A Missão de Rafaella

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Ao amanhecer senti uma leve dor de cabeça e num estalo veio à lembrança de Andrés me dirigindo sua primeira frase "senhorita Albuquerque". Como ele soubera meu sobrenome? O pior é que ainda poderei ter oportunidade de lhe perguntar sobre isso, deve ter perguntado a Rafaella de modo que não levantassem suspeitas. Melhor desencanar e deixar que as coisas fluírem naturalmente. Deixar que o destino aja da sua maneira.

Quando chegamos para trabalhar, Luccas esperava no hall de entrada.

- Como foi o restante da noite? Tudo bem?

- Foi tudo bem, apenas uma carona, mas você podia ter me poupado.

- Me desculpa Anna. Aquele sujeito se acha o dono do mundo, não se deixe enganar, ele tentou alguma coisa? Se tentou ele vai se ver comigo.

- Relaxa. Não aconteceu nada, podemos esquecer isso? Prefiro que nem comente com ninguém sobre isso.

Não preciso lhe contar nada. Que chato, ultimamente estão todos se achando no direito de me questionar ou mandar em minhas ações. Quem será ser mais verdadeiro? Porque ambos parecem se odiar tanto? Qual seria o motivo que os levaram a se tornarem tão hostis um com o outro?

- Tudo bem. Como quiser. - ele ficou meio sem jeito.

- Preciso trabalhar. – dei um beijo em seu rosto e caminhei para minha mesa. Como diz o ditado: "cabeça vazia, oficina do diabo". Vou trabalhar muito e quando estiver cansada, vou trabalhar mais um pouco, quem sabe assim, consiga afastar tantos pensamentos absurdos que estou tendo ultimamente.

No final do expediente Lorenzo adentra o escritório pra dizer que Rafaella está me aguardando para conversar.

- O que ela quer? - Será que já soube da historia no bar, da carona e quer tirar satisfação comigo? Uma sensação gelada percorreu toda minha espinha.

- Lamento mas não sei dizer, pediu apenas para avisá-la. - Porque a cara de espanto? Rafaella não morde. – sorriu.

Se ele pudesse ler meus pensamentos, diria que Rafaella me aguardava para devorar-me viva.

- Estou? Impressão sua. Vou falar com ela, depois conversamos. Agora não tenho escolha, melhor verificar logo por que ela me chamou. No elevador ensaio um discurso tolo nos pensamentos, vou dizer que não tive culpa e que nada demais aconteceu. A não ser o fato de seu noivo dizer que queria arrancar meu vestido. Como ela tem sido uma ótima pessoa comigo a pouparei dos detalhes sórdidos, no momento o melhor a fazer é tentar salvar minha pele.

Bato na porta. Estou gélida e trêmula.

- Entre Anna.

- Boa tarde. A senhorita queria falar comigo?

- Sim, mas vamos deixar as regras de etiqueta de lado ok? Pode me chamar pelo nome. Quero lhe perguntar uma coisa!

Agora seria um bom momento pra sair voando pela janela do prédio.

- Claro, se puder, responderei com prazer!

- Você está gostando de trabalhar aqui?

Um pergunta amistosa ou uma insinuação que antecede minha demissão?

- Sim. Estou muito contente e espero não tê-la desapontado em algum aspecto! - joguei um verde.

- Não, claro que não. Estou satisfeitíssima com seu desempenho, tanto que tenho uma missão importante para você. Temos um cliente precisando de uma reforma no escritório, é um andar inteiro. Gostaria que você e Andrea ficassem responsáveis pelo projeto de reconstrução. Aceita o desafio?

Anna - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora