, ele não tira seus olhos de mim e isso me deixa desarmada. Tenho que lembrar meu cérebro que é preciso respirar e a meu corpo que permaneça ereto, pareço mais com uma gelatina.

- Prazer em conhecer. Desculpa por ontem a minha distração, acabei entrando no seu carro por engano. - fico ruborizada novamente, é quase inevitável manter minha cor normal da pele perto dele, tem algo que me deixa em estado de tensão.

Preciso sair de perto dele imediatamente mas estou meio zonza e sem reação, não quero que se torne um problema essa nossa aproximação.

- Bem, preciso ir. Até mais! - termino a frase e me afasto de mansinho. Gostaria de ficar, mas não é certo, seria muito atrevimento de a minha parte cortejar o noivo da minha chefe. Poderia custar meu emprego e até meu sonho.

Sou impedida de sair em retirada. Andrés me segura pelo braço e fala ao meu ouvido:

- Eu levo você para casa. – recebi essa frase como uma marretada no peito. Meu coração palpita e o calor que eu já sentia se eleva em uma escala termométrica absurda. Minhas pernas tremem muito e mãos suam tanto... será que bebi tanto assim ou será essa água?

Em um esforço tremendo saio do transe e consigo dizer:

- Não precisa. Muito obrigada.

Socorro! Alguém me salve dessa perdição em forma de gente.

- Já disse que é perigoso. Eu levo você.

Nossa como é mandão. Mas como gostei disso, o fez ficar ainda mais irresistível. Puxo meu braço. - Sou bem grandinha não acha? Já disse, não estou sozinha e depois, sei o caminho de volta pra casa. – Tentei impor um tom mais agressivo para finalizar a conversa, só assim conseguiria afastá-lo.

- Algum problema por aqui Anna? - escuto a voz de Luccas que se aproxima rapidamente, disposto a me defender contra qualquer intempérie.

- Está tudo bem. - mais uma vez ele se impôs e respondeu prontamente. - Como vai Luccas?

- Senhor Andrés, o senhor por aqui?

Vixi agora azedou de vez, eles se conhecem. Percebo que Andrés muda um pouco sua fisionomia imponente e tenta se controlar, mas não fica muito contente com a chegada triunfal de Luccas.

- Reunião de negócios. Já estava de saída quando avistei Anna e vim cumprimentá-la e oferecer-lhe uma carona, pensei que ela estava sozinha. - Ele olhou para uma mesa onde tinha mais quatro homens engravatados que continuavam a conversar.

- Não sabia que já se conheciam. - Luccas demonstra-se surpreso e desconfiado.

- Bem... nós... - sou interrompida mais uma vez. Nenhum dos dois vai me deixa falar?

Anna - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora